Estrada Nacional 109, uma arma rodoviária

Jorge Ortolá

11 de Agosto de 2014

Há uns anos atrás, em Portugal, procedeu-se ao levantamento dos diversos pontos negros existentes na rede rodoviária portuguesa, com o intuito de os identificar e neles actuar de modo a os eliminar ou, na melhor das possibilidades, diminuir essa negridão que representavam no mapa das estradas portuguesas.

Pareceu-me, na ocasião, uma boa ideia. Algo que realmente estava em falta e que mostrava uma verdadeira preocupação das entidades responsáveis pelo bem-estar dos condutores, não apenas os portugueses, mas sim todos os que nas nossas estradas circulassem

Estrada Nacional 109/ IC1

A Estrada Nacional 109/ IC1 tem um troço que cruza o Concelho da Figueira da Foz. Se bem sabemos que ela se alonga por outros Concelhos também, hoje é um pequeno troço que desejo abordar, uma vez que é nesse pequeno troço que o perigo está permanentemente presente.

O troço da Estrada Nacional 109 que medeia a rotunda de acesso à localidade da Cova/ Gala e o cruzamento para a localidade da Leirosa é, sem dúvida, um trajecto que deve fazer ativar no cérebro dos condutores um sinal de alerta de perigo iminente.

Este troço da Estrada Nacional 109, para além do deficiente estado do pavimento, que se encontra em total abandono e lamentável degradação, ostentando crateras e outras irregularidades, para além de falta de marcação rodoviária, é uma estrada que foi construída com ideias antigas e nunca adaptada à actualidade.

Estado o pavimento em avançado estado de degradação, uma vez que parece estar-se presente de “terra de ninguém”, alguém colocou um sinal vertical de carácter temporário, que não se sabe exactamente quanto, a indicar que o pavimento se encontra em mau estado. Ora, se alguém sabe que ele está em mau estado, porque não o repara?

A sinistralidade na Estrada Nacional 109

O último caso que ali se passou foi o de o acidente de um  automóvel ligeiro e um automóvel pesado (Betoneira). Mas já antes deste, muitos outros, igualmente mortais ali ocorreram. Pode justificar-se que, como será mais fácil justificar, grande parte deles se deveu a excesso de velocidades ou manobras mal realizadas, mas a verdade é que “A ocasião faz o ladrão”.

Aquele troço da Estrada Nacional 109 está mal estruturado. Foi construído há mais de 20 anos e tinha o propósito de retirar o transito, principalmente o de veículos pesados de transporte de madeira para as fábricas de celulose da zona, de dentro das localidades envolventes. Criou-se uma longa recta, com uma largura de via muito interessante.

Acontece que essa enorme recta desperta em muitos condutores a vontade de acelerar, em verdadeiras corridas não combinadas, com ultrapassagens desapropriadas e num pavimento que não permite uma aderência minimamente capaz de garantir uma segurança rodoviária minima. Sempre que existe a necessidade de actuar de forma reativa, por vezes, tal não é possível e dão-se os mais nefastos acidentes.

Estrada Nacional 109

Medidas de prevenção e segurança rodoviárias

A primeira medida de prevenção que se poderia fazer naquele troço para minimizar a sinistralidade rodoviária, que tão elevada e mortal se tem mostrado, é desenvolver um projecto de adaptação daquela via, nomeadamente na intervenção da sua estructura.

Para que se elimine quase em 100% a possibilidade de continuarem a existir ali os acidentes que existem, deverá aquele troço da Estrada Nacional 109 sofrer uma alteração profunda. E isso passa por deixar de ser uma longa recta e passar a ser um troço composto por curvas que não permitam que se atinjam elevadas velocidades.

Depois, deverá ser colocado um separador central entre os dois sentidos de trânsito, evitando deste modo os choques frontais que se têm verificado no local. Uma repavimentação nova e dois ou três radares detectores de velocidade, fixos.

Esta intervenção irá ter custos, é verdade, mas essencialmente irá permitir que deixe de morrer tanta gente naquela estrada que, não sendo um ponto negro, é uma verdadeira mancha vermelha permanente, devido aos litros de sangue e lágrimas que ali se têm derramado.

Foto¦ Figueira na Hora