Cinco anos de luto nas estradas portuguesas

Jorge Ortolá

25 de Novembro de 2015

São assustadores os números que vão surgindo relativamente à sinistralidade e sua consequências em Portugal. São valores que nos deveriam levar a meditar sobre o que andamos, todos nós, ao abrigo da nossa responsabilidade, a fazer nas estradas onde desenvolvemos a nossa condução.

Por hábito, a culpa é sempre do outro. As estradas estão repletas de culpados que o não são, assim como de inocentes que têm muita culpa. Mas essa atribuição de culpa ou responsabilidade de nada vale se nada for realmente feito.

Há mais culpados do que estradas

Podemos, cada um de nós, apontar o dedo inquisitório aos milhares de condutores que circulam nas estradas nacionais. Podemos dizer que são eles, com as suas atitudes e comportamentos de risco que tornam as estradas perigosas e que não deveriam estar autorizados a dispor de um documento válido para conduzir.

O que não nos podemos esquecer, jamais, é que, também nós, somos utilizadores dessas mesmas estradas, fazemos asneiras, ainda que tenhamos dificuldade em o admitir, e colocamos, mesmo que muitas vezes de forma inconsciente, os demais em risco.

Entre o ano de 2011 e 2015, até à data, 3.293, são as vítimas mortais registadas pelas entidades de fiscalização, PSP e GNR, nas estradas portuguesas. São valores muito elevados e que nos devem fazer pensar, não apenas neles mesmos, mas nas consequências colaterais, ou seja, naquilo que não é quantificável… a dor, angustia e trauma dos dependentes desses que morreram.

Deste modo, baixar o valor não é só por si uma conquista, até por que tem subido, mas deve ser um objectivo exequível para cada um de nós. Temos de dizer “Basta” a esta guerra civil que travamos diáriamente nas estradas portuguesas.