Com os travões não se brinca

Alberto Valera

1 de Novembro de 2018

De repente sentiu o travões do carro estranhos. E como com este componente não se brinca, o Circula Seguro deixa-lhe algumas dicas para que consiga perceber antepadamente anomalias no sistema de travagem.

São os travões que permitem parar o seu veículo de forma segura e rápida em todas as condições de condução, seja em piso molhado ou seco, sendo os travões dianteiros responsáveis por 70% da potência de travagem na maioria dos veículos.
Muitos dos mais graves acidentes de viação devem-se ao mau funcionamento deste órgão. Por isso, é essencial que todos os componentes dos travões sejam mantidos nas melhores condições possíveis: os travões de disco nas rodas dianteiras, os travões de tambor ou de disco nas rodas traseiras e, eventualmente, o sistema de travagem anti-bloqueio (ABS), caso o seu veículo disponha desta caraterística e os ESP, controlo eletrónico de estabilidade.
Por que é importante a manutenção dos travões? Mesmo que não falhem completamente, os travões com uma manutenção deficiente podem funcionar de uma forma imprevisível, pondo-o a si, aos seus passageiros e outros automobilistas em risco.
Os travões gastos aumentam a distância de travagem e contribuem para uma travagem desequilibrada, por vezes, até descontrolada. E se pensarmos no tempo que demoram a travar, mesmo em boas condições de condução – atingindo uma distância de travagem equivalente a 4 comprimentos de um veículo, a 50 km/h, e até 12 comprimentos de um veículo, a 100 km/h – é fácil compreender por que é essencial manter os seus travões em perfeitas condições.
As pastilhas dos travões exercem pressão sobre os discos, por isso, se estiverem gastas não só é mais difícil para o veículo, como também podem danificar os discos e exigir reparações mais dispendiosas. Nos travões de tambor, os calços devem ser regularmente verificados para evitar o desgaste prematuro.
Se perceber antecipadamente que alguma coisa não está bem, evitará problemas a curto prazo. Se o problema for de desgaste, o habitual condutor da viatura pode não ser aperceber, visto a perda deste componente ser gradual, logo menos evidente.
Neste texto pode ficar a conhecer algumas formas de detetar avarias precoces através do “feeling”, dos ruídos ou da atuação dos travões em situações de travagem. Esteja atento.

Atenção ao fluído dos travões

Verifique com alguma periodicidade o fluído dos travões. Em casos extremos o líquido entre em ebulição levando à formação de bolhas de vapor no sistema de travagem. Estas bolhas podem comprimir-se e impedir que o sistema reaja. No momento da travagem, o pedal toca no fundo sem que o sistema acione e portanto o veículo não trava.
Por essa razão, chamamos a atenção para a verificação periódica do líquido de travões . Se o ponto de ebulição real, medido no recipiente, for inferior a 180 º, deve substituir-se o líquido de travões. Na substituição do líquido de travões utilize sempre o líquido mais indicado e não o mais barato.
Mude o fluído pelo menos uma vez por ano.

Curiosidade

Sabia que os travões dianteiros são responsáveis por 70% de potência de travagem na maioria dos veículos?

Situações mais frequentes

1 – Quando o pedal exige muito esforço para ser pressionado

Possível causa: Pode ser uma uma falha do servo-freio. O condutor tem de fazer mais força no pedal e pode não conseguir carregar nos travões a fundo.

O que fazer: Quando o problema é de travões não aconselhamos a prática do “faça você mesmo”. O melhor será ir a oficina o quanto antes. A falha pode estar relacionada com o servo-freio, circuito hidráulico, bomba de travões ou desgaste das pastilhas e calços.

2 – O pedal desce gradualmente

Possível causa: Se o seu carro trava bem numa travagem normal, mas numa travagem prolongada, o pedal for afundando ou “pegando” cada vez mais em baixo, significa que a bomba dos travões pode estar a “pedir reforma”.

O que fazer: A bomba dos travões não tem arranjo e precisa de ser substituída, o que implica a purga de todo o circuito de travagem. Esta operação terá de ser realizada por um mecânico mais experiente. Uma fuga nos travões poderá ser a principal causa para este sintoma. O que precisa de fazer é espreitar o depósito para perceber se o fluído está a descer.

3 – Ruídos na travagem

Possível causa: na maior parte dos casos o problemas está as peças de fricção – pastilhas ou calços gastos e discos degradados. Se o ruído que ouvir for realmente intenso e estridente, significa que as pastilhas perderam todo o material de fricção e já estão em contacto com o ferro no disco.

O que fazer – O diagnóstico deste problema poderá ser realizado pelo próprio, bastando para isso tirar a roda para ver com clareza o estado do disco. Procure riscos e irregularidades e verifique se o disco tem rebordo, o que lhe dará uma ideia do seu desgaste. Aproveite que a roda está fora do cubo para observar o estado das pastilhas.

4 – Zumbidos nas rodas

Possível causa: Se o ruído for constante e se assemelhar a um zumbido, o mais certo é ser causado por um rolamento gripado.

O que fazer – Para saber de que lado está o problema, vire o volante para um lado e depois para o outro. Se virar o volante para a esquerda está a avaliar as rodas do lado direito, e vice-versa. Depois de se aperceber de que lado vem o ruído, falta apenas detetar se a sua proveniência é da roda da frente e da roda traseira. Pare o carro e agarre a roda. Em seguida balance-a com força. Se sentir uma flga encontrou o problema. Podem existir folgas nas quatro rodas. Est problema é, muitas vezes, confundido com ruídos nos travões.

5 – O carro continua travado

Possível causa: Se depois de libertar o travão de mão e o carro permanecer imobilizado, pode acontece que as pastilhas tenham ficado “coladas” ou a morder o disco e não abram. SE continuar a rolar assim, vai notar que o carro anda menos e cheira a queimado.

O que fazer – Para conseguir detetar em que roda está o problema, toque com cuidado em cada uma das jantes. Geralmente a roda travada está mais quente. O procedimento seguinte passa por tirar a roda para ver se a pinça está a funcionar devidamente.

6 – Perda gradual de travagem

Possível causa – Este sintoma também pode ter o nome de fadiga por aquecimento e é passível de acontecer, por exemplo, quando se desce uma montanha com o carro carregado ou quando os discos e as pastilhas estão gastas.

O que fazer – Se a causa se deve ao trajeto ou à carga, basta deixar que os travões repousem, parando algum tempo ou travando com o motor.

Foto: Pixabay