
Compare as ofertas existentes no mercado, descubra se está na altura de trocar de carro.
A idade da frota automóvel persiste como fator de risco nos últimos anos. Mas a crise económica, as regulamentações antipoluição e as novas tecnologias de segurança influenciaram a decisão de comprar um novo veículo. A questão nunca foi tão relevante como agora, quando devemos trocar de carro?
É uma pergunta atemporal e que, mais cedo ou mais tarde, vamos acabar nos perguntando. Ela está intimamente relacionada com outra. Quando podemos considerar um carro usado? A resposta é complexa, pois depende de diferentes variáveis.
O que está claro é que a idade do veículo tem impacto direto na segurança. Não só pelo desgaste implícito, mas porque os novos modelos que chegam ao mercado oferecem tecnologias de segurança mais avançadas.
O envelhecimento da pirâmide da frota de automóveis
Isso explica porque é que a idade média dos automóveis de passageiros afetados por um acidente com mortes foi de 13,6 anos, em 2016. Na época foi tornada pública uma análise que comprovava que o risco de morte duplica se viajar num veículo que ultrapasse 7 anos de vida. Quando passa dos 10 anos o risco triplica.
Dois anos depois, em 2018, essa média sofreu uma redução para 12,4 anos. Especialistas apontavam que uma redução significativa não seria alcançada antes de 2022. Algo que a crise com a Covid-19 ameaça prolongar por um pouco mais.
A ANFAC (Associação Espanhola de Fabricantes de Automóveis e Caminhões) traz uma perspetiva a longo prazo. A parcela de automóveis e SUV’s com mais de uma década em 2018 correspondeu a 61,6% do parque. Apenas uma década antes, essa proporção de idade era de 35,7%. Não estamos a caminhar no sentido certo.
Não envelhecemos todos da mesma forma
Considere que essas estatísticas se aplicam em grande escala. E, dependendo de cada modelo e do tipo de condução praticado, a manutenção, o envelhecimento pode ser avançado ou retardado. Assim como a genética, ou uma vida de excessos, pode afetar os humanos na velhice, a segurança em veículos antigos apresenta grandes diferenças entre as “espécies”.
Vamos continuar com a analogia do “veículo humano”. No nosso caso, a medicina, a higiene ou a alimentação elevaram a expectativa de vida a níveis recordes nos últimos séculos. Essa tendência está sendo transferida para os veículos como soluções tecnológicas, principalmente aquelas relacionadas com a assistência ao condutor.
Como saber o que temos para trocar de carro
Em geral, os carros são considerados:
– Novos até três anos (cinco anos no caso do segmento de luxo) ou 40.000 quilômetros.
– “Adultos” a partir dos cinco anos de idade ou até 70.000 quilômetros, nos quais o desgaste geralmente não leva a complicações relevantes.
– Velhos ao cruzar a fronteira de 9 anos ou 150.000 quilômetros.
– “Zombies”… Sim, existe vida após a morte de um veículo, mas tem a ver com um problema jurídico.
Esta classificação padrão deve ser diferenciada do que é chamado de vida útil de um veículo, na qual diferentes elementos podem intervir. A motorização é talvez o mais importante de todos. A vida útil de um motor a diesel é diferente da de uma gasolina:
– Diesel. Geralmente chegam a 400.000 quilômetros com o “devido cuidado”, ou não chegam a 200.000 se você abusou da genética da compressão.
– Gasolina. Como acontece com o diesel, será difícil chegar a 200.000 quilômetros sem um mínimo de respeito e decoro mecânico. Tomando esses cuidados, o normal seria chegar a 250 mil quilômetros.
– Elétrico. Dependerá muito da variante elétrica, principalmente em relação à bateria. Embora a superioridade mecânica do motor elétrico o torne mais resistente ao desgaste, sua idade está mais ligada à vida útil da bateria, que costuma ser definida (“com pinças”) em dez anos ou 200.000 quilômetros.
