Os carros elétricos vieram para ficar. Com as entidades competentes a colocar limites à contaminação dos transportes e os fabricantes a apostar em modelos Plug-In, confirma-se essa transição do motor térmico ao elétrico. Vão ser muitas as mudanças a que vamos assistir nas cidades, entre elas, no estacionamento de veículos elétricos (VE).
As grandes cidades, no esforço de reformulação do transporte nos seus centros urbanos, estendem a mão à mobilidade elétrica. Em grande parte do nosso continente os elétricos beneficiam de vantagens exclusivas, quer seja o acesso a vias exclusivas e estacionamento gratuito. É uma situação que parece ideal para os donos deste tipo de modelos, mas em algumas ocasiões não é bem assim.
Se nos pusermos na pele do condutor deste tipo de veículos, referimo-nos ao momento em que vamos para um lugar reservado a carros elétricos e descobrimos que está ocupada por um modelo convencional.
Merecerão os carros elétricos lugares exclusivos?
Esta é uma situação com a qual muitos condutores de VE se depararam nos últimos tempos. Se passamos a vê-lo de outro ponto de vista, o do condutor do carro convencional que estacionou num lugar reservado, podemos encontrar várias perspetivas.
Por um lado, podem desconhecer que existe um estacionamento de carros elétricos. Ou, pelo menos, que essa área está reservada. Podem até estar conscientes, mas acreditar que apenas “não se devem utilizar”, e que não acontece nada se lá colocarem o carro. O ponto mais extremo é, claro, o do opositor dos carros elétricos, que faz uso de uma total falta de civismo ao estacionar, argumentando que o VE não merece um lugar exclusivo.
Com o carro elétrico acontece algo semelhante à situação dos lugares reservados a pessoas com deficiência motora. Não existem só porque sim, existem para facilitar o estacionamento àqueles que mais dele precisamo. No caso dos VE, ainda que bem diferente, há algum paralelismo.
O carro elétrico precisa de carregar
Os carros elétricos não são baratos. Talvez por isso, existe a crença de que todos os proprietários têm um grande poder económico. Pode haver alguma coisa certa nesta afirmação, mas não podemos assegurar que todos os que conduzem um VE têm um parque privado para o recarregar.
As ajudas a quem tem um VE vão no sentido de diminuir este tipo de problemas, para que a tecnologia esteja acessível a mais pessoas. Além disso, é preciso ter em conta a autonomia: Os carros 100% elétricos ainda não podem fazer grandes trajectos. Há, até, muitos casos em que para realizar determinados percursos é preciso contar com uma recarga num ponto intermédio. Por isso, os lugares dedicados aos carros elétricos contam como um ponto de recarga, que fica impossibilitada se outro veículo lhe ocupar o lugar.
Distinguir o estacionamento dos VE implica distinguir os VE
O civismo tem aqui um papel importante. Mas não é apenas do civismo dos outros que os condutores de VE dependem. As autoridades públicas e privadas (no caso de parques privados) têm muito a dizer.
Neste sentido, surge o problema de que não é assim tão simples distinguir um carro elétrico dos outros. Não podemos esperar que os responsáveis por zelar pelo correto estacionamento conheçam todos os elétricos do mercado.
Se já é complicado diferenciar à primeira vista entre um elétrico e um convencional, fica ainda mais difícil fazê-lo entre um elétrico, um híbrido ou um híbrico plug-in (já sem falar nos elétricos de autonomia estendida).
Um sistema de autocolantes, por exemplo, poderia ajudar a contornar este obstáculo.
Problema à vista: luta entre elétricos
Em Portugal, muito por culpa da falta de manutenção de muitos dos postos de carregamento públicos, estamos já a atravessar uma fase a que podemos chamar de crise de infraestruturas. Isto acontece porque o número de locais onde é possível carregar é insuficiente para a quantidade de carros elétricos que já começam a circular nas grandes cidades. Uma pequena volta por Lisboa e poderá aperceber-se da dificuldade em encontrar um lugar vago para o seu VE. Desde postos que não funcionam, aos que estão ocupados por outro utilizador que não se sabe quando irá voltar, até aos que estão simplesmente bloqueados por um carro convencional.
Por isso, facilitar a integração dos VE nas cidades passa também pelas nossas mãos, no comportamento cívico de respeito pelos direitos dos outros.
Fonte: Circulaseguro.com
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