Conduzir em ponto morto poupa combustível?

Duarte Paulo

16 de Janeiro de 2018

Vehicle Parts Control Shift Gear Knob

“Conduzir em ponto morto poupa combustível. Muitos já ouvimos esta afirmação, especialmente vindoade pessoas com mais idade.

Mas será que esta afirmação está correta? Será que ao conduzir em ponto morto poupa mesmo combustível? E será seguro? Descubra em mais este artigo do seu Circula Seguro. 

Realidades e ilusões sobre conduzir em ponto morto

“Nas descidas se estiver em ponto morto economiza combustível”. Esta é uma das informações mais frequentemente ditas por alguns “experts”. Porém, nenhum especialista em condução, ou instrutor de condução a diz, ou ensina. Porque será?

Apesar da frequência com que é repetida é um engano. Atualmente essa ação não traz benefícios, nem em relação à redução dos consumos, nem em relação à redução dos custos no geral.

Pode até parecer lógico poupar combustível em ponto morto, mas não é isso que acontece. Em carros modernos com injeção eletrónica, poupa mais combustível com a mudança engrenada.

Os peritos que falam disso queriam referir-se, provavelmente, a outras épocas, onde os veículos não tinham controlo eletrónico de alimentação de combustível. Quando usavam carburadores simples, o andar com o carro em ponto morto, poderia trazer alguma redução no consumo, mas sempre colocando a segurança em segundo plano.

O ponto morto deve ser utilizado com o veículo parado, como em semáforos ou congestionamentos. Circular em ponto morto gera desgastes prematuros em alguns componentes, como por exemplo os travões. Pois acabamos utilizando-os mais que o normal, seja para abrandar, seja para parar.

O motor deverá ser usado como travão, especialmente nas descidas. O motor permite controlar de forma mais adequada o deslizar do veículo, o chamado travão-motor, mas sem sobreaquecer os travões. Em caso de sobreaquecimento excessivo os travões deixam de funcionar, colocando a sua segurança em risco. Assim como a dos outros utilizadores da via pública.

Verdades e mitos

É um mito o famoso circular em ponto morto gasta menos combustível. Quando o veículo se econtrar em movimento, engatado e sem aceleração o sistema de alimentação do motor corta a injeção de combustível a zero. Pelo contrário se estiver em ponto morto é necessário continuar a injetar combustível para manter o motor em funcionamento.

A verdade é que ao andar em ponto morto aumenta a probabilidade de se envolver em acidentes. Pois ao não utilizar o motor para travar leva mais tempo, seja para diminuir a velocidade, seja para parar totalmente. Sobrecarregando os travões e aumentando o gasto destes.

Existe o mito que usando o carro em ponto morto ajuda no arrefecimento do motor. A verdade é exatamente o oposto. Quando o veículo está engatado e o condutor retira o pé do acelerador o sistema de injeção para de fornecer combustível. Sem queima de combustível reduz-se o aquecimento.

Não arrisque, nem invente

Se já se sentiu seduzido em colocar o carro em ponto morto nas descidas para poupar combustível, não o faça. O mais provável é não estar a economizar combustível e estar apenas a provocar mais desgaste que o necessário noutros componentes.

Existem duas formas simples de poupar combustível. Uma é circular a velocidades moderadas e numa relação de caixa o mais alta possível. A outra é nas descidas tirar totalmente o pé do acelerador com o veículo engatado. Pelos motivos já atrás explicados.

Por outro lado, como já falado anteriormente, sem injeção eletrónica, o carro pode gastar marginalmente menos combustível. Se o seu automóvel é assim, já é um clássico. Faça as contas do que está a poupar e a arriscar quando conduz assim.

Outra ideia, ainda mais mirabolante, é a de desligar a ignição do veículo. A nível de segurança o perigo é absurdo e elevado. Como o veículo está desligado, todos os sistemas também estão.

Deixam de funcionar a direção assistida e o servo freio. Ou seja, será imensamente mais difícil virar a direção e muito difícil, se não for mesmo impossível, travar. Cuidado com as “invenções”, não arrisque no que toca à segurança.

Foto | Max Pixel