Airbag em segunda-mão: um problema crescente

António Ferreira

30 de Maio de 2013

Por alturas de Outubro de 2010, já confrontados com a reinante falta de liquidez dos privados (para dizê-lo de outra forma), nosso companheiro na Espanha Javier Costas avisava-nos do aumento do número de condutores que diante de um problema com o seu airbag, decidiam prescindir da sua reparação e circular com o airbag desligado. Era de deitar as mãos à cabeça e não era para menos.

Passaram mais de dois anos e a situação segue mais ou menos o mesmo descaminho. Não propriamente, quem não podia substituir o seu airbag, deparou-se com a situação de ter que passar na Inspecção Periódica Obrigatória a veículos e como com o indicador do airbag aceso não passas a IPO, tinha que se arranjar uma saída.

E foram procuradas saídas. Do mesmo modo que hoje floresce o uso de marcas já não brancas mas transparentes de pneumáticos, ou florescem as oficinas que montam rodas em segunda mão, também surgiram aquelas oficinas que se encarregam de vender airbags em segunda mão.

Quanto nos pode custar instalar um airbag novo? O preço do material e da mão-de-obra pode ascender facilmente aos 1.000 euros. Apesar disso, um em segunda mão pode sair-nos a 180€ mais outros 100€ se há que mudar a centralina, mão-de-obra à parte. A mão-de-obra é muito menor porque só se substituem as partes necessárias.

Se instalamos um airbag novo, tudo, absolutamente tudo se muda: airbag, sensores, disparadores pirotécnicos, centralina, cablagem… E por isso a fatura sai elevada.

Airbags

Uso de um airbag em segunda mão: o barato sai caro

Quais são os problemas derivados do uso de um airbag em segunda mão? Pois o mais importante é um único problema: que não funcione. E há muitas probabilidades de que não opere correctamente já que mesmo que se substitua por um que possa parecer idêntico, deverá sê-lo até ao mais mínimo detalhe.

E os fabricantes, nos mesmos modelos fabricados em diferentes etapas, podem incluir pequenas modificações que não garantem que sejam peças compatíveis a cem por cento.

Isto sem referir se no local onde o adquiras te possam garantir que o airbag é de um carro que não sofreu nenhuma batida. Porque pode ser que te vendam um de um veiculo que tenha sofrido um embate traseiro e que os airbags não tenham disparado, porém não há garantias de que os airbags se encontrem em bom estado.

O caso mais rocambolesco de todos ocorreu nos Estados Unidos. Estavam à venda airbags aparentemente legais mas a um preço irrisório. Eram completamente falsos e, ou bem que não funcionavam, ou bem que expeliam partes metálicas e de plástico durante a sua ativação agravando as lesões das pessoas (a velocidade de disparo do airbag é de aproximadamente 300 Km/h).

Por isso, dou o mesmo conselho que Javier Costas deu por aqueles dias: se tens de substituir o airbag e lamentavelmente não podes fazer face aos custos, deixa-o estacionado e usa o transporte público, se não houver outra razão que seja pela tua própria segurança.

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