Conduzir na tempestade: Pode cair um raio no seu carro?

Ines Carmo

14 de Maio de 2018

De certo já lhe aconteceu ter de conduzir à chuva e, provavelmente, também já o fez debaixo de um daqueles dilúvios que São Pedro nos envia de quando em vez para o nosso cantinho à beira mal plantado. O céu fica escuro, a visibilidade é praticamente nula, a estrada torna-se mais escorregadia e toda a condução exige maior cuidado, connosco e com os restantes utilizadores da estrada. E quando há relâmpagos?

Siga os nossos conselhos para conduzir sem problemas numa tempestade com relâmpagos.

O que pode acontecer numa tempestade elétrica?

A presença de raios é algo que nos vamos acostumamos a ver nas tempestades. Depois do clarão, segue-se o som retumbante do trovão, tão bom de ver e ouvir quando estamos no sossego do nosso lar. Mas a verdade é que a situação é bem diferente quando estamos a conduzir. No carro sentimo-nos mais vulneráveis e numa tempestade elétrica com chuva intensa e vento forte é mesmo capaz de nos colocar em apuros.

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Estas tempestades carregam correntes de até 30.000 amperes de intensidade e 800.000 volts de tensão, gerando energia na forma de calor que pode chegar a 8.000 °C. Temos sorte de contar com veículos resistentes e seguros em caso de impacto de raios, graças a uma carroçaria exterior que dissipa o choque para o solo, sem atingir os ocupantes, através do «efeito Faraday». Este princípio foi descrito pelo físico britânico Michael Faraday, que demonstrou a experiência, submetendo-se ele próprio a isto: o campo elétrico dentro de uma superfície condutora fechada e contínua é nulo.

Faraday desenhou um compartimento metálico, através do qual passava um corrente elétrica, enquanto ele permanecia sentado numa cadeira no seu interior. Graças a esta experiência, este efeito pode aplicar-se como modo de proteção em diferentes equipamentos eletrónicos expostos a estas alterações eletromagnéticas das tormentas, como são os repetidores de rádio e de televisão ou os aviões.

Numa tempestade, caiu um raio no seu carro?

Tudo tem uma explicação científica, por isso, nada de se entregar ao pânico. Se estiver dentro do veículo e protegido, os especialistas aconselham que siga três passos: não saia do carro por nenhuma razão, feche as janelas e é recomendável que desligue o rádio. Continue a circular tranquilamente, sem entrar em contacto com as partes metálicas da estrada, sobretudo se decidir estacionar em algum sítio protegido ou área de descanso. As cercas ou vedações de metal, bem como lagoas e zonas húmidas também não são espaços seguros.

Se o seu veículo recebeu o impacto do relâmpago em andamento, antes de sair do carro deve manter-se em espera durante algum tempo, pois a superfície da carroçaria ainda conserva alguma carga polarizada do campo elétrico. Dependendo da condutividade e resistência do momento, o mais natural é que gerando um arco elétrico entre o pneu e o solo, e devemos ter cuidado, pois é possível receber um choque ao tocar no chão.

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Como viu, os automóveis estão perfeitamente preparados e protegidos para estes casos, mas devemos ter em conta que as tempestades elétricas trazem nuvens carregadas de precipitação, normalmente de uma grande intensidade. A chuva, os trovões, a neblina, o aquaplanning… são muitos factores que obrigam a que os cuidados de condução sejam ainda maiores. Obviamente, também deve planear o trajeto, prestando especial atenção aos cuidados com o seu veículo.

A manutenção correta vai poupar-lhe desgostos e não requer assim tanto tempo. Reveja o estado dos travões, a pressão e a profundidade do piso dos pneus, as condições das escovas do para-brisas e o correto funcionamento do sistema de iluminação para evitar sustos. Uma tempestade elétrica põe-nos à prova enquanto condutores, mas também ao nosso veículo.

Fonte: Circulaseguro.com

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