Jorge Ortolá

5 de Julho de 2013

A segurança rodoviária está e tem inicio na atitude e comportamentos rodoviários de cada condutor.

Um condutor, seja ele qual for, tem uma evolução na sua prestação, que percorre três estados; Principiante, Confiante e Alarmante. Este três “estados” não têm fronteiras ou demarcações, não sendo portanto possível determinar ou avaliar o seu momento exato de transição ou se este já aconteceu. Existem casos em que nunca se chega a sair do primeiro “estado”, com abordagens ao terceiro “estado”, e outros em que nunca chegam a conhecer o segundo “estado”, passando de imediato para o terceiro.

Em todos estes “estados” a prestação rodoviária pode ser discreta, não condicionando o trânsito e a sua segurança, no entanto muitas são as vezes em que essa mesma prestação é provocadora de conflitos vários, levando ao sinistro. Para melhor percebermos do que se está a debater, e o seu alcance na segurança rodoviária, vamos identificar os três “estados” como:

Principiante

Todo o condutor que se encontra numa fase de aprendizagem no manejo de uma viatura.

Confiante

Todo o condutor que está convencido ter o controlo total da atuação da sua viatura.

Alarmante

Todo o condutor que se apresente na via publica, demonstrando julgar ser o único a transitar nessa mesma via.

Este é o momento em que cada um de nós se encontra a pensar e a autodefinir em que “estado” nos encontramos. Este é o momento em que grande parte dos leitores se incluí no segundo “estado”, o do confiante, aquele que está certo do seu total domínio do veículo.

Na verdade e como foi referido anteriormente, não é possível determinar, em concreto,  em que “estado” estamos a determinado tempo. A verdade é que estamos envolvidos neles todos a determinado momento. A saber:

Principiante

Associamos esta fase da nossa vida de condutor ao facto de sermos encartados à pouco tempo. Este tempo é definido como os três primeiros anos de carta, uma vez que é neste período temporal que o condutor está integrado no “carater provisório” previsto por legislação em vigor. Acontece que muitos são os condutores que não efetuam prática de condução continuada, levando mais tempo a sair desta primeira fase pela razão dos recém encartados.

Mas, e os condutores cuja data de aquisição de carta de condução já excedeu esses primeiros três anos provisórios, também podem ser integrados no “estado” principiantes? A resposta é sim.  Ou seja, sempre que um condutor, por mais experiencia que tenha, se coloque  aos comandos de uma viatura diferente daquela a que está habituado ou para a qual está “formatado”, não deixa de ser um principiante.

E não o deixa de ser, pois também ele vai ter um período de adaptação à nova viatura, nomeadamente à sua sensibilidade e comportamentos. Afinal existem diferenças de comportamentos de veículos. Basta para tal observarmos fatores como; suspensão, travões, ponto de embraiagem, distância entre eixos, centro de gravidade, visibilidade de dentro para o exterior do veículo, dimensão do veículo, dimensões dos pneumáticos, tipo de veículo, etc…

Afinal não podemos ignorar o facto de muitos acidentes ocorrem pela razão de muitos condutores aplicarem o mesmo tipo de condução nas mesmas circunstancias a veículos tecnicamente diferentes e com reações muito distintas.

Confiante

Este é o “estado” em que grande parte dos condutores se julgam situar. Ou porque já têm carta de condução à muitos anos, ou porque conduzem regularmente ou porque a necessidade de afirmação social assim o exige. Na verdade tal confiança deve existir porque é necessária. No entanto deve ser moderada e quantitativamente controlada, não atingindo o excesso.

Tal não acontecendo, como muitas vezes se verifica, pode dar origem á realização de manobras mal calculadas ou deficientemente realizadas, em muitos casos com resultados catastróficos. Este “estado” requer e exige dos condutores um saber-estar e saber-fazer de elevada qualidade, afim de diminuir a possibilidade de erro.

Alarmante

Este é um “estado” quase extremo e que facilmente é atingível pelo condutor principiante, pelo confiante e por um condutor mais veterano, aquele cuja idade já lhe condiciona os canais de recolha de informação (visão, audição, etc…), assim como a noção de posição na via.

O “estado” alarmante é facilmente alcançado pelo condutor principiante que não consegue abstrair-se da ansiedade que o acompanha inicialmente, levando-o a cometer erros que podem fazer a diferença entre dar-se ou não o acidente. esta situação acontece, essencialmente, na fase do “desmame” do novo condutor. aquele período em que deixa de andar acompanhado pelo formador e passa  a estar sozinho.

Uma vez conquistada a confiança, muitos são os condutores que se acham “os melhores condutores do mundo” e, abandonando os bons comportamentos rodoviários, projetam-se para um estilo de condução agressivo, que coloca em perigo eminente os utilizadores da via publica. Já alguns condutores de idosa idade, não fazendo regra, abraçam o “estado” alarmante, uma vez  que as suas condições psicofísicas se encontram, de certo modo, debilitadas.

Tal exige dos outros condutores um alerta redobrado e uma conduta mais altruísta e da classe médica uma atenção mais profunda na avaliação das condições físicas e psicológicas dos candidatos à renovação da sua carta de condução.

A segurança rodoviária é uma atitude do condutor que requer comportamentos cívicos e tolerantes.

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