Distância de segurança: quanto guardas tu?

Duarte Paulo

7 de Janeiro de 2014

Segundo o que indica o Código da Estrada (Art.º 18º) “os condutores devem guardar dos outros veículos uma distância suficiente que lhes permita parar em segurança no caso de travagem ou imobilização súbita”.

Já todos sabemos que deveremos manter uma distância de segurança para o veículo à nossa frente, sabemos também que essa distância deverá ser maior quanto maior for a velocidade a que circulamos, mas saberemos como calcular essa distância?

Distância mínima de circulação ou de segurança?

Um dos métodos é calcular dois ou três segundos em relação ao veículo da frente, conforme as condições de circulação. Devido à variação que o fator velocidade introduz neste cálculo, o Código da Estrada não define, em metros, qual é esta distância mínima de circulação, exceto para os veículos que circulam em marcha lenta fora das localidades no Art.º 40º, dizendo que devem manter 50 metros de distância entre eles e o veículo que os antecede.

Mas podemos entender a distância de segurança como o espaço necessário a que devemos seguir do veículo da frente, que nos permita reagir e imobilizar o veículo em segurança antes do obstáculo no caso de qualquer acontecimento inesperado.

A diferença entre o reagir e o imobilizar o veículo é muito grande, vejamos um exemplo, se circular numa via, com transito em dois sentidos, deverá ter em atenção que calculando somente o tempo de reação está à espera que o veículo que o antecede continue em marcha mais uns metros que os necessários para a sua reação, o que nem sempre acontece.

Um exemplo

Suponha que o veículo que o antecede sofre um embate com outro veículo em sentido contrário e partindo do pressuposto o embate é totalmente frontal, que ambos circulam à mesma velocidade e tem o mesmo peso, este embate resultará que ambas as viaturas pararão na via no local exato do embate.

Neste caso onde está o espaço para conseguir parar? Como o espaço que dispunha era somente de reação, só teve tempo de colocar o pé no travão e iniciar a travagem, se conseguir manobrar o seu veículo em torno dos acidentados, eventualmente conseguirá evitar o embate nestes, mas não necessáriamente evitará um acidente.

Mesmo evitando os intervenientes no acidente à sua frente e caso opte por desviar-se pela direita entrará provavelmente em despiste pois sairá de estrada pela berma, de encontro ao muro ou barranco que ladeia a estrada, ou para dentro da valeta.

Caso opte pela esquerda, terá sorte se não circular mais nenhum veículo no sentido contrário, e mesmo conseguindo passar em primeira instancia o local do acidente, o que provavelmente ocorrerá será uma situação idêntica ao conhecido teste do alce, um movimento com uma dinâmica sempre difícil de controlar.

As distâncias

Geralmente o que vemos nas nossas estadas, para além dos “colas”, quase todos circulam somente à distância de reação e sem mais margem nenhuma, pensamos que todos os problemas que poderão ocorrer ao veículo à nossa frente serão sempre algo que não nos diz respeito.

Convém saber que, calculando o tempo médio de reação em de cerca de 1 segundo, e sabendo que a distância de segurança a manter ao circular na via pública deverá ser sempre superior, se por exemplo circular a 30kms/h o seu tempo de reação levará a que o seu veículo percorra aproximadamente 9 metros.

Caso circule a 60km/h percorrerá 18 metros e a 120km/h serão 36 metros, mas não se esqueça que aumentando a velocidade a distância de travagem aumenta exponencialmente e não proporcionalmente, no exemplo dos 60km/h a distância de travagem é de 18 metros, mas no caso dos 120km/h já atinge os 113 metros e estes valores são a somar ao tempo de reação.

Mesmo em viaturas de alta performance, apesar de conseguirem melhores travagens, o aumento da distância de travagem é exponencial na mesma. Pratique uma condução consciente, as condições da via e atmosféricas influenciam imenso e não se esqueça, você não anda sozinho na estrada. Boa viagem.

Foto | Jessica S.