Que tipo de manutenção tem uma bicicleta? Sabe de quantos em quantos quilómetros uma corrente precisa ser substituída? Ou quando uma capa é usada? Podem parecer questões pouco relevantes, mas a verdade é que existem várias orientações a nível mecânico que podem fazer a diferença para a segurança do ciclista.
Você esperaria que os travões do carro deixassem de funcionar para verificá-los? É mesmo necessário verificar o nível do óleo do motor? Faz diferença que a motorização de um carro faça ruídos estranhos? Essas questões retóricas que roçam o absurdo, são igualmente relevantes se as aplicarmos a mesma perspetiva aos mecanismos das bicicletas.
Cuidamos bem de nossas bicicletas?
A bicicleta tornou-se um meio de transporte cada vez mais popular. A consciência ecológica a facilidade de uso e a criação de novas vias ajuda. No país vizinho o Barômetro de Bicicletas da Espanha, estima que cerca de 20 milhões de espanhóis a usam com frequência.
Além disso, a crise de saúde com a Covid-19 parece ter acelerado a tendência. Isso foi apontado no ano passado no setor, com um claro aumento da demanda tanto por bicicletas e seus componentes, quanto pelos serviços oferecidos por oficinas especializadas.
A nova febre do ciclismo convida-nos a relembrar alguns critérios essenciais para uma prática com as máximas garantias de segurança. Tal como acontece com outros veículos, as bicicletas não são isentas de manutenção. Embora sejam muito mais simples do que os de um ou de uma mota, não devem ser negligenciados, por mais descomplicadas que pareçam.
Cuidar da sua bicicleta é cuidar da sua saúde. Para medir a importância desta mensagem, deve-se considerar que muitos de seus elementos em uma bicicleta envolvem, em maior ou menor grau, sistemas de segurança ativa e passiva; ao mesmo tempo, os ciclistas são um dos grupos mais expostos à física do trânsito.
Em qual desses elementos devemos prestar a atenção merecida? Que tipo de manutenção eles exigem? Vamos tentar resumir alguns pontos básicos com precisão.
Manutenção básica da bicicleta
Como todos os mecanismos, a manutenção garante um estender da vida útil e manter as garantias de segurança. No caso das bicicletas, existe a vantagem de grande parte da manutenção preventiva estar nas mãos do ciclista. (caso este opte por fazê-lo pessoalmente)
Limpeza e lubrificação da bicicleta
Não existe um intervalo de tempo universal para saber quando limpar a bicicleta. Depende do tipo de ciclismo (BTT, urbano, etc.) ou das condições meteorológicas e da estrada. O que pode ser evitado é a deterioração de seus componentes, levando-se em consideração dois de seus principais inimigos reconhecidos: a sujidade e a humidade.
Portanto, é aconselhável manter todas as juntas e peças mecânicas que compõem uma bicicleta secas e limpas: a transmissão como um todo, suspensão, direção, travões, cubos das rodas ou a inserção do espigão.
Para a limpeza, não se preocupe muito ao deitar a água. Dito isto, é necessário evitar que esta penetre no interior das engrenagens, pelo que nunca é necessário “submergir” a bicicleta ou borrifar uma grande quantidade de água a alta pressão sobre esta.
Uma menção especial deve ser feita à manutenção da transmissão, talvez seja o elemento mais sensível e complexo duma bicicleta. É aconselhável limpar as engrenagens, corrente, coroas e rodas dentadas com frequência. Para isso, existe uma série de produtos específicos e de fácil acesso. Depois de limpo, é conveniente untá-lo, para o qual também existe uma vasta gama de produtos específicos.
Corrente, coroas e rodas dentadas
Falando em limpar esses componentes, recorde-se que esses itens têm prazo de validade e que varia de acordo com o uso dado. Assim, uma mudança oportuna da corrente ajuda a manter a saúde dos dentes das rodas dentadas da bicicleta e evita a substituição prematura destas.
Quando mudar a corrente? Depende do seu alongamento. É aconselhável não ultrapassar 1.500 quilómetros com a mesma corrente. Claro, como dizemos, esta é em função do uso. Este tipo de manutenção pode ser feito numa oficina ou, com um pouco mais de conhecimento e tempo, por nós próprios. A mudança da corrente no tempo evita o desgaste do resto da transmissão.
