Como usar corretamente o aquecimento do carro?

Ines Carmo

16 de Fevereiro de 2019

Com os dias mais frios de inverno, chegam também os excessos no uso do aquecimento em casa e no trabalho. E também no carro, claro. Pô-lo a uma temperatura excessiva pode ser prejudicial por muitas razões. Explicamos o porquê destes perigos e qual o uso ideal dos sistemas de aquecimento, para que o nem nós nem o nosso carro sejamos afetados.

Aquecimento no carro, simples mas eficaz

Para entender os problemas que podem surgir de um mau uso do aquecimento, devemos primeiro entender como é que ele funciona. Realmente, trata-se de um sistema muito simples que já está incorporado nos carros há várias décadas. Além disso é um extra que não aumenta o consumo de combustível do veículo, ao contrário do ar condicionado.

Como se sabe, um motor de combustão em funcionamento pode alcançar temperaturas muito elevadas (com picos de 2000ºC!), pelo que devemos contar com sistemas de refrigeração para poder expelir esse calor, de forma a que o mesmo não danifique os componentes do motor. É precisamente esse calor sobrante que é aproveitado para o aquecimento do carro, direcionando-o ao habitáculo e aquecendo o ambiente.

Aquecimento

O funcionamento é simples: Um pequeno radiador é ligado através de mangueiras ao sistema de refrigeração do motor e, com a ajuda de um ventilador, o fluxo de calor é direcionado para o habitáculo. Assim, o único consumo será de bateria por parte do ventilador, num veículo de combustão não será problema, pois a bateria recarrega-se constantemente através do alternador, mas no caso dos veículos elétricos já será uma questão a ter em conta.

Nos modelos mais antigos e simples, a única coisa que se pode regular é a velocidade do ventilador, portanto, a força do fluxo de ar, assim como selecionar a saída de ar que desejamos. Não podemos acertar a temperatura, uma vez que vindo diretamente do motor será constante.

Mais modernos são os automáticos (climatizadores) com os quais já podemos escolher uma temperatura e o sistema encarrega-se de emitira mais ou menos ar quente de acordo com um termostato. Por último há ainda os elétricos, que não recebem o calor do motor do carro, mas sim do seu próprio sistema elétricos. São os mais usados nos carros elétricos, junto às bombas de calor.

Os perigos de abusar do aquecimento no coche

Sem dúvida, o aquecimento é um instrumento muito utilizado durante o inverno e, como vimos, já há várias décadas. Ainda assim, e mesmo que não pareça, o seu uso não está isento de perigos se não o utilizarmos adequadamente.

Os vidros podem embaciar

A primeira coisa que fazemos quando entramos no carro no inverno é ligar o aquecimento no máximo. Como já vimos mais acima, o ar quente não vai começar a sair enquanto o motor não aqueça, já em andamento. Se não tomarmos as devidas precauções, o ar quente pode contribuir para embaciar os vidros, devido ao contraste da temperatura entre o interior e o exterior do veículo. É um fenómeno especialmente provável se activarmos, além disso a recirculação do ar.

Aquecimento

Os vidros podem estalar por contraste de temperatura

De acordo com a empresa de reparação de vidros, a diferença de temperatura entre o interior e o exterior do carro também pode causar gretas ou estalidos no parabrisas, especialmente se já tiver algum tipo de fissura e ligarmos diretamente o fluxo de ar para o vidro. Pelo efeito de dilatação e contração dos materiais face às mudanças de temperatura, o vidro pode ser submetido a tensões na estrutura.

O calor pode provocar sonolência

Este é, sem margem para dúvida, o efeito mais perigoso que o aquecimento pode produzir em nós. Tal como nos pode acontecer na praia, no verão, como na nossa casa após um banho quente, o aquecimento no nosso carro pode dar sono. Circular com o veículo especialmente quente pode ser tão perigoso como ter consumido álcool. Em concreto, um habitáculo climatizado a 30ºC equivaleria a um nível de alcoolemia de 0,5 g/ litro de sangue.

Isto deve-se ao facto de que o calor afeta os sistemas nervoso e motor (o que se encarrega de transmitir as ordens do cérebro aos músculos). Em consequência, as nossas capacidades sensoriais e cognitivas veem-se reduzidas e aumenta a exaustão e precisão no momento de manobrar.

Como usar o aquecimento do nosso carro

Como vemos, não está de todo clara a forma como devemos utilizar o aquecimento corretamente, pois o hábito que pode ser aconselhável para uma coisa (dirigir o fluxo de ar para o vidro para o desembaciar) pode ser contraproducente para outra (que o vidro estale pelo contraste de temperaturas). Como sempre, a chave está na moderação.

Esperar que o motor aqueça: o aquecimento usa o calor do motor em funcionamento. Se não esperarmos até que este aqueça, vai sair ar tão frio como no exterior. Podemos esperar uns minutos até ativá-lo.

Abrir a saída dos pés: Se escolhermos que o ar saia peça zona dos pés, conseguiremos uma maior distribuição. Isto acontece porque o ar quente tende a subir num ambiente frio, pelo que conseguiremos que se distribua mais uniformemente.

Aquecimento

Moderar a temperatura: Tal como em casa, uma temperatura de 20-21 graus é mais do que suficiente para conseguir um ambiente agradável. Assim não vamos maltratar o sistema de aquecimento e evitaremos perigos como os que já descrevemos.

Para eliminar o embaciado, combinar com o ar condicionado: Se o que queremos é eliminar a formação de condensação no nosso carro, devemos focar o fluxo de ar quente para o vidro. Com uma temperatura de 18 a 20 graus não correremos o risco de danificar o vidro por dilatação. Além disso, podemos usá-lo em conjunto com o ar condicionado, pois este ajuda a eliminar a humidade no interior do veículo.

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