A curiosa influência do estimulo visual

António Ferreira

27 de Dezembro de 2013

É surpreendente como a nossa atitude ao volante pode normalmente ser bastante condicionada pelos sinais visuais explícitos ou implícitos que captamos à nossa volta.

Sempre achei bastante engraçado ver como os carros quando circulam próximo de um veiculo da policia se tornam-se de repente muito respeitadores e bastante educados: até ligam o pisca para qualquer mudança de via, circulando a uma velocidade bastante razoável, sempre cedendo a passagem a outros veículos…! até mesmo parando nas passadeiras dos peões!

Mas estes carros que por uns instantes são um exemplo vivo de educação ao volante, são os mesmo que pouco depois pisam no acelerador a fundo no preciso momento em que o veiculo da policia necessita de virar para uma outra rua, fazendo de tudo e passando todos os amarelos que forem necessários para recuperar o tempo que perderam a fazer de “bom condutor”.

Com os motoristas que vão em motas brancas e vestem fatos amarelos florescentes passa-se uma coisa bastante semelhante. O medo de que ele leve o livro das multas no bolso faz com que a maioria dos condutores adoce a sua conduta na presença desta misteriosa figura que, por via das duvidas, preferimos ver sempre como um agente da autoridade. O mesmo sucede de igual modo, com os carros parados nas laterais de qualquer estrada… afrouxamos travando, não vá ser um radar…

Sempre fico com atenção a estes pequenos detalhes, e a verdade é que dando voltas à cabeça, fazem com que me questione muito seriamente se a melhor camuflagem consiste em utilizar carros civis normais para que não sejam associados a veículos da policia, ou dar a volta completa ao assunto.

Podem simplesmente imaginar quais dos carros que andam na via pública, os que foram obrigatoriamente marcados como sendo os carros da GNR, e os que entre deles o são realmente? Não tenho a mais mínima dúvida de que o simples facto de sentir-se a ameaça em cada um dos veículos que nos rodeiam faria que, “apenas por acaso”, todo o mundo respeitasse as normas e fossem um pouco mais cívicos ao volante.

Foto | G-SAT