Atenção ao faça você mesmo!

Alberto Valera

13 de Abril de 2018

No Circula Seguro temos por hábito transmitir ao leitor bons conselhos relacionados com o automóvel. Já o ensinámos a fazer uma reparação básica. Mas será que tem mesmo capacidade para a fazer? Fique a saber que às vezes o remédio pode ser pior que a doença. Saiba quando deve ou não avançar para a realização de determinada tarefa no seu carro.


Dia após dia, mês após mês, o site líder em informação sobre segurança rodoviária dá-lhe dicas de como realizar determinada tarefa no seu carro. Normalmente são de execução simples e basta que tenha algumas noções sobre o tema para as conseguir superar. A lista de tarefas é grande e vai desde a troca de lâmpadas à substituição do óleo do motor e travões, passando pelos filtros ou pela bateria.

Os carros modernos são cada vez mais complexos a nível eletrónico, também por isso, este tipo de operações acaba por se tornar mais complicada e, em muitos casos, com resultados desastrosos. Ou seja, para poupar alguns euros, acabamos por ter de gastar muitos mais, por culpa de avarias que criámos sem necessidade. Elaborámos uma lista de tarefas de manutenção aparentemente básicas e que se podem transformar em sérias dores de cabeça se não forem realizadas com sapiência, conhecimento de causa e atenção.

Em alguma ocasiões é preciso ter em conta que certas reparações devem ser feitas por quem sabe… até pode nem ser um profissional, mas convém que a pessoa saiba o que está a fazer. Desta forma evitam-se imprevistos desagradáveis e problemas graves de segurança. Porque o melhor mesmo é saber onde nos vamos meter…

1 – Trocar um lâmpada do farol
Substituir a lâmpada fundida de um farol parece ser, à partida, uma intervenção simples. Todavia, pode complicar-se. Em alguns casos, substituir uma lâmpada pode obrigar a retirar a bateria do veículo por causa do acesso ao interior do farol, e com essa ação, a conseguinte perda de memória de diferentes elementos eletrónicos, assim como a imediata iluminação de algum testemunho no painel de instrumentos, o que depois obriga a levar o carro a uma oficina para que esta o ligue à máquina de diagnóstico. O mau acesso ao interior do farol pode também fazer com que ao extrair a lâmpada se quebre o suporte do casquilho. Pode acontecer também que a lâmpada fique mal colocada e, nesse caso, a iluminação torna-se defeituosa e desequilibrada. Em determinados modelos, a substituição de uma lâmpada é complicada até mesmo para um mecânico, mais acostumado a lidar com estas situações.

2 – A bateria pode apagar a “memória” do carro
Já falámos anteriormente na desmontagem e substituição da bateria. Convém não esquecer que, no caso de ser uma operação sem grande história, ou seja, retirar a antiga e colocar a nova, a montagem de uma bateria inadequada pode precipitar a vida da mesma, já que o veículo precisa de uma determinada voltagem e amperagem, assim como uma carga específica de amperes/hora.
Na montagem de uma bateria nova é preciso ter cuidado para não trocar a posição dos cabos + e – nos bornes. No caso de se confundir corre o sério risco de queimar toda a instalação elétrica do veículo, assim como dos elementos elétricos ligados a ela.
Atualmente, a maioria dos veículos precisa de ligar através da tomada de diagnóstico ou OBD um aparelho que permite não deixar sem corrente o seu sistema eletrónico. É uma espécie de “salva memórias”, com o qual se evita a perda de algumas “gravações” que estavam armazenadas nos ecrãs de informação do veículo.

Bateria do automóvel

3 – Óleo e filtros… pode acabar no reboque
Eis outra intervenção que pode originar problemas e consequências gravosas: a troca do óleo e de alguns filtros.
Ao mudar o óleo do motor, pode não conseguir retirar o bujão do cárter por este estar perro e demasiado preso. Ou então, ao colocá-lo pode enroscá-lo de forma errada e estragar a rosca do cárter, obrigando a reparar este componente… Resultado, sem bujão não pode colocar óleo novo no motor e… terá de chamar o reboque.
No caso de tentar a troca do filtro de óleo, este pode não estar acessível ou até que estar tão apertado, que precisa de uma chave específica para a sua extração. Se o conseguir tirar, convém ter muita atenção ao colocar o novo: em algumas ocasiões, a junta de borracha do filtro antigo fica presa na zona de encaixe, e ao colocar o novo não o consegue ajustar muito bem, o que resulta numa fuga de óleo. Se não der conta, esta fuga pode ir aumentando com o passar dos quilómetros e pode levar o motor a ficar completamente “seco”.

