Sempre que conduzo um carro diferente do meu do dia-a-dia perguntam-me se é fácil me adaptar a conduzir algo diferente do que estou habituado, eu respondo que sim, normalmente ao entrar num veículo diferente demoro um ou dois quilómetros a ficar familiarizado com a dinamica básica, a partir daí já estou minimamente à vontade para conduzir intuitivamente.
Alguns amigos perguntam-me como é que o faço, bem eu tenho um método que funciona bem comigo, e começa com algo muito simples, tão simples que é ensinado na escola de condução e é tão importante que é a primeira coisa que se aprende na primeira aula. Ou deveria ser…
No primeiro dia de aula, o aluno ao entrar no veículo de instrução, após as apresentações e outras formalidades processuais, o instrutor pergunta se o instruendo está bem instalado e ensina-lhe a ajustar o banco para ficar à distância correta dos pedais e do volante, assim como ajustar os espelhos.
Comecemos pelo banco, com o banco bem acertado, o condutor acede a todos os controlos sem dificuldade, com destreza e com a força necessária nos braços para virar o volante e assim ficar capacitado para desviar, com rapidez, de qualquer imprevisto que surja.
Mais, o posicionamento correto é imprescindível para que o cinto de segurança consiga funcionar com eficácia numa colisão e que em conjunto com o airbag conseguirá minimizar os danos físicos ao condutor.
Em casos de viagens longas a postura correta ajuda na redução do cansaço do corpo, evita o aparecimento de dores musculares e até de doenças da coluna, para quem conduz frequentemente e por tempo prolongado.
Como proceder
E qual a sequência mais aconselhada para regular o banco e espelho? O objetivo é o condutor encontrar a sua zona de conforto, para isso comecemos de baixo para cima, como numa construção, começamos pelas fundações.
Em primeiro lugar ajuste a altura do banco, se for ajustável no carro que irá conduzir, esta deverá ficar de forma a que consiga ver adequadamente para o exterior e sem que bata com os joelhos na coluna de direção, nem com os pés afastados do chão junto dos pedais.
Em segundo lugar há que regular a distância do banco aos pedais, de forma a conseguir alcançá-los e conseguir pressiona-los na sua totalidade sem dificuldade ou esforço, tenha em atenção que se se posicionar mal, pode não conseguir desembraiar na totalidade, no caso dos carros com caixa manual, ou pode ficar impossibilitado de travar a fundo em caso de emergência.
Segundo os manuais de ergonomia não é correto encostar a barriga da perna, nem a parte posterior do joelho ao banco, pois esse contacto torna mais difícil o movimento da perna, assim como cria desconforto após algum tempo de condução, pois os nervos e veias são pressionados e comprometem a circulação.
Depois de termos ajustado a base do banco, passamos ao posicionamento das costas do assento, a sua inclinação irá influenciar a distância a que ficaremos do volante, se este for regulável deveremos encontrar uma posição que nos agrade e ajustar a profundidade e altura do volante.
Se o volante não for regulável ajuste o encosto para que não fique nem demasiado próximo do volante, nem demasiado longe, consequentemente com os braços esticados, sem ser capaz de fazer força, se necessário, e sem alcançar os comandos posicionados atrás do volante.
Posição perfeita
Convém salientar que não existe uma posição universalmente ideal, os construtores ao fazerem o habitáculo levaram em conta tamanhos padrão, mas tem de permitir ajustar a posição de condução a diferentes pessoas, que podem ter tanto com um metro e meio ou um metro e noventa e cinco, por isso às vezes o mesmo condutor consegue ficar confortável e corretamente instalado com ligeiras, mas diferentes, combinações de ajustes.
Sem tirar as costas do banco, verifique se os comandos atrás do volante e a alavanca de velocidades estão acessíveis e se são fáceis de usar e se o painel de instrumentos pode ser visualizado com facilidade.
Passemos aos espelhos retrovisores, comece pelo retrovisor interno, através dele tem de visualizar todo o ambiente atrás do carro, “todo” seria o ideal, o que se consegue ver através do vidro traseiro, em alguns modelos mais desportivos de motor central a visibilidade é quase nula.
Nos retrovisores externos deve manter a linha do horizonte no centro do espelho e ver o mínimo possível da carroceria, a fim de reduzir ao máximo os pontos cegos, isto deve ser observado só com a rotação da cabeça para os retrovisores externos.
Está tudo correto? Falta só ajustar o encosto de cabeça, ajustar o apoio lombar e colocar o cinto de segurança de forma que fique justo, mas não cause incômodo, ajuste a altura do cinto se possível e necessário, faça mais uma verificação rápida, a tudo, e está pronto para seguir viagem.
Normalmente ao entrar num carro que não é hábito conduzir eu “invisto” entre 20 a 30 segundo a realizar estes ajustes, depois é só disfrutar a viagem. Estar cómodo e corretamente instalado é a fórmula para uma condução segura. Não se esqueça do pisca ao arrancar e boa viagem.
Foto | Brian Snelson