Descubra os sinais de envelhecimento para trocar de carro
No cenário atual, em especial nos últimos anos devido às novas tendências na indústria automóvel, mudou a forma de entender um automóvel como “envelhecido”. Além disso, desta vez vamos nos concentrar nos sinais que afetam diretamente a segurança. Entre eles, podemos encontrar alguns sinais de envelhecimento que nos farão pensar se devemos trocar de carro:
– Avarias recorrentes ou constantes que nos tornam “patrocinadores” das oficinas;
– Perda de líquidos ou um “transpirar” persistente nas ligações e mangas;
– Sinais de combustão defeituosa, podem ser notados na mudança de cor dos gases de escape e cheiro intenso;
– A carroceria deteriorou-se ao extremo;
– Os componentes do habitáculo que influenciam a condução (volante, bancos, pedais, outros controles, etc.) não oferecem a resposta de outrora ou o que deveriam;
– Ruído e vibrações anormais. Eles merecem um capítulo separado. Dependendo da fonte do ruído ou vibração, pode ser um problema. Os de motor, embraiagem, transmissão, direção, suspensão ou travões merecem atenção especial. Se também forem acompanhados por uma resposta física do carro ao conduzir, eles representam um risco para a sua segurança;
No entanto, nem tudo depende da nossa sensibilidade sensorial. A inteligência eletrónica dos modelos costuma nos alertar para diversos perigos. São diversos os alertas que podem e devem surgir no painel de instrumentos alertando de que algo não está funcionando como deveria.
A tecnologia de hoje retarda o envelhecimento
Este não é um anúncio de cosméticos para automóveis. Ao fator tecnológico está a ser dada a oportunidade de ser histórico na baixa da taxa de acidentes. Não é algo novo. Vimos isso há alguns anos com a integração maciça do airbag ou controle de estabilidade ESP, que se tornou obrigatório em 2011.
Na equação tecnológica, não podemos ignorar que o fator humano é a causa da grande maioria dos sinistros. A nova geração de modelos que integram tecnologias ADAS ataca diretamente esse fator. Eles constituem uma série de sistemas que auxiliam na condução.
Nesse sentido, em 2022 todo o carro novo deverá contar com o assistente de velocidade inteligente, um sistema de controle de manutenção na faixa ou alerta de atenção, entre outros. Estudos revelam que essas soluções podem evitar metade das colisões, assim como tornar mais seguro dirigir na neve, gelo ou chuva.
A tendência com as tecnologias ADAS resgata a Teoria da Relatividade para a era dos veículos. Ou seja, quanto mais jovem o veículo, maior a probabilidade de que sua condução seja mais segura e não só para si. A evolução contribui para ajudar a prevenir o erro humano, graças a essa revolução melhorou não só na segurança passiva, mas também a ativa.
Desta forma, um importante hiato de gerações está surgindo entre os modelos da década anterior e esta. Obviamente, a vida eterna duma mecânica é um conceito utópico e até ridículo para os fabricantes. Porém, o que se tem conseguido é reduzir o impacto da idade em relação à segurança.
O fator da poluição
Neste milênio e, principalmente, nos últimos cinco anos, surgiu um novo fator de envelhecimento para os modelos. Falamos sobre saúde e emissões poluentes. As políticas antipoluição definidas pela União Europeia atingiram uma viragem narrativa culminante com a redução da meta de emissões para 95 g/km de CO2.
Mas a questão tornou-se numa urgência institucional que se materializou em fenômenos como as zonas de emissão zero nas cidades (ZER), que impedem o trânsito a veículos mais antigos, geralmente mais poluentes.
A troca de carros tornou-se uma prioridade não tão esperada para alguns condutores que precisam, ou desejam, um novo veículo para superar as limitações de mobilidade. Em muitos países, Portugal incluído, a fronteira de idade para automóveis é marcada pela relação direta com as normas Euro.
O consenso de que a frota de automóveis precisa ser renovada para padrões mais sustentáveis é maioritário. No entanto, há um debate sobre como lidar com esse objetivo. Em todo caso, o positivo é que, cada vez mais, a mudança de carro aspira a ser, não uma questão de segurança ou saúde, mas de conforto, bom gosto e consciência ambiental.
Original | Jaime Ramos
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