A importância dos sistemas de segurança nas motos

Ines Carmo

3 de Maio de 2018

Ao longo dos anos, as tecnologias de segurança dos veículos têm vindo a ser desenvolvidas com o objetivo de proteger o condutor ao máximo face a uma taxa significativa de sinistralidade. Os elementos de segurança ativa como o airbag ou o cinto de segurança foram progressivamente aplicados na indústria automóvel, mas o mundo das motos tem ficado um pouco mais de parte. Falamos sobre isso neste artigo.

Desde há duas décadas que as motos têm ido incorporando componentes de melhoria da travagem, desenvolvimentos na iluminação, progressos na estabilização e amortecimento, estudos sobre pneumáticos, que juntamente com testes sobre os novos sistemas tecnológicos de comunicação entre veículos são um acontecimento importante no que toca à segurança em motos. Saiba quais são.

Salva-vidas da sua moto

Inúmeros sistemas de segurança foram sendo aplicados do carro para as motos progressivamente e outros surgiram de forma exclusiva para estes veículos. A maioria centra-se na estabilidade em duas rodas, pois é um dos maiores riscos que existem ao circular de moto, o risco de cair:

Controlo de estabilidade (ESP)

Sem dúvida, supõe uma melhoria significativa na segurança sobre a moto, se tivermos em conta que um em cada dois acidentes de moto acontecem em curva. Este dispositivo  desenvolvido pela Bosch facilita a estabilidade em função do ângulo de inclinação de qualquer tipo de moto, graças a um sensor adicional que mede este mesmo ângulo, adaptando-se a cada situação e assegurando o melhor apoio possível. Além disso, o sistema ajusta eletronicamente a quantidade de travagem e aceleração de acordo com o ângulo de inclinação da moto em curva.

Sistema de Travagem Antibloqueio (ABS)

Tal como acontece nos carros, evitar o bloqueio das rodas numa moto é igualmente importante, pois pode provocar uma impossibilidade de controlo uma vez que se mantém a trajetória reta. O ABS consiste num sensor de velocidade situado em cada roda, junto com um anel perfurado que mede a velocidade de rotação, para que, em caso de detetar certo risco de bloqueio, a pressão de travagem aumente e o sistema repita o processo de controlo. Com este elemento poderia reduzir-se até 40% a mortalidade devido a acidentes de motos.

moto

Sistema combinado de travagem (CBS)

Com o objetivo de evitar o bloqueio das rodas durante uma travagem, o sistema combinado ou de travagem integral permite que, ainda que usemos apenas um dos punhos, o sistema transfira determinada potência de travagem a ambos os travões (traseiro e dianteiro), para travar de forma efetiva e simples. O sistema, graças a uma ligação que conecta os dois travões, fá-los funcionar simultaneamente e atuar um sobre o outro (o último em menor medida) para repartir a travagem e evitar o excesso de peso sobre a roda da frente.

Controlo Dinâmico de Tração

Este sistema permite à moto atuar de forma correta em diferentes condições de condução, como superfícies com pouca aderência ou em casos de aumento de fricção. Por um lado, regula a tração, comparando a velocidade de rotação das duas rodas, para permitir uma maior estabilização quando haja um deslizamento das rodas (gelo) ou, ao contrário, se for necessário que a roda deslize para uma condução mais desportiva ou em terra solta (lama ou neve).

Controlo de pressão de pneus

Desde 2014 que os carros novos são obrigados a incorporá-lo e nas motos começa a aparecer. Consiste num mecanismo que avisa o condutor caso uma ou várias das rodas do veículo não tenham a pressão correta, com dados atualizados da pressão individual de cada roda, graças a sensores nelas instalados. Também faz avisos de emergência em tempo real, se houver perda de ar durante a marcha.

Sistemas de iluminação

Estão a ser desenvolvidos em continuidade e hoje  em dia é mais fácil ver faróis LED e espelhos retrovisores e faróis de xenon, que têm quatro vezes mais potência. Também se começam a ver faróis de inclinação variável, que facilitam a iluminação em função da direção da moto. Por outro lado, com o objetivo de ver e ser visto, surgem as luzes de dia, que fazem com que a moto fique mais visível para os restantes utilizadores da estrada.

Airbag incorporado

airbag

O capacete, obviamente, é o elemento segurança passiva essencial tendo em conta que em 50% dos acidentes a cabeça sofre traumatismos. Um capacete adequado pode reduzir todo o tipo de lesões em quase 70% e a mortalidade em metade. Dentro dos vários tipos existentes, os capacetes integrais são os que garantem maior proteção, com uma carcaça externa resistente e feitos de uma só peça, uma grande capacidade de absorção e aderência na cabeça.

Também é verdade que o equipamento e a roupa se foi aperfeiçoando em termos de segurança, com formatos mais cómodos, leves e resistentes a uma queda ou golpe.

o airbag foi exclusivo dos automóveis até que, em 2006, a Honda apresentou a primeira moto de grande cilindrada com airbag frontal. Seguro na parte anterior do pescoço e em redor do tórax do condutor, este airbag ativa-se ao soltar-se a ligação entre o colete e o chassis, insuflando como qualquer outro modelo. Pode ajudar a diminuir  em 80% a carga do golpe sobre a coluna e em 25% a deformação torácica. No capacete também se desenvolveu a possibilidade de incorporar um airbag localizado na parte traseira, que se ativa na sequência de uma travagem violenta.

Motos que falam com outras motos sobre segurança

comunicação

Também se fala já na incorporação de elementos de comunicação que favoreçam a conexão entre veículos e, com ela a transmissão de informação sobre trânsito e segurança. Desta forma, a nossa moto poderá advertir-nos sobre riscos relacionados com o clima como seja a chuva, neve, gelo ou neblina, para que atuemos em conformidade, alertar-nos sobre a presença de veículos policiais ou de emergência e a sua distância em relação à nossa posição, obstáculos que possamos encontrar na estrada (óleo, gravilha, lençóis de água) e também avisos de colisão que possa evitar sinistros em cadeia, bem como a chamada de emergência que comunica automaticamente um acidente, para que a vítima seja imediatamente socorrida.

 

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