Biocombustíveis: a grande alternativa

Redacción Circula Seguro

16 de Dezembro de 2022

O Pacto Verde Europeu representa a grande folha de rota para que os estados-membros sejam climaticamente neutros em 2050, isto é, que as suas emissões de carbono possam equivaler à quantidade absorvida pelas florestas. No Pacto Verde, um dos principais eixos para atingir este objetivo é potenciar o uso de biocombustíveis e do hidrogénio em sectores onde ainda não é possível a eletrificação em massa, por exemplo, o transporte terrestre, marítimo e aéreo, como fórmula para combater as emissões.

Inovação do século XIX

Os biocombustíveis são realmente a alternativa com maior peso para reduzir o CO₂ no sector dos transportes a grande escala, sendo a solução mais prática e económica. E ainda que pareça que falamos de inovação de vanguarda, na verdade a origem dos biocombustíveis foi no final do século XIX e o seu nascimento foi paralelo à invenção do automóvel e dos motores de combustão interna. Foi o engenheiro e empresário Henry Ford quem utilizou o etanol como combustível para o seu Modelo T, o primeiro veículo fabricado numa cadeia de produção e detonante da motorização norte-americana. Inclusive os primeiros modelos de motor diesel funcionaram com óleo de amendoim.

Por que não teve continuidade esta invenção? Pelo descobrimento dos depósitos de petróleo. Isto fez que o preço da gasolina e do gasólero caíssem, cuja consequência foi que os biocombustíveis deixassem de ser rentáveis. Atualmente, a crise dos combustíveis fósseis e o perigo do aquecimento global coloca novamente em debate se iniciar novamente a investigação e o investimento em biocumbustíveis.

Os mais utilizados

Os biocombustíveis mais utilizados atualmente são:

  • O bioetanol: produzido através da fermentação de produtos vegetais como a cana-de-açúcar ou a beterraba.
  • O biodiesel: produzido a partir de azeites vegetais (colça, palma, girassol, lino, etc…), gorduras animais ou microalgas.

Os Estados Unidos e o Brasil lideram a produção mundial de bioetanol. No Brasil, alguns veículos funcionam com etanol puro. Alemanha é lídera a produção mundial de biodiesel, o biocarburante estrela na Europa.

O biogás, menos utilizado que os dois anteriores, é outro biocombustível obtido através da fermentação de restos agrícolas, resíduos do gado (purim, esterco), restos vegetais da indústria agroalimentar, alimentos vencidos ou em más condições, restos de lixo ou lodos de águas residuais. O biogás está a ganhar protagonismo: na Europa existem cerca de 18.000 instalações especializadas, cerca de 10.000 na Alemanha.

Vantagens

Quanto às vantagens dos biocombustíveis, além dos menores níveis de contaminação que gera o seu uso, destacam:

  • São relativamente fáceis de transportar, estáveis, têm uma densidade energética relativamente alta, e podem ser utilizados com ligeiras modificações das tecnologias e as infraestruturas existentes.
  • São melhores combustíveis para os motores, reduzem o custo geral de controlar a contaminação do motor e, portanto, requerem menos manutenção.
  • São recursos renováveis que provavelmente não se esgotem cedo.
  • Os estudos demonstram que os biocombustíveis reduzem as emissões de gases de efeito estufa até 65%. Para além, os cultivos para biocombustíveis absorvem parcialmente o monóxido de carbono, o que faz que o sistema de biocombustíveis seja ainda mais sustentável.
  • Menor dependência energética para os países produtores de petróleo.

Uma das principais desvantagens que os especialistas encontram no uso dos biocombustíveis é o problema de que as plantações para a produção, ocupam terras que poderiam utilizar para a produção de alimentos e, dado que vivemos num mundo com uma população em constante crescimento, a necessidade de ter terras para fins alimentares é cada vez mais importante.