Jorge Ortolá

8 de Setembro de 2014

Quando avaliamos acidentes rodoviários, tentamos procurar de imediato a causa/ culpa do mesmo e o seu responsável imediato. Se houve excesso de velocidade, álcool ou alguma manobra efectuada de forma incorrecta.

Fazemos um julgamento imediato das consequências que advêm dos acidentes, julgamento sem bases sólidas e apenas suportado por suposições ou estranhos conhecimentos de experiencias comentadas e não vividas.

 Corridas para a morte

O automóvel ganhou um poder nas sociedades capaz de levar a extremos os comportamentos de muitos dos seus utilizadores, apenas para conseguirem uma posição de destaque. Comportamentos que passam pelo vaidosismo de conduzir um automóvel topo de gama, um automóvel de referência ou tão somente pertencer a uma qualquer “sociedade” restrita.

Mas se até aqui o problema da coisa poderá não existir, a não ser na existência de cada um de nós, ele passa a ser uma realidade quando essa necessidade de evidência dentro dessas sociedade passam para um plano mais global; as corridas de rua.

Estas corridas podem acontecer de diversas formas, estando devidamente identificadas por cada um dos elementos que utiliza a via pública. Acontece que nunca sabemos quando, onde e de que forma essas corridas vão surgir e podemos ser surpreendidos de uma forma mortal.

É do conhecimento de todos que as “sociedades” dos Street Racer se encontram em locais previamente combinados e que desde esse ponto desenvolvem corridas com base em apostas elevadas. Fazem-nas utilizando o espaço público e colocando em risco imediato os seus utilizadores.

Este é um problema social, mas não é menor que o problema de ego que algumas pessoas têm e que o tentam combater ostentando grandes viaturas, retirando delas toda a sua potência, desenvolvendo verdadeiras corridas de rua num confronto directo contra si próprios. Este tipo de condutores é muito perigoso, uma vez que sobre de um narcisismo rodoviário que não lhe permite ver mais além da sua própria viatura.

Por fim, existem os condutores que não tendo uma grande máquina, tentam extrair dela uma potência e um comportamento que a mesma não suporta, condicionando toda a segurança envolvente, uma vez que os acessórios de segurança activa não vão funcionar adequadamente ou não saberão mesmo trabalhar com eles. Nestes casos, estamos a conviver com condutores que tentam mostrar-se excelentes pilotos de grandes máquinas, quando na verdade são péssimos condutores de fracas viaturas.

Em qualquer dos três casos anteriormente abordados, estamos na presença de verdadeiros corredores de corridas de morte, uma vez que esse é o resultado que advém dos seus comportamentos. Será sua a culpa? Sim, mas não apenas. certamente que a própria sociedade terá a sua quota parte de culpa, uma vez que cada vez mais exige de si mesmo essa arrogância material.

Foto¦ Streets Blog