Já estamos imersos em plenos num verão nada habitual em relação ao que estamos acostumados. Conduzir nesta época do ano pressupõe sempre falar de ar condicionado, mas atualmente surgem certas dúvidas. É seguro usar o ar condicionado do carro durante a pandemia?
Sabemos que o coronavírus se transmite através das gotículas que expiramos pelo ar, portanto devemos cuidar do espaço em que respiramos.
Continuar a manter medidas de prevenção e higiene é essencial enquanto o vírus não desaparecer por completo. No carro, além disso, passamos muitas horas pelo que é importante que evitemos a entrada do mesmo, com uma boa desinfeção, climatização e ventilação.
Como funciona o ar condicionado de um carro
O sistema de climatização dos nossos veículos funciona de forma igual à de um refrigerador: um gás comprimido por um compressor, que descomprime de uma vez. Nesta descompressão absorve-se temperatura alcançando-se a valores menores que zero graus, que chegam ao interior do carro através de um ventilador. Por isso, as avarias mais frequentes estão relacionadas com as fugas deste gás no circuito. E isso, no verão, paga-se muito caro.
Por outro lado, temos outro componente que influencia a qualidade do ar que entra no habitáculo: o filtro de ar. Este elemento encarrega-se de reter todas as impurezas que tentem aceder através do ar vindo do exterior. E geral, há dois tipos de filtros de ar utilizados nos carros: o filtro do motor e o filtro do habitáculo. Neste post interessa-nos mais falar do segundo, mas vale a pena mencionar que o filtro de ar do motor mantém limpo o circuito de admissão do motor. Este evita, portanto, a contaminação da câmara de combustão e a degradação dos cilindros. Mas, sem dúvida, também influencia, posteriormente, o ar que respiramos.
A entrada de ar dos carros está na parte frontal. Portanto, toda a porcaria que temos à frente está propensa a entrar no habitáculo: fuligem, partículas sólidas, pólen, bactérias, óxidos de azoto, etc. Como norma geral, o filtro de ar troca-se a cada 15 mil quilómetros ou a cada ano.
Pode o carro ser um meio transmissor do vírus?
Como já mencionamos anteriormente, os sistemas de climatização dos carros são um foco importante de bactérias e fungos. Ao estar em contacto com o ar que entra do exterior, podem produzir-se odores e ambiente desagradáveis. Nas circunstâncias atuais, o movimento do ar provocado pelo ar condicionado pode favorecer a transmissão do vírus. Isto é o que se extrai do estudo “Emerging Infectious Diseases”, publicado pela revista dos centros para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da UE.
Em qualquer caso, este estudo analisou um surto de coronavírus que afetou três grupos de famílias na China, que comera em mesas contíguas no mesmo restaurante de Guangzhou. Por isso, pode não ser representativo no caso de um carro particular.
Em Espanha, os governos regionais estão a fazer análises para esclarecer de que maneira o ar condicionado pode ou não transformar-se num veículo de transmissão do novo coronavírus. Sobretudo, de forma a estabelecer medidas nos transportes públicos ou em recintos fechados.
O filtro de ar para evitar o contágio de Covid-19
Os componentes do filtro de ar dos carros têm uma eficiência de 99% face às partículas. Os fabricantes espanhóis juntaram-se para encontrar meios filtrantes ainda mais eficazes. Já se vinham a desenvolver filtros para reter gases ácidos como o NO2 ou o H2S, que geram problemas pulmonares e cardiovasculares, mas agora fazem-nos com o objetivo de evitar que o vírus se propague.
A realidade é que já existem filtros de alta eficácia como os HEPA (High Efficiency Particulate Air) que, sem dúvida, são os mais efetivos para o habitáculo. Estes modelos são os que são usados pelos médicos nas salas de cirurgia e agora podem ser incorporados nos nossos carros.
Conselhos para a desinfeção do ar condicionado
A melhor recomendação para ativar o ar sem correr riscos é desinfetar o sistema de climatização do seu carro. Algumas oficinas ou concessionários estão a oferecer a possibilidade de realizar uma limpeza integral dos circuitos, pelo que não é má ideia informar-se num que seja d sua confiança. Um dos serviços mais eficazes é o que combina uma desinfeção por ozono e elementos detergentes, injetando estes reagentes no circuito.
Na sua garagem pode realizar a sua própria desinfeção, usando água e sabão para os plásticos e superfícies, ainda que existam mais métodos para aceder aos cantos que deem mais problemas. Por exemplo, aplicando um spray de desinfeção específico. Tem pontas em forma de tubo que permitem aplica-lo no interior das condutas:
- Desmonte o filtro de ar do habitáculo e deite-o fora.
- Volte a colocar as tampas, mas sem introduzir ainda o filtro novo.
- Abra as grades centrais do tabliê e aplique o produto desinfetante em todas as saídas de ar tentando chegar o mais fundo possível.
- Espere entre 10 minutos e meia hora. Depois, ligue o carro e ative o ar na máxima potência e com a temperatura mais elevada. Saia do carro e mantenha as portas fechadas até que o spray se evapore.
- Ventile o veículo com as portas abertas.
Nestas circunstâncias, é fundamental que circulemos usando máscara, mais ainda se os nossos companheiros de viagem não viverem connosco. Procure ventilar o veículo para que o fluxo de ar não passe para a máscara e lave bem as mãos com álcool gel antes de entrar no carro.
Fonte: CirculaSeguro.com
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