O sistema de travagem é um dos elementos mais importantes na mecânica dos automóveis e motos, em conjunto com o sistema de direção são os dois componentes mais importantes de qualquer veículo.
No caso especifico dos travões, são projetados, desenhados e dimensionados, com o objetivo de garantir uma capacidade de desaceleração do veículo considerada eficaz perante uma utilização regular do mesmo.
Como funcionam os travões
Os travões são um mecanismo de conversão de energia cinética em calor por meio da fricção, a sua eficiência é medida pela capacidade de dissipar o calor gerado por essa fricção. Existem dois tipos de sistemas que são utilizados nos veículos que geralmente nos rodeiam no dia-a-dia, são os travões a disco, feitos geralmente de ferro fundido ou nalguns carros mais performantes são materiais compostos cerâmicos.
Para parar a rotação das rodas é usado um material de fricção na forma de pastilhas de travão, montadas em um dispositivo chamado de maxilas, ou pinça, é forçado mecânica, hidráulica, pneumática ou electromagneticamente contra os dois lados do disco. A fricção das pastilhas faz com que o disco, solidariamente em conjunto com a roda desacelerem ou parem por completo.
O outro tipo de travões são chamados de tambores, foram os mais usados nos veículos do inicio do século XX, mas tem problemas com a dissipação de calor, especialmente a em altas velocidades. Apesar de terem sido revolucionários na época a sua forma fechada impedia um eficaz arrefecimento dos componentes. Atualmente é usado em alguns veículos no eixo traseiro devido à menor necessidade de poder de travagem neste eixo.
Breve história dos discos de travão
A fim de aperfeiçoar os sistemas de travagem, em meados de 1890 foi idealizado o travão a disco, mas só em 1898, umas das primeiras versões foram utilizadas pelo inventor norte americano Elmer Ambrose Sperry num carro elétrico onde a pastilha era forçada contra o disco por um sistema eletromagnético.
Contudo só em 1948 é que o fabricante de carros Crosley Corporation começou a usa-los nos seus veículos. Os fabricantes de carros ingleses e franceses começaram a introduzi-los de forma regular nos seus veículos nos anos de 1950 e os americanos só nos anos 60.
Na maioria dos veículos a pressão que efetiva da travagem é gerada através de um cilindro hidráulico, que quando acionado pelo condutor empurra as duas pastilhas de encontro ao disco de travão, a pinça é móvel permitindo distribuir a pressão de forma idêntica nos dois lados do disco.
Os travões dos veículos elétricos e híbridos
A energia cinética inerente ao movimento é transformada em calor por fricção, como já foi falado acima, porém nos carros elétricos e híbridos a energia é recuperada, geralmente transformada diretamente em corrente por um alternador, sendo então armazenada em uma bateria para quando for necessário proporcionar energia ao grupo propulsor.
Só por curiosidade, a energia cinética aumenta com o quadrado da velocidade, o que significa que se a velocidade de um veículo em determinado momento for o dobro de outro momento a energia disponível é quatro vezes superior no caso do veículo que circula mais depressa, aí dependerá da capacidade do sistema em aproveitá-la na totalidade, ou não.
Esteja atento aos travões
As pastilhas de travão devido ao atrito reiterado, provoca um desgaste ao qual deveremos ter atenção, além do controlo visual que eventualmente pode fazer, deverá verificar o seu manual e informar-se qual o valor indicado pelo fabricante, por norma as pastilhas de travão deverão durar cerca de 40.000 quilómetros aconselhando-se uma verificação a cada 10.000 quilómetros.
Os discos de travão também perdem as suas características e convém verifica-los aquando da mudança de pastilhas. Caso note um “correr” anormal ou alguma vibração estranha em travagem, passe na sua oficina para verificar e trocar os discos se necessário. Alguns fabricantes aconselham a substituí-los a cada duas mudanças de pastilhas, o que deverá significar aproximadamente 80.000 quilómetros.
A maioria dos automóveis utiliza um circuito hidráulico, pelo que o líquido de travões é o elemento que leva a pressão das bombas aos cilindros e garante que a travagem é efetuada de forma adequada, pelo que a verificação do seu bom estado, através do ponto de ebulição e humidade, deverá ser um fator a não descurar para manter a sua segurança.
Logo após a mudança de qualquer dos componentes de atrito as temperaturas demasiado altas não são benéficas, daí ser necessário algum cuidado em travagens prolongadas, ou mais violentas.
Guia rápido sobre travões
Além dos cuidados acima mencionados o sistema de travagem do seu veículo está em mau estado se detetar algum dos seguintes problemas:
– Se a luz dos travões se acender no painel de instrumentos do seu veículo, motivo: pastilhas gastas.
– Se for preciso mais força no pedal de travão do que o habitual, motivo: problemas no servofreio ou no cilindro mestre.
– Se o veículo se desviar para um lado nas travagens, motivo: problemas no repartidor de travagem.
– Se o pedal se afundar sem pressão, motivo: Fuga, ou sobreaquecimento, no circuito do líquido de travões.
– Se notar vibrações ou pancadas no pedal, motivo: discos empenados.
– Se o percurso do pedal é maior do que o habitual, motivo: pastilhas desgastadas ou falta, ou deterioração, do líquido dos travões.
Ao saber da importância do sistema de travagem para a sua segurança convém estar atento ao estado de todo o sistema, efetuar a sua manutenção atempadamente e dentro de períodos regulares conforme a quilometragem percorrida ou o tempo decorrido.
Foto | Petras Gagilas