As distrações também circulam a pé

Redacción Circula Seguro

12 de Maio de 2021

Nos últimos dez anos, o número de peões atropelados aumentou 28%. A má utilização das novas tecnologias, especificamente, as distrações que causam, está por trás de muitas delas: mais de meio milhão de espanhóis admitem ter sofrido um contratempo diretamente relacionado com o seu smartphone, ao volante ou ao andar na rua, como revela o último Relatório de Distrações realizado pela RACE.

Peões isolados do seu ambiente

Oito em cada dez peões utilizam os seus telemóveis enquanto andam na rua. Os usos mais comuns são “ouvir música” (44% confessam que é um hábito) ou fazer e receber chamadas (28%). Estas práticas provocam o fenómeno chamado «peões zombies»: peões completamente isolados do ambiente em que circulam, especialmente quando usam auscultadores, e que, portanto, não têm a capacidade de responder aos estímulos, sinais ou códigos que regulam o seu papel na circulação.

Coimas para peões

Embora a maioria dos contratempos relacionados com estas circunstâncias ocorram nas cidades, o maior número de mortes por esta mesma razão ocorre nas estradas interurbanas. É importante saber que o aumento destas situações perigosas obrigou muitas câmaras municipais a introduzir penalizações específicas para os peões, por exemplo, por atravessar a rua em áreas não habilitadas fora das passagens de peões, por passar um semáforo vermelho, por invadir uma via para bicicletas ou mesmo por caminhar muito devagar porque se está a olhar o telemóvel.

Um problema global

Alguns países, inclusive, tiveram que rever o seu código da estrada para atender esta nova circunstância. No caso da Suécia, por exemplo, tiveram que introduzir um sinal de aviso de perigo, triangular com bordas vermelhas, em que um casal aparece a caminhar enquanto consulta os seus telemóveis sem prestar atenção ao que está a acontecer à sua volta. O sinal, presente desde 2016 e que começou a tornar-se popular nas ruas de Estocolmo, serve como um aviso aos condutores.

Não é o único país. Na cidade japonesa de Yamato, a cerca de trinta quilómetros de Tóquio, decidiram proibir diretamente os seus cidadãos de utilizarem o telemóvel enquanto andam nas ruas. Em Isan (Coreia do Sul), uma das capitais tecnológicas do mundo, instalaram luzes intermitentes e raios laser nas passagens pedonais para chamar a atenção dos peões que estavam a olhar para os seus telemóveis. Em Chonqging (China) até abriram faixas telefónicas para peões que se distraem com os seus telemóveis e em Honolulu, capital do Hawai, tiveram que promulgar a chamada “Lei de Andar Distraído” através da qual um peão pode receber uma coima por SMS enquanto atravessa a rua.

Fadiga visual

O abuso da tecnologia durante a pandemia também teve repercussões no aparecimento de alterações funcionais no sistema visual dos cidadãos, especialmente relacionados com fadiga visual digital e maior desfocagem na visão distante. Dois aspetos a ter em conta na circulação de peões, juntamente com o risco representado pelas máscaras e o embaciamento que produzem nas lentes dos peões que usam óculos. Os especialistas recordam que a visão e a segurança viária estão diretamente relacionadas. Quer devido a distrações ou causas funcionais, os riscos para os peões aumentaram.

Não ande distraído!