4 – Filtro de ar…. e combustível
O problema mais comum quando se tentar trocar o filtro de ar é o acesso ao local onde este se encontra. Durante a manipulação do filtro e na tentativa de o fazer passar por um espaço exíguo, pode quebrar algum elemento do seu compartimento ou alguma outra peça mais próxima. A má colocação do filtro pode resultar também num mau desempenho do motor, levando a que se acendam no painel de instrumentos testemunhos de mau funcionamento.
Um filtro de combustível de um motor a gasolina tem o inconveniente de estar colocado debaixo do veículo e perto do depósito o que pode dificultar o acesso a este. Para além deste aspeto, é preciso ter em consideração que estes filtros têm uma forma correta de montagem que está indicada com um seta e segue a direção do combustível até ao motor. Se o montar ao contrário, vai ter problemas graves para resolver.
Com os filtros de combustível para motores Diesel, os problemas podem ser ainda mais graves. O acesso é melhor, mas o maior inconveniente é a necessidade de extrair o ar que entra no circuito de combustível. Este ar, no caso do dispositivo não ser sangrado, entra no motor e pode provocar danos…

5 – Travões, questão de vida ou morte
O mais comum é um “curioso” tentar substituir as pastilhas e os discos de travão sem saber no que se está a meter. A substituição do fluído dos travões também não é tarefa simples.
São operações que podem ocasionar um acidente grave, assim que o veículo começar a circular. Estamos a falar de elementos que interferem com a segurança ativa do automóvel e é preciso não facilitar.
E, se montar mal as pastilhas de travão, nem vale a pena dizer-lhe que vai ter um acidente assim que tentar pisar o pedal. Trocar as pastilhas de travão implica realizar determinadas ações que têm de ficar bem calibradas. Não pode abrir demasiado os sangradores das pinças dos travões correndo o risco de entrar ar no circuito ou ainda colocar ao contrário as pastilhas. Estas são situações que são perfeitamente controladas por um mecânico que tem também todas as ferramentas indicadas para realizar a tarefa. Por exemplo, em pistões de alguma pinças de determinados sistemas de travagem, sobretudo nos travões traseiros, é necessário girá-los em vez de os comprimir, e são estes “segredos” que o comum dos mortais desconhece.
Ao realizar a troca do fluído dos travões pode fazer com que entre ar no circuito e depois não há pressão de travagem suficiente. Convém realizar esta troca numa oficina. Fazem-no rapidamente e o preço não é elevado. Sabem ainda que tipo de liquido colocar: DOT 3, DOT 4 ou DOT 5.

6 – Ponho água da torneira nos depósitos do motor?
É uma intervenção que já todos fizemos, pelo menos, alguma vez na vida. Mas, é preciso ter alguns cuidados, nomeadamente fazê-lo com liquido refrigerante específico e nunca com água da torneira. No caso de colocarmos água da torneira vamos proteger mal o sistema de refrigeração, que vai funcionar de forma incorreta e pode deteriorar alguns elementos e tubagens.
Com o liquido do limpa para-brisas acontece o mesmo. O calcário da água corrente pode entupir os orifícios da saídas do liquido para a limpeza dos vidros. Pode ainda danificar o pequeno motor elétrico que impulsiona a água do depósito para os tubos.

7 – Muito cuidado com…
Há ainda outras tarefas auto que pode fazer em casa, mas que deve ter muito cuidado pois podem originar avarias muitos dispendiosas. Trocar a correia de acessórios pode originar um simples “chiar”, por não ter ficado bem apertada, como pode originar a rotura de uma polie, da bomba de água ou do compressor do ar condicionado.
Trocar um tubo do sistema da refrigeração do motor, pode levar a que, no caso deste ficar mal colocado, entre ar no circuito que depois não é sangrado e o motor pode aquecer mais o que devia. Esta situação pode levar à quebra da junta da cabeça. A simples troca de uma escova limpa para-brisas pode levar à quebra do vidro se não tivermos cuidado com o braço que sustenta a escova, uma vez que é pressionado por uma mola na sua base e exerce uma determinada pressão sobre o vidro. Ao largá-lo para a substituição da escova, pode bater no vidro e como é metálica… provoca a rotura do mesmo.
Até substituir um pneu furado se pode tornar uma tarefa hercúlea… basta que depois de retiradas as porcas da roda, esta, por causa da oxidação do seu cone central, não saia do cubo… porque n última vez que foi retira e apertada, as porcas ficaram tortas ou com apertos diferentes.

Fonte: Norauto e Liqui Moly