Com a alteração da legislação referente aos veículos a gás, especialmente os veículos GPL, pensou-se que o mercado iria crescer muito mais neste segmento. O crescimento não foi o esperado, mas, ainda assim, existem à venda várias propostas neste âmbito. As vantagens são inúmeras, mas são muitos os portugueses que ainda não as conhecem. Têm ainda outra luta feroz: lutar contra os veículos elétricos e os híbridos plug-in. O Circula Seguro deixa-lhe algumas especificidades sobre este tipo de veículos.
O parque de veículos movidos a gás natural comprimido (GNC), também designado GNV (Gás Natural Veicular) e a gás de petróleo liquefeito (GPL) compreende aproximadamente 50 000 unidades em Portugal. A principal procura encontra-se no sector dos transportes públicos e, apesar da sua mais que comprovada eficiência, a aceitação por parte dos particulares é reduzida.
A preocupação pela redução das emissões poluentes fomentou iniciativas para o impulsionamento do veículo a gás, seja por parte da administração central ou dos fabricantes. O custo por quilómetro é inferior relativamente aos veículos convencionais a gasóleo ou gasolina. Atualmente há carros que combinam o gás com combustíveis tradicionais.
Em Portugal, desde a entrada em vigor da Lei 13/2013 de 31 de janeiro, os veículos novos movidos a gás natural ou os de gasolina que tenham sido adaptados por montadores credenciados que cumpram com todas as normas de segurança, podem parar em qualquer espaço, tanto aberto como fechado. Além disso, foi abolida a placa azul afixada na traseira do veículo, tendo sido substituída por uma vinheta verde que se coloca no para brisas.
Diferenças entre gás natural comprimido (GNC) e gás de petróleo liquefeito (GPL)
–Gás natural comprimido (GNC): é composto principalmente por metano (90%). Está mais comprimido que o GPL, utilizando grandes pressões para o seu armazenamento.
–Gás de petróleo liquefeito (GPL): a sua utilização em Portugal está mais difundida que o GNC, existindo mais postos de abastecimento. É constituído por uma mistura de butano e propano. Armazena-se a pressões inferiores relativamente ao GNC, o que permite que o reservatório que o armazena possa ser fabricado com o aço mais fino e deformável. Esta pressão inferior também o torna mais seguro em relação ao GNC face uma eventual explosão.
O motor a gás
O motor a gás é igual ao de gasolina com exceção do sistema de alimentação. O motor dos veículos a gás necessita da capacidade de refrigeração e lubrificação que possuem os motores a gasolina, daí que alguns propulsores devam adaptar-se com uns assentos especiais para as válvulas e uma junta de cabeça de motor específica.
Outra diferença reside na limpeza da combustão. A gasolina contém grande quantidade de impurezas e vai gerando resíduos que se depositam em diversas partes do veículo, como nas condutas de admissão ou nos assentos de válvula, para além de poder misturar-se com o óleo. Uma das consequências é a redução paulatina do rendimento devido à obstrução das condutas de admissão e de escape.
Conversão a gás do motor
Nos carros a gasolina existe a possibilidade de realizar uma instalação suplementar de um sistema de alimentação que possibilite o funcionamento com gás. Neste caso, como convivem as duas instalações, pode utilizar-se um ou outro combustível, se bem que, no arranque, o automóvel usa sempre o motor a gasolina até alcançar a temperatura de 40º.
Em relação ao preço, a instalação pode variar entre os 1.000 e os 3.000 euros, dependendo do tipo de veículo que se pretenda transformar.
No que diz respeito aos motores a gasóleo, os veículos pesados podem ser transformados para utilizar gás natural e gasóleo mediante o método dual-fuel. Esta conversão requere um investimento mais elevado que no caso da transformação dos veículos a gasolina.
Vantagens e inconvenientes dos veículos a gás
Os veículos a gás apresentam uma série de vantagens e inconvenientes relativamente aos veículos a gasolina ou gasóleo, como mostraremos em seguida. Em relação aos veículos elétricos, os veículos a gás possuem um maior número de postos de abastecimento.
Vantagens
– Menor ruído: a redução pode alcançar os 50%.
– Redução das emissões poluentes: as emissões de monóxido de carbono são cerca de 20% inferiores e as de óxido de azoto são 40% inferiores às dos veículos movidos a gasolina, entre outras.
– Mais limpo: os resíduos do gás são menores e o óleo, neste tipo de veículos, está limpo por um período superior. Esta característica contribui para a longevidade do motor.
– Preço do gás: ainda que o consumo seja ligeiramente superior em relação aos carros a gasolina, o preço é inferior ao dos combustíveis convencionais como gasóleo e gasolina.
– Vantagens fiscais: devido à sua menor contaminação, possuem incentivos e isenções do Imposto Automóvel (IA).
Inconvenientes
– Lubrificação: a lubrificação não é tão eficiente como seria com um motor a gasolina, pelo que pode ocasionar um desgaste prematuro, especialmente nas válvulas.
– Poucos postos de abastecimento: ainda que se preveja um aumento, o número de postos de abastecimento em relação a um veículo a gasolina é inferior.
– Perda de potência: a redução de rendimento situa-se entre os 5 e os 10%.
– Maior consumo: o aumento do consumo oscila entre os 5 e os 7%.
– Perda de espaço: quando se instala um depósito adicional para que o veículo funcione com gás, perde-se o espaço do pneu suplente.
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Fonte: GT Motive