O seu carro ainda pode fazer viagens longas?

Ines Carmo

17 de Agosto de 2017

Quando as férias grandes se aproximam e planeamos viajar até longe de casa de carro, devemos saber se podemos ou não confiar na nossa «já idosa» viatura.

O calor, a carga, várias horas a trabalhar e os quilómetros que já leva no currículo são provas intensivas para um carro. Sendo um esforço muito maior do que o das deslocações habituais do dia-a-dia, podem pôr à vista ou causar falhas mecânicas no automóvel, resultando em avarias a centenas de quilómetros de casa.

Pense na segurança: estará ainda o seu carro capaz de manter a estabilidade em situações de perigo, especialmente quando transporta mais passageiros e bagagem?

Aqui lhe mostramos uma pequena lista de verificações que pode fazer para ter uma ideia de qual a capacidade que o seu velho companheiro de estrada tem para enfrentar uma grande viagem em segurança.

Não são os anos que pesam, mas sim a falta de manutenção

O risco de avarias num automóvel com mais de 8 anos ou 150 mil quilómetros depende muito mais da falta de manutenção do que da idade ou da quilometragem. Óleo, filtro de óleo, filtro de ar, filtro de combustível… são elementos a que mais atenção damos mas, paradoxalmente, são aquelas que menos probabilidade têm de causar avarias ou acidentes a menos que seja por descuido. A segurança e a fiabilidade de um veículo dependem mais de outras coisas.

Como é possível que um veículo clássico com mais de oitenta anos possa participar num rali com centenas de quilómetros sem avariar? A resposta é simples: graças a uma manutenção adequada. Realmente, a vida útil de um carro pode ser ilimitada e dela depende apenas a decisão do proprietário sobre quando já não vale a pena continuar a manutenção do mesmo.

Outros proprietários descuidam a manutenção por desconhecimento. Confiam no seu mecânico habitual, mas nunca lhe especificaram que seja substituído o líquido de travões, o líquido refrigerante ou as correias de acessórios.

Um teste básico de fiabilidade

Se responder afirmativamente a uma ou mais das seguintes questões, o seu carro deve ir a uma oficina antes de se fazer à estrada para as férias, devido a risco de avaria. Lembre-se também que as avarias aumentam o risco de acidente no caso de o veículo se imobilizar na estrada.

– Há mais de quatro anos que não é substituído o líquido refrigerante nem a bomba de água do motor?

– O líquido refrigerante tem uma cor castanha-avermelhada e tem depósitos dessa cor?

– Há mais de um ano que não revê os níveis dos líquidos vitais: Óleo do motor, líquido refrigerante, da direção, de travões…?

– Não se lembra quando trocou pela última vez a correia de distribuição? A correia já ultrapassou o número de quilómetros recomendados pelo manual? E as correias de acessórios?

A idade não é um posto

O veículo tem mais de oito anos, 150 mil quilómetros e só certos elementos é que se avariaram. Há partes da mecânica do carro que são frequentes causadores  de avarias, mas como não necessitam de manutenção, não se pode saber se vão falhar e quando é que isso irá acontecer. Simplesmente, um dia falham de forma imprevisível e toca a substituí-los. A ter em conta: Quanto mais velho for o carro, mais possibilidades há de falharem, se é que ainda não falharam. No entanto, dependendo da marca e do modelo, podem também não chegar a falhar ou começar a fazê-lo a partir do quinto ano de vida, deixando-nos no limbo.

Não é uma reparação necessariamente cara, mas exige que fique sem o carro durante vários dias com o prejuízo consequente, em especial se a avaria nos surpreender em plena viagem. Alguns dos exemplos são o alternador, centralina electrónica, catalisador, filtro de partículas, os diversos sensores do sistema de injeção como o medidor de massa de ar e a válvula EGR do turbo.

Teste básico de segurança

mecânica

Normalmente as nossas deslocações são simplesmente com o condutor ou apenas com um passageiro, sem bagagem e a velocidades baixas, no que toca a trajetos urbanos. Neste caso não notamos nada de anormal no comportamento do veículo, que deve ser estável, seguro e obediente. A situação pode alterar-se radicalmente no caso de circular em autoestrada com o carro cheio ou com carga em cima do tecto.

Se responder afirmativamente a uma ou mais questões, deve levar o carro a uma oficina antes das férias:

– O desgaste do piso do pneu já chegou ao limite mínimo? Neste caso a aderência em estrada molhada diminui perigosamente.

– Há mais de oito anos que não substitui os amortecedores? Em mudanças bruscas de direção, o movimento dá a sensação de estar num barco? Em caso de suspensão hidropneumática, a suspensão está mais dura? Nestes casos, as reações em manobras bruscas como desviar-se ou travar reduzem significativamente a segurança.

– Há mais de quatro aos que não substitui o líquido nem faz revisão ao sistema de travagem num profissional?

-O veículo já não tem a mesma capacidade de travagem de antigamente?

– Não mantém uma linha reta facilmente, especialmente a pisar irregularidades?

– Sente folgas na direção? Há mais de seis anos que não revê nem substitui articulações, rótulas, sinoblocos da suspensão e da direção? Ouve ruídos mecânicos quando passa por cima de lombas?

– Há mais de cinco anos que não faz revisão ao airbag?

Não o faria…

Os defeitos enumerados nestes artigo são só alguns dos vários que podem existir, mas foram escolhidos por serem bastante comuns. Recomenda-se procurar o manual de manutenção do veículo e segui-lo estritamente.

À parte disso, deve ir à oficina quando nota que existem falhas, ruídos ou comportamentos estranhos, ainda que pareçam ligeiros. Só então estará a minimizar o risco de avarias e evitará que o carro se transforme num «chaço», mantendo-se em forma durante muitos anos.

Circule Seguro e… Boas Férias!

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