Chamava-se Nils Ivar Bohlin e construiu no final da década de 50 o primeiro cinto de segurança tal como hoje conhecemos para, altura, equipar um Volvo PV544.
Quem era Nils Bohlin?
Nils Ivar Bohlin (1920 – 2002), o inventor do cinto de 3 pontos, nasceu na localidade sueca Härnösand e licenciou-se em engenharia mecânica na Härnösand Läroverk. Em 1942, inicia o trabalho numa empresa de aviação onde, entre outros projetos foi responsável pelo desenvolvimento de sistemas de ejeção.
É apenas em 1958 que inicia o percurso profissional na Volvo como engenheiro de segurança. Durante cerca de um ano desenvolveu o cinto, transportando conceitos dos sistemas de ejeção que tinha estudado anteriormente. A sua preocupação principal baseava-se em como manter o condutor seguro durante um acidente. Introduziu o cinto de segurança de 3 pontos em 1959 e, posteriormente, viria a comandar o Departamento Central de Investigação e Desenvolvimento da Volvo onde se manteve até 1985.
Ao longo da carreira recebeu várias distinções pelo seu trabalho com destaque para:
- 1974 – Ralph Isbrandt Automotive Safety Engineering Award
- 1989 – Hall of Fame for Safety and Health.
- 1995 – Gold medal from Royal Swedish Academy of Engineering Sciences
- 1999 – Automotive Hall of Fame
O cinto de 3 pontos
Antes de Nils Bohlin criar o cinto de 3 pontos, já havia preocupações com a segurança dos passageiros, pelo que existiram diferentes tipos de cintos. Na década de 1930, nos Estados Unidos da América, chegaram a haver imposições para equipar as viaturas com cintos.
Nessa altura, o cinto de 2 pontos era a solução mais utilizada, mas existiam também algumas variantes dos cintos de 3 pontos. O problema era que estes não protegiam os ocupantes de forma eficiente, especialmente a velocidades mais elevadas.
Nils Bohlin já tinha estudadado e compreendido as forças geradas numa colisão. Basicamente, o cinto deveria absorver a força no sítio certo, sendo ao mesmo tempo fácil de usar e ajustar.
O design desta inovação tinha tanto de simples como de eficiente: Um cinto diagonal combinava com outro horizontal, formando um “V” preso a um ponto de fixação baixa, colocado de forma lateral ao assento. O conjunto assegurava que os cintos se mantinham na sua posição mesmo após um acidente. Estes mesmos princípios são aplicados hoje e a utilização deste cinto reduz o risco de fatalidade ou de lesão grave em mais de 50%.
1959 – A estreia
A 13 de Agosto de 1959, foi entregue o primeiro automóvel equipado com um cinto de segurança de 3 pontos. A viatura era um Volvo PV544 e a entrega foi feita num concessionário Volvo da localidade sueca de Kristianstad.
A Volvo foi o primeiro fabricante automóvel no mundo a equipar de série os seus automóveis com cintos de segurança de 3 pontos nos bancos da frente.
No mercado nórdico, para além dos PV544 também o P120 (Amazon) recebeu esta mais-valia em matéria de segurança. A invenção foi patenteada de forma aberta o que significava que estava totalmente disponível para quem a quisesse utilizar. Todos os condutores podiam beneficiar de um pouco da tecnologia de segurança da Volvo, independentemente da marca que estivessem a conduzir. Isto demonstrava o compromisso da marca para com a segurança automóvel.
Estava dado um passo de gigante na melhoria da segurança rodoviária mas não foi imediato o sucesso do cinto de segurança de 3 pontos. Seriam precisos mais alguns anos até que a maioria dos condutores e o resto da indústria automóvel se convencesse que a sua utilização era de facto necessária.
Estudos de segurança
Em 1963, a Volvo introduz o inovador cinto de segurança no mercado americano e noutros mercados. Contudo, antes do lançamento, foi feito um conjunto de testes a viaturas equipadas com diferentes tipos de cintos de segurança. Os resultados não podiam ter sido mais esclarecedores: O novo cinto de segurança era, de longe, aquele que proporcionava melhor protecção aos passageiros.
Alguns anos mais tarde, em 1967, a Volvo apresentou numa conferência de segurança rodoviária nos EUA, o estudo “28.000 Accident Report”. Um relatório construído com base nos dados recolhidos na Suécia relativos a todas as colisões ocorridas no país com veículos Volvo no ano anterior.
Aqui também os resultados foram evidentes – e o mundo finalmente tomava consciência. Os estudos indicavam claramente que o uso do cinto de segurança salvava vidas e reduzia a gravidade das lesões entre 50%-60%.
Números que falam por si
Não é fácil dar um número exato do número de vidas que já foram salvas graças à utilização do cinto de segurança de 3 pontos. Estima-se que, a nível global, mais de 1 milhão de pessoas deva a sua vida à sua utilização e muitas mais tenham evitado lesões graves.
Nos EUA, estima-se que cada aumento na percentagem de utilização seja capaz de salvar 270 vidas por ano. O seu potencial em Africa, na Asia e na América do Sul é enorme, regiões onde a percentagem de utilização automóvel tem vindo também a aumentar.
“Os automóveis são conduzidos por pessoas. Por isso, tudo o que fizermos na Volvo deve contribuir, antes de mais, para a sua segurança.”, Assar Gabrielsson & Gustav Larson, Fundadores da Volvo
Fonte: Volvo