O que se pretende, de um serviço público, seja ele qual for, é que tenha uma qualidade minima aceitável, a um custo justo e num timming correcto e capaz de dar resposta credível a quem dele recorre. Se assim for, estamos na presença de um excelente investimento do dinheiro dos nossos impostos, taxas e afins. Caso contrário, poderemos estar na presença de um verdadeiro “bico de obra”.
E o que se pretende por parte do IMT, nomeadamente dos centros de exame, é que tenham uma celeridade processual na marcação das provas de exame, sejam elas teóricas, sejam elas práticas, capaz de serem uma boa opção para as escolas de condução e para quem requer os seus serviços.
Uma morte anunciada de mais um serviço público
Pensar-se que o serviço público no sector da avaliação de exames prestado pelo IMT alguma vez foi de qualidade, é pensar-se de forma errada; ou seja, nunca este instituto conseguiu prestar um serviço que se dissesse de bom, por esta ou aquela razão. No entanto, actualmente, tal facto é cada vez mais uma realidade.
Já há muito tempo que se ouve dizer que a intensão dos mais diversos Governos é de passar o sector da avaliação dos exames teóricos e práticos de condução automóvel para o sector privado. Já existem em Portugal, há pelo menos uma década, instituições privadas que executam tal tarefa, sob a batuta do IMT.
Acontece que, os custos inerentes à execução das provas de avaliação nesses centros de exame privados encarecem o valor monetário das cartas de condução e nem todos os que se propõem a adquirir o respectivo título estão na disponibilidade de pagar mais dinheiro, ou porque não podem ou simplesmente porque não querem.
No entanto, e tendo em atenção os tempos de espera dos exames de condução práticos com que os serviços do IMT presenteiam os candidatos, através das escolas de condução, tudo faz crer que esse mesmo IMT está a empurrar os clientes das escolas de condução para os centros de exame privados.
Qual a razão por detrás de mais de dois meses de espera?
Muitos são os que se questionam de qual a razão por terem de esperar mais de dois meses até verem marcada a sua prova prática de aptidão, quando nos centros de exame privados tal consegue-se, na pior das hipóteses, em duas a três semanas?
A questão tem três respostas bastante simples de dar e de resolver; primeiro, porque os centros de exame de condução privados, ao serem uma empresa, necessitam de ter a maior quantidade de serviço, podendo dessa forma aumentar os seus lucros e fazer frente às suas despesas; segundo, porque utilizam um software de marcação de exames que lhes proporciona agilizar essa marcação, diminuindo o tempo de espera e proporcionando trabalho aos seus colaboradores (examinadores) e em terceiro, porque não são Estado, em que se não houver verba advinda daquele sector, virá verba doutro sector para fazer frente aos custos inerentes.
Mas os grande problemas, essencialmente, para estes atrasos, são dois; software utilizado inadequado e falta de examinadores; o Estado não coloca novos examinadores e os que lá estão, muitos deles, encontram-se à beira da idade da reforma (muitos já se reformaram).
Existem centros do IMT com mais de quinhentos pedidos de exame pendentes a aguardar marcação de data de exame prático. Esta realidade é de todo impraticável para todos, principalmente para os candidatos e para as escolas de condução.
Foto: CM