O que isso tem a ver com segurança? Bem, embora possa não parecer, muito. Uma transmissão desgastada pode causar o salto da corrente, o que pode comprometer a estabilidade do condutor. Considere, por exemplo, um salto de corrente ao mesmo tempo que pedalamos em pé nos pedais.
O “desespero” das folgas
As folgas proporcionam uma das sensações mais odiadas por qualquer ciclista comum. O movimento central, os cubos das rodas, a suspensão ou a direção podem, mais cedo ou mais tarde, ser atacados por este fenómeno.
Não é conveniente deixar passar, pois se persistir uma folga, ela aumentará e poderá acabar danificando a peça em questão. Portanto, é obrigatório que a bicicleta visite a oficina regularmente. Lá podem nos aconselhar se podemos reajustar a peça por nós mesmos (esta manobra pode ser mais ou menos delicada se, por exemplo, houver materiais de carbono no meio). O que podemos fazer é rever periodicamente os parafusos e fixadores, para detetar se eles não estão soltos.
A saúde dos travões da bicicleta
Uma das manutenções preventivas mais aconselháveis é a dos travões. Não é aconselhável esperar que os calços estejam 100% desgastados para trocá-los. Algo semelhante acontece com a tensão dos cabos que os regulam ou, se for o caso, com a saúde do sistema hidráulico.
Os cabos com suas respetivas bainhas são silenciosamente responsáveis por muitas dores de cabeça. E é que, em muitas ocasiões, ao detetar falhas na transmissão ou nos travões, tentamos reajustar a troca ou o ponto do travão, quando o problema pode ser o próprio cabo. Estes devem, portanto, ser substituídos após algum tempo de uso e, principalmente, se observar algum desgaste visível.
E falando da sujidade e da humidade como inimigas da mecânica, em especial no ciclismo, no caso dos travões, lubrificantes e massas consistentes também devem ser tidos em conta. Portanto, ao lubrificar a transmissão, devemos evitar que essas substâncias entrem em contato com os outros componentes, em especial os elementos de atrito dos travões (discos e pastilhas).
Pneus: colados à superfície da estrada
É mais do que essencial prestarmos atenção à pressão e ao estado dos pneus. Para saber a medida da inflação, verifique a lateral do mesmo, lá deverá estar impressa ou desenhada a amplitude aceitável de pressão para os mesmos.
A manutenção da sua saúde coincide em muitos aspetos com a do veículo com que circula, em especial em termos de aderência e desgaste. Verifique se o desenho do pneu foi apagado, mostra rachaduras ou os pinos estão corroídos.
A mudança do pneu é uma operação simples que podemos “enfrentar” nós próprios, se quisermos fazê-lo sem ir à oficina. Da mesma forma, a segurança e o desgaste serão influenciados pela escolha correta do pneu dependendo do tipo de bicicleta e do uso que lhe dermos.
Antes de deixar as rodas, vale a pena verificar a integridade dos cubos e se estão descentrados. São fatores fáceis de confirmar numa oficina.
O capacete também exige cuidados
Para começar, os capacetes têm uma vida útil limitada a vários anos (dependendo do modelo). Isso porque os materiais com os quais são fabricados acabam se degenerando e perdendo suas propriedades. Portanto, é aconselhável mantê-lo afastado de fontes de calor (como deixá-lo ao sol) ou do frio intenso, e ainda de golpes desnecessários. São fatores que a longo prazo podem acelerar o desgaste do material.
Da mesma forma, é vital não usar um capacete que tenha marcas de pancadas, com rachas ou fraturas visíveis. Armazene-o em local seco, longe de temperaturas extremas e ao cuidar da sua limpeza ajudará a manter o nível de proteção e não ter que comprar um substituto antes do tempo.
A segurança sempre em primeiro lugar
Todas estas manutenções são mínimas se fizermos uso frequente da bicicleta. Dependendo do tipo de bicicleta, haverá cuidados adicionais que desejamos aplicar (como no caso da suspensão em modelo de BTT). O lado positivo da bicicleta, ao contrário de outros veículos, é que geralmente é fácil localizar visivelmente (ou sentir ao pedalar) onde está o problema.
Em qualquer caso, é saudável ir à oficina periodicamente para uma verificação de rotina, mesmo que não detetemos nada de anormal na operação. E, como vimos, as bicicletas também têm manutenção preventiva.
Original | Jaime Ramos
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