Agora que estão cumpridos os primeiros seis meses do ano de 2015 e num período em que se entra na fase mais critica para a contagem da sinistralidade rodoviária, exige-se a apresentação de valores sobre o que se passa nas estradas portuguesas.
Como habitualmente faço, trago até aos leitores os números da sinistralidade rodoviária registada ao longo de um período do ano, comparativamente com o mesmo período do ano transacto, pois só dessa forma poderemos analisar que têm ou não havido melhoras nesta matéria.
A culpa da sinistralidade não é de uma única pessoa ou entidade
Quando se aborda o tema sinistralidade rodoviária, o pensamento direcciona-se, em regra, para dois pontos; os infractores que conduzem de modo tresloucado e as entidades responsáveis que não procedem à reparação ou manutenção adequada da via. Depois, vem o dedo apontado às autoridades, com a velha desculpa da caça à multa.
Não é de todo mentira que, os infractores que conduzem tresloucadamente são, muitas vezes, responsáveis pela sinistralidade rodoviária que se vai registando. Afinal são os seus comportamentos de risco que levam a que muitas vezes, outros, tenham de proceder também erradamente, na tentativa de evitarem o embate. Em muitas situações este segundo erro termina em sinistro, sem que o causador do primeiro erro fique envolvido.
Se olharmos para quem deve preocupar-se em manter a via em boas condições de circulação, reparando-a ou efectuando-lhe uma adequada manutenção, poderemos num ou outro caso apontar o dedo, uma vez que tantos são os quilómetros a necessitarem de reparação ou simples manutenção.
Não será menos verdade, até porque já o tenho abordado aqui, que é reprovável que os agentes fiscalizadores de trânsito se mantenham camuflados, numa verdadeira caça à multa, principalmente por excesso de velocidade, pois se daí resultar um sinistro com mortos ou feridos graves, de nada valeu o seu trabalho de “caçadores”. Há que melhorar esse planeamento.
Os valores da sinistralidade
Quando olhamos para os valores da sinistralidade rodoviária já apurados este ano de 2015, ficamos com a sensação que muito mais deve ser feito, para além do que já foi feito. Aliás, ficamos com a sensação que o que foi feito, seja lá o que for, foi mal feito. E foi mal feito, não apenas porque não melhorou, como até piorou o resultado final. A ver:
Entre o dia 1 de Janeiro de 2013 e o dia 7 de Julho de 2013, foram registados, pelas entidades da PSP e da GNR 57.667 acidentes de trânsito. No mesmo período, mas no ano de 2014, foram registados 57.759 e em 2015, entre as mesmas datas do ano 60.467 ocorrências. Ou seja, sempre a subir. Mais acidentes, ano após ano.
Se analisarmos o número de vitimas mortais, verificamos que em 2013, no período focado no ponto anterior, registaram-se 247, em 2014 deram-se 213 e este ano de 2015, registaram-se 242. Se no passado ano de 2014 houve uma baixa significativa, este ano de 2015 volta a derrapar e aumenta para valores muito próximos de 2013 que, eventualmente os podem alcançar ou mesmo ultrapassar, uma vez que a contagem deverá ser novamente efectuada, 30 dias após o dia 7 de Julho.
Quando analisamos a tabela representativa dos feridos graves, verificamos que também aqui a coisa descambou. 2013 registou um total de 891 feridos graves, 2014 marcou uma subida de 95 unidades, sendo registados 986 vitimas e este ano de 2015, a derrapagem foi brutal; 1.074 são os feridos graves registados ao longo do ano, até dia 7 de Julho.
Feridos leves é um campo que, normalmente, tem o maior número de registos, uma vez que é nesse campo que se registam as pequenas escoriações ou vitimas que têm alta hospitalar antes de 24 horas de registo hospitalar. 2013 registou 17.560 vitimas, 2014 teve um apontamento de 17.482, enquanto que este ano de 2015 já registou 17.680 vitimas leves.
Se, por fim, fizermos uma leitura de um ano útil, verificamos que, também aí, as coisas não melhoraram. Entre os dias 8 de Julho de 2013 e o dia 7 de Julho de 2014, registaram-se 488 mortos e 2.149 feridos graves. Já entre o dia 8 de Julho de 2014 e o dia 7 de julho de 2015, foram registados 507 mortos e 2.240 feridos graves.
.Conclui-se então que muito há a fazer, em todos os campos. Não basta criar uma carta por pontos, esconder agentes da autoridade em busca do infractor da velocidade, etc… Tem de se actuar na formação de novos condutores, adequadamente e na formação contínua dos condutores já encartados. Mas parece
que, até nestes dois pontos, as coisas não estão a seguir
os melhores caminhos
Foto¦ UL e Lusomotores