Para substituir os espelhos tradicionais, os fabricantes começam a apostar em espelhos virtuais. Serão muito mais vantajosos?
Inicialmente presentes em protótipos, os espelhos virtuais entraram já no mundo automóvel. O Audi e-tron estreou a ideia nos veículos de série e no universo dos pesados a tecnologia também começa a fazer o seu caminho, com a Mercedes-Benz a equipar o novo Actros com um MirrorCam.
Afinal que vantagens é que este tipo de espelho tem relativamente ao espelho tradicional? Serão assim tão melhores que justifiquem a sua introdução ou será apenas uma cedência à mania da tecnologia?
A resposta é que, efetivamente, estes novos tipos de espelhos apresentam largas vantagens relativamente aos espelhos que a solução tradicional. Os benefícios traduzem-se em ganhos de segurança.
Os espelhos virtuais ou digitais consistem em pequenos braços com câmeras que mais não são do que um olho. A imagem captada pelas câmeras é depois projetada em ecrãs, através dos quais o condutor observa o que se passa no trânsito.
A melhor resolução, a melhor visibilidade e o maior campo de visão proporcionados pelos espelhos digitais tornam esta solução tecnológica vencedora. Especialmente quando as condições de luminosidade (caso da circulação à noite) ou climatéricas (como nevoeiro e chuva) são desfavoráveis.
Ao anoitecer, à noite ou quando o veículo entra num túnel, o sistema ajusta-se às mudanças nas condições de luz para garantir a melhor imagem.
Ultrapassar, realizar manobras, conduzir com pouca visibilidade e na escuridão (e no caso dos pesados, efetuar curvas) são algumas das situações em que as câmeras mostram a sua mais-valia.
No caso do recente MirrorCam do camião Actros da Mercedes-Benz, o sistema consiste em duas câmeras montadas, uma à esquerda e outra à direita da estrutura do teto, dois monitores verticais montados nos pilares A na cabine do motorista e elementos de controle no módulo da porta.
As imagens transmitidas pelas câmeras são transferidas para os dois monitores de 15,2 polegadas com uma resolução de 720 x 1920 pixels. Como o sistema de espelho convencional num camião, a imagem do monitor é dividida num campo de visão principal e de grande angular.
Como as câmeras são conectadas à estrutura do teto e os monitores estão localizados dentro da cabine, o condutor do pesado tem uma visão direta para a estrada muito melhor através das janelas laterais. A visão na diagonal à frente, que é obstruída em muitas situações pelos grandes espelhos externos convencionais, agora é clara. Isso é particularmente vantajoso quando um pesado se aproxima de cruzamentos e rotundas, nas manobras e em curvas apertadas.
Esta tecnologia ao evitar a necessidade de haver espelhos grandes é algo que também por si mesmo proporciona uma melhor visibilidade geral para o cenário rodoviário.
Também o fim dos espelhos grandes nos pesados permite melhorar a resistência aerodinâmica e diminuir os consumos.
A MirrorCam apoia ainda o motorista na marcha atrás, tal como as linhas de distância no visor que são traçadas, pois auxiliam o condutor a medir melhor a distância dos objetos que se encontram atrás do veículo e a alinhar o camião para fazer a trajetória desejada.
Tudo o que são habituais ângulos mortos ou invisíveis ficam agora visíveis, o que ajuda a aumentar a segurança, designadamente dos utentes mais vulneráveis da estrada, como ciclistas, peões e motociclistas, cuja menor volumetria leva a que muitas vezes passem despercebidos dos condutores de veículos de quatro rodas, em especial os de grande porte como camiões ou autocarros.
Os engenheiros da Mercedes-Benz referem que no caso da MirrorCam a posição de montagem dos braços da câmera fica também menos suja do que o espelho de vidro inferior. O revestimento repelente à água das lentes da câmera também contribui para isso. Para além do mais, a visão dos ecrãs é livre de reflexos e também está imune à sujidade.
Os espelhos virtuais têm ainda a vantagem de serem integrados com tecnologias de alerta de colisão ou de aproximação de quaisquer viaturas.