Muitos são os condutores que afirmam ter preferencia pela condução noturna em detrimento da condução diurna. Entre outras coisas, que veremos mais adiante, alegam o menor fluxo de trânsito que se verifica no período noturno.
Em primeiro lugar devemos perceber, mesmo os mais acérrimos defensores da condução noturna, que existe uma enorme diferença entre o nível de risco de acidente nos dois campos da condução. A diurna e a noturna. Nível esse que faz toda a diferença quando se avaliar a(s) causa(s) da sinistralidade rodoviária.
Os sentidos e a condução
O sentido mais utilizado pelo condutor na sua atividade de conduzir é sem dúvida a visão. Cerca de 80% dos estímulos recolhidos pelo condutor acontecem com este sentido. Assim, é essencial ter-se uma boa visibilidade na e da via. Visibilidade essa que nos permite uma estereoscopia que nos permite perceber a localização de outros veículos ou obstáculos, sua direção de movimento e respetiva velocidade.
Mas vamos por partes. É verdade que em período diurno a intensidade do tráfego é mais elevada. Essa condição, na pior das possibilidades, pode levar-nos a demorar mais tempo a fazer a ligação entre dois pontos, o de partida e o de chegada. Acontece que também é verdade que nesse período diurno conseguimos ter uma visão em profundidade muito maior, o que nos permite uma recolha de informação mais prematuro, permitindo uma reação mais antecipada e melhor avaliada.
Já a condução noturna, para além de nos limitar a visão ao alcance das luzes, condiciona-nos a visão periférica e não permite avaliar, em certeza, a distância e velocidade dos outros condutores. Realmente conseguimos durante noite avistar as luzes dos outros condutores em cruzamentos, no entanto muitos há que circulam sem luzes, nomeadamente veículos de duas rodas sem motor ou cadeiras de rodas elétricas.
Quando circulamos durante o dia conseguimos, seja qual for a via, perceber onde começa e termina a faixa de rodagem, perceber, aproximadamente, a intensidade de uma curva e a sua condição. Já na condução noturna, na possibilidade de não existirem marcas rodoviárias, é muito difícil percebermos a largura da faixa de rodagem, o que vai dificultar um bom posicionamento na via, perceber a intensidade de uma curva, dificultando o seu desenvolvimento em segurança e a sua condição, nomeadamente eventuais obstáculos na berma ou deterioração.
Em termos comparativos a condução noturna é mais cansativa do que diurna, pois exige ao condutor um maior esforço ocular, acelera a chegada da sonolência e provoca falta de acuidade visual o que faz perder muitos dos poucos estímulos disponíveis.
Mesmo que tenhamos a ideia que conduzir durante a noite é mais facilitador para o condutor, essa é falsa e perigosa.