Passagens para animais: estradas respeitosas com a fauna

Redacción Circula Seguro

8 de Outubro de 2021

Chegou a considerar o impacto da construção de estradas na fauna? Cada vez é mais comum ter vivido em primeira mão ou conhecer alguém próximo que teve um acidente como resultado de encontrar um animal na estrada. As valas das estradas, onde o número de animais atropelados aumenta constantemente, são um bom exemplo disso, para além do aumento em saídas de pista e acidentes ao evitar animais.

Fragmentação do habitat

A chave do problema tem um nome: fragmentação do habitat. Em muitos casos, os traçados das estradas cortam literalmente os caminhos naturais que os animais faziam para buscar alimento, abrigo, para viagens migratórias periódicas ou para o acasalamento. No passado, este caminho era muito mais ajustado ao terreno; no entanto, atualmente, as maiores exigências são as novas técnicas de construção que geram um maior impacto em termos de ocupação do solo da estrada e, portanto, uma maior invasão dos habitats naturais.

Análise prévia

As passagens para a fauna são uma boa alternativa para minimizar o impacto das estradas nos ecossistemas. Minimizar, mas não eliminar, pois, além do impacto direto dos acidentes, existem outros efeitos indiretos como as consequências do aumeto da poluição, ruído, luz, etc…. É importante que a construção destas passagens não seja feita ao acaso, mas que responda a uma análise e identificação da fauna específica, dos movimentos e pontos de ligação ecológica e das zonas conflituosas onde existe uma alta taxa de mortalidade animal, bem como casos de colisão com automóveis.

Uma vez realizado esta análise, os técnicos decidem sobre o melhor tipo de passagem da fauna para cada terreno. Existem diversas fórmulas:

  • Ecodutos: São pontes verdes, geralmente de grandes dimensões, com solo e flora, que permitem a travessia de animais de forma segura.
  • Passagem superior específica para fauna: Estas passagens apenas podem ser utilizadas por animais, garantindo assim que não há perturbação no caminho dos animais. Consistem geralmente em pontes ou passarelas.
  • Passagem superior multifuncional: São geralmente utilizadas para recuperar caminhos de gado com muito pouco tráfego de veículos. A zona para a circulação desses veículos pode ser pavimentada ou coberta com cascalho, enquanto os lados devem ser cobertos com terra e, sempre que possível, com plantações.
  • Passagem inferior específica para grandes mamíferos: Quando a estrada passa por uma terraplanagem, as passagens são utilizadas para restabelecer a permeabilidade do solo. É importante uma boa drenagem para não haver acumulação de água. Ao ser específica, apenas permite a passagem da fauna.
  • Passagem inferior multifuncional: Semelhante ao caso anterior, embora neste caso também são destinadas à restituição de caminhos de gado. A zona destinada à passagem de fauna deve ser coberta com substrato natural.
  • Passagem inferior específica para pequenos vertebrados: Neste caso, é uma passagem com menores dimensões (mínimo 2×2 metros) e deve ter o mais curta possível.
  • Drenagem adaptada para animais terrestres: É uma solução concebida para a passagem de pequenos e médios mamíferos. Possui uma área central para a passagem de água e corredores laterais para a passagem da fauna. Estes corredores devem ter uma largura mínima de 50 cm.
  • Drenagem adaptada para peixes: Todas as estruturas para a passagem de água de forma permanente têm de ser equipada para a passagem de peixes, dando continuidade ao fluxo de água da forma mais natural possível.
  • Passagens para anfibios: Os anfibios são animais que não podem guiar os seus movimentos, por isso estas passagens devem ter uma estrutura orientada para facilitar o seu trânsito.

Como curiosidade, o ecoduto mais longo está nos Países Baixos. Esta obra cobre 800 metros e atravessa uma estrada, caminhos de ferro e um campo de golfe. O país foi pioneiro na construção deste tipo de passagens e graças a elas conseguiu aumentar significativamente a população do texugo europeu, uma espécie em perigo de extinção.