Embora estejamos a investir cada vez mais em sistemas de segurança e estejamos conscientes das precauções a tomar ao volante, muitas vezes não percebemos o risco nas pequenas ações que realizamos enquanto conduzimos: desfrutar da paisagem, atender um telefonema ou escrever uma mensagem enquanto em movimento simplesmente a avisar que em cinco minutos estamos a chegar ao nosso destino. As distrações são um fator perigoso ao volante que, apesar dos esforços de sensibilização de instituições, empresas e organizações como a Fundación MAPFRE, algumas pessoas continuar a subestimar.
Mas, as estatísticas deixam a realidade clara: de acordo com os relatórios da GNR, as distrações são a causa de mais de 30% dos acidentes e colocam em perigo a nossa vida e a dos outros. Os efeitos da perda de concentração na condução podem ter consequências fatais. Ao conduzir a 100 quilómetros por hora durante um segundo, são percorridos 27,8 metros. Se o condutor não reagir ao perigo iminente, a virar ou travar, as consequências podem ser terríveis. A distração mais frequente ocorre precisamente pela utilização do telemóvel: o envio de mensagens de texto multiplica por 23 as possibilidades de sofrer um percance.
A condução exige uma concentração total e contínua em três planos simultâneos: visual (olhos na estrada); manual (mãos no volante) e cognitivo (mente na condução).
Como as distrações são frequentemente causadas por maus hábitos que interiorizamos ou por não ser totalmente conscientes dos perigos, a Fundación MAPFRE resumiu as principais para que fique claro sobre as situações de risco. Aqui, algumas recomendações práticas sobre como evitá-las:
Cuidar as crianças. Se os ocupantes traseiros do carro forem crianças, as distrações são muito mais comuns. 3 em cada 4 condutores que viajam com crianças viram-se ou olham pelo espelho retrovisor. RECOMENDAÇÃO: assegure as crianças com um sistema de retenção infantil adequado. Antes de viajar, explique que não o devem distrair e certifique-se de que têm tudo o que precisam.
Utilização de dispositivos do veículo. Lembre-se que a concentração também deve ser manual: é importante manter sempre as duas mãos no volante. O navegador, iPod ou rádio são os reis das distrações, embora também seja importante lembrar que fumar ou procurar algo no porta-luvas pode ser um fator de distração. RECOMENDAÇÃO: Programar a rota no navegador antes de partir e estudar previamente a rota para que também ter na cabeça. Não procurar objetos (chaves, óculos, etc…). Se for urgente, pare e procure o que precisa. Caso contrário, faça isso na sua chegada. Prepare a música antes de sair e faça a sua lista de reprodução para não ter que procurar as suas canções favoritas no rádio. Também pode selecionar as suas estações favoritas no sistema de som. Antes de sair, verifique se conhece bem a disposição e o funcionamento de dispositivos como ar condicionado, luzes, limpa pára-brisas, etc…
Uso do telemóvel: o nível de distração ao falar ao telemóvel durante a condução equivale a conduzir depois de beber o dobro do permitido. É importante saber que é obrigatório o uso de um sistema de mãos-livres para as comunicações telefónicas, mas mesmo com este sistema, a capacidade de concentração é reduzida. RECOMENDAÇÃO: Faça os telefonemas e envie as mensagens que precisa antes de sair: Lembre-se que o envio de mensagens envolve três tipos de distração: visual (enquanto os olhos estão a ler o ecrã); cognitiva (mente está ocupada a elaborar a mensagem) e manual (dedos estão a digitar as letras ou botões). É melhor esquecer do telemóvel ao volante.
Pensamentos e preocupações pessoais. Causam frequentes distrações. Afetam a parte cognitiva: muitas pessoas usam a condução para organizar o seu dia, pensar nos problemas. RECOMENDAÇÃO: Ao volante, devemos deixar a nossa pressa, stress e preocupações pessoais fora do veículo. Concentre-se apenas na tarefa da condução.
Tirar os olhos da estrada. É muito comum, por exemplo, que os condutores que passam por um acidente olhem a cena e deixem de prestar atenção ao trânsito, causando frequentemente novos acidentes. RECOMENDAÇÃO: Nunca tire os olhos do trânsito e da estrada. Máxima atenção se suspeitar que ocorreu um incidente na estrada: os curiosos provocam numerosos acidentes.
Consumir bebidas ou alimentos. Para além do facto de que ambas as mãos devem estar no volante e de uma delas estar ocupada ao comer ou beber, imagine o que poderia acontecer no caso de engasgar ou derrubar bebidas quentes sobre si. RECOMENDAÇÃO: Planeie sempre os seus intervalos para beber e para refeições durante uma viagem. Não hesite em parar se tiver fome ou sede. Nunca o faça ao volante.
Não subestime o risco de distrações! Perceba que nada do que nos distrai ao volante é suficientemente importante para arriscar a nossa vida e a dos outros.