Poderíamos perfeitamente escrever, neste artigo qual a forma correta de se circular numa rotunda. Descrevemo-la, simplesmente como está expressa na legislação, ainda que esteja repleta de incongruências. Mas na verdade não o que este post pretende.
Portugal é um país de modas e de modos; a determinada ocasião da vida deste país, chegou alguém a um dos muitos Governos que já administraram este retângulo à beira-mar plantado e resolveu implementar um modo de se desenvolver o tráfego numa interseção de trânsito difícil, criou ou importou o conceito da rotunda.
Se o seu principio era esse mesmo, o de facilitar o trânsito automóvel numa interseção de difícil coabitação entre utentes condutores, diminuindo o nível de sinistralidade, conflito e aumentando a fluidez desse mesmo trânsito, a verdade é que, rapidamente, as rotundas se tornaram numa moda.
E tal forma assim foi e é, que se desenham rotundas por esse país fora sem que se tenha o cuidado de perceber se existe espaço adequado para as implementar, se fazem algum sentido ou se serão, para determinada realidade, a melhor solução.
As rotundas e a legislação que as rege
A legislação que rege a circulação em rotundas é a imagem de cada Governo, ou melhor, governante que passa pelo executivo máximo do país. A lei das rotundas já foi alterada dezenas de vezes; tantas quantas o número de ministros de Administração Interna que Portugal já conheceu.
Se uns estão convictos que se deve circular por dentro nesta situação e por fora naquela, outros pensam realmente o contrário e “ordenam” que o legislador altere, adeque a lei à sua imagem, garantindo desta feita o cunho pessoal.
No entanto, outros há que estão em crer que a circulação deverá ser efetuada de modo a facilitar os automóveis pesados, em detrimento dos ligeiros, mas depois chega outro Governo que alega o facto dos ligeiros serem mais fluídos e dessa forma terem alguma preferência sobre os demais.
Entretanto surgem os ecologistas que defendem que devem ser os ciclistas a terem a prioridade, mas os defensores das viaturas em situação de emergência alegam que esses veículos é que devem passar em primeiro lugar.
Rotundas com placa central ou linhas de marcação?
Uma rotunda para o ser, não tem de ser redonda; tem de estar devidamente sinalizada. Acontece que, em grande parte das vezes, no centro do espaço da rotunda surge uma placa central. Até aqui tudo bem, não fossem as situações onde encontramos rotundas com placas centrais com formas que em nada facilitam a circulação.
Depois existe o problema dos espaços de rotundas que não dispõem de placa central, mas sim de umas linhas pintadas, por vezes muito mal pintadas, a simular a existência dessa placa central. Há condutores (quase todos) que não respeitam a existência dessas linhas.
Mas afinal como se circula nas rotundas?
Pois essa é mesmo a questão; como se circula corretamente nas rotundas? Se dissermos que não sabemos, vamos ser apontados e acusados de maus profissionais.
Mas na verdade é que na prática não sabemos mesmo como se circula nas rotundas; não sabemos nós, não sabe quem examina, não sabem as autoridades fiscalizadoras e não sabe o legislador que escrever a lei.
Vamos ver. Existem rotundas que são tão mal elaboradas e projetadas que não deixam espaço para realizar a ação como a lei prevê.
Não sabe o examinador, porque atua de forma distinta em diversas rotundas, para se proteger de um eventual acidente rodoviário, não sabem as autoridades fiscalizadoras, porque se deparam tantas e tantas vezes com rotundas completamente absurdas, na dimensão, forma e marcação de vias.
Não sabe o legislador, porque não percorre o país real de modo a perceber os planos diretórios municipais de cada região e não sabe ninguém, porque há tão má projeção que é de todo impossível circular devidamente.
Mas como o nosso papel é ajudar a perceber situações de difícil compreensão, como esta, fique o leitor a saber que, segundo a legislação em vigor, deve o condutor de automóvel ligeiro, sempre que no espaço de rotunda existam duas ou mais vias de trânsito, circular na mais exterior sempre que pretenda sair na primeira possibilidade, relativamente ao seu ponto de entrada.
No entanto, sendo possíveis essas duas ou mais vias de trânsito no espaço de rotunda e pretendendo sair na segunda ou seguintes saídas, escolher outras vias mais interiores, garantindo uma passagem progressiva de vias que lhe permita estar na via mais exterior quando se encontrar imediatamente antes da saída que pretende.
Se conduzir um automóvel pesado ou um velocípede, poderá utilizar a via mais à direita, mesmo que não pretenda sair na primeira possibilidade.
Mas como foi referido anteriormente, nem sempre o espaço de rotunda é formado por um circulo perfeito. Para que um espaço seja classificado como rotunda, basta que tenha o sinal que a identifica.
Foto¦ Josep Camós