Há cerca de uma semana Portugal foi assolado por ventos muito fortes que acabaram por fazer muito estragos. Como se tratam fenómenos que são cada vez mais comuns, nunca fica mal recordar alguns conselhos básicos acerca
da melhor forma de conduizr com condições meteorológicas adversas. Não nos podemos esquecer que o furacão Leslie deixou o centro de Portugal de “pantanas” e houve locais onde os ventos chegaram aos 176 km/h.
Para além dos muitos fatores a que o condutor tem de estar atento quando se desloca de automóvel, existe um que não se vê e que pode influenciar de forma relevante a condução. Trata-se de uma força que se apresenta de forma lateral e que é suficiente para nos envolver num acidente que pode ou não ter consequências graves, os ventos laterais.
Este fenómeno da natureza é negligenciado pela maioria dos condutores que não sabe reagir na sua presença. São estas forças laterais ou rajadas que, não sendo visíveis, são sentidas pelo condutor. O princípio base é este: a maior ou menor influência do vento sobre a trajetória do veículo, faz-se sentir em função da velocidade a que este circula, mas também em função das suas dimensões e da carga que transporta.
Quase todos os condutores já sentiram a presença do vento, principalmente em viagens de auto-estrada, pontes ou viadutos.
Normalmente existem na zona avisos intermitentes que chamam a atenção do condutor para este fenómeno, por isso, sempre que ler um destes avisos, o melhor será adequar a velocidade às condições atmosféricas e complementar com algumas correções do volante. As rajadas provocam em todos os veículos desvios de trajetória, especialmente quando passamos de zonas abrigadas para descampados ou quando ultrapassamos ou nos cruzamos com veículos de maiores dimensões.
Quanto maior for o veículo com o qual nos cruzamos, maior será a tendência do nosso automóvel para ser sacudido por uma rajada de vento. Assim, em termos comportamentais, o condutor deverá sempre adaptar a velocidade de circulação às caraterísticas do automóvel que conduz, mas também ao estado do tempo, às condições climatéricas e do asfalto.
Na condução com vento, os comportamentos de defesa deverão ser variados, todavia grande parte dos condutores comporta-se de forma desadequada, mostrando-se totalmente insensíveis ao fenómeno, mesmo numa estrada onde exista sinalização apropriada para o efeito.
Como controlar o vento?
Reconhecendo o vento como fator de risco para a condução, a indústria automóvel não para de evoluir, criando a cada momento dispositivos de auxílio à condução que conseguem tornar os veículos imunes a este efeito.
Para já, o assistente de ventos laterais marca presença, de série ou como em opção, em veículos mais elevados, como furgões ou camiões. Estes dispositivos atuam em conjunto com o ESP e com a direção, e são ativados a partir de determinadas velocidades, nomeadamente acima dos 80 km/h, quando os sensores monitorizarem toda a ação do momento e concluírem que a segurança está em causa por causa de uma rajada mais forte. Como resultado desta intervenção eletrónica, o condutor não necessita de fazer tanto esforço no volante e o veículo segue mais equilibrado, mesmo quando pressionado pelo vento.
Apesar de todas estas ajudas, sem a intervenção humana, as correções e o bom senso de cada um tal não seria possível. Por isso, devemos adotar sempre uma condução segura, confortável e serena, evitando a todo o custo acidente rodoviários.
Quando se devem extremar precauções?
De acordo com o IMT, há três momentos aos quais devemos prestar especial atenção:
– Ao sair de um túnel ou zona protegida. Conduzimos dentro de um túnel resguardados do vento, mas assim que saímos do mesmo e, dependendo da velocidade, acabamos por ter de enfrentar rajadas de vento acima da
média. Não podemos correr riscos que nos apanhe desprevenidos e nos retire da nossa trajetória.
– Ao ultrapassar veículos de dimensões mais volumosas. Por exemplo, ultrapassar um camião ou um autocarro, o vento pode ficar bloqueado e, de repente, reaparece com mais força, pelo que devemos estar alerta e não deixar que interrompa o nosso retomar de faixa de rodagem.
– Pontes e viadutos. São outros elementos muito comuns nas vias normais de circulação a alta velocidades, como nas autoestradas. No momento que passamos por cima da ponte, e pelo fato de ser uma zona ampla, o vento circula de forma mais livre e com corrente de ar, podendo tornar-se mais forte e desviar-nos da nossa trajetória.
Como atuar se se fizer sentir muito vento?
1 – Antecipe o perigo – Na hora de conduzir, fixe os olhos na vegetação, nas árvores do caminho ou nas mangas de vento. Graças ao seu movimento poderemos ficar a saber a direção do vento e até a sua intensidade. O mesmo acontece se observarmos pó no ar ou objetos a voar.
2 – Agarre o volante com firmeza – Não deixe que este se mova, mantenha as duas mãos em cima dele e agarre-o com firmeza para que aguente as rajadas. Não faça movimentos bruscos nestes momentos. Relembre-se que, nestes casos, o vento lateral é mais perigoso, pois pode atirá-lo para fora da sua faixa de rodagem ou até da estrada.
3 – Reduza a velocidade – Não circule a alta velocidade se o perigo for grande. Um dos conselhos do IMT passa por circular a uma velocidade muito inferior à permitida e numa relação de caixa abaixo. Assim terá maior capacidade de reação e de manobrar o veículo.
4 – Não trave de forma brusca – Qualquer movimento repentino, feito com muita força, pode ser um problema ainda maior tendo em conta que a situação já de si é complicada.
5 – Circule no centro da estrada – Sempre que o trânsito o permita, em vias fora da cidade, circule com o carro o mais perto possível do centro da faixa. Se uma rajada de vento o desviar do seu curso, não sairá da estrada e não vai acabar na vala.
6 – Atenção com os reboques e objetos fora do veiculo – Tente evitar a sua utilização em dias de vento, pois a sua carga poderá sair disparada, bater no veículo ou ficar espalhada na estrada.
7 – Se estive a chover… – Pode ser que, em pleno temporal, para além do vento, também seja surpreendido pela chuva. O asfalto ficará mais escorregadio, pelo que deverá conduzir ainda com mais cuidado. Mantenha a distância de segurança e tenha sempre o carro preparado para conduzir com o piso encharcado.
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