Carga rápida para carros elétricos vai ser alargada

André Serrano

10 de Setembro de 2015

Preveem-se 49 postos de carregamento rápido para carros elétricos. Apenas 58 dos 187 vendidos até maio beneficiaram da fiscalidade verde.

Finalmente as “fichas” vão sair dos armazéns onde têm estado fechadas. O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, anunciou que, até ao final do ano, serão instaladas 49 estações de carregamento elétrico rápido — 15 em cidades e 34 em autoestradas — de norte a sul do país.

O objetivo é ter pontos que permitam carga em 30 minutos e não em seis ou sete horas como os convencionais, e que não distem mais de 50 quilómetros uns dos outros, tendo em conta que a maioria destes veículos não tem autonomia para mais de 100 quilómetros. Assim, diz o ministro, “passa a ser possível ir de Vila Real de Santo António a Bragança ou de Lisboa a Castelo Branco sem correr o risco de ficar pelo caminho”.

Os 49 pontos resultarão da reconversão de postos de Mobi.E convencionais já instalados, “seguindo uma estratégia de liberalizar a rede de carregamento na via pública, transferindo para as câmaras municipais e para estações de serviço a gestão e manutenção”, explica o ministro (ver entrevista nesta página). Atualmente há 1074 pontos Mobi.E no país, pouco distribuídos pelo país e em estado degradado ou desativado.

Os proprietários e os vendedores deste tipo de veículos amigos do ambiente consideram a medida positiva. “É pena é terem precisado de quatro anos para anunciá-la”, afirma Guilherme Castro, diretor da Mitsubishi. “Os postos de carregamento rápido estiveram em banho-maria nos últimos três anos”, reforça António Pereira Joaquim, da Nissan, lembrando que para dinamizar o mercado destes automóveis “não bastam as medidas da fiscalidade verde introduzidas no início do ano”.

Com eleições legislativas a 4 de outubro, ver-se-á o que acontece a seguir. Para já, sabe-se que o programa político do PS prevê “reabilitar e redimensionar” a rede Mobi.E, “travada a fundo por preconceito político”.

Apesar de as vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in ter mais do que duplicado nos primeiros cinco meses de 2015, face ao período homólogo — até maio venderam-se 187 elétricos ligeiros e 100 híbridos plug-in, o que representa um aumento de 145% e 285% respetivamente — atualmente, estes automóveis pesam pouco mais de 0,3% nas vendas em Portugal. E segundo a Associação Automóvel de Portugal (ACAP), estes valores correspondem a metade do registado na União Europeia (0,7%). Num parque automóvel com 4,5 milhões de veículos, apenas existem perto de 900 elétricos, 500 híbridos plug-in e 15 mil híbridos convencionais (estes são carregados por motor de combustão e não por ligação à corrente).

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EMPRESAS BENEFICIAM

A ideia de que estes “incentivos beneficiam sobretudo as empresas, que representam 90% dos compradores em Portugal” é igualmente sublinhada por Guilherme Castro, diretor da Mitsubishi. Porém, “são sempre valores simbólicos e diferidos no tempo, com impacto no próximo ano”. Guilherme Castro adverte também para “o receio de algumas empresas de que a lei seja alterada com a mudança de Governo” e para “a falta de sensibilização dos empresários para as questões ambientais e as alterações climáticas”.