Apesar dos alertas efectuados ao longos dos últimos anos sobre o perigo que existe na deficiente circulação dos peões na via pública, a verdade é que pouco ou nada se tem feito por forma a melhorar o modo de circular e demais utilização do espaço público.
Uma criança não tem, só por si, a capacidade de auto-aprendizagem das normas de segurança que envolvem a sua forma de estar e circular nas ruas de uma localidade. Os manuais escolares fazem abordagens muito ténues e essas abordagens são ministradas por que não as respeita, em grande parte dos casos.
O exemplo é o melhor remédio
Os relatórios da ANSR são aterrizadores não apenas nos parametros relativos à sinistralidade envolvendo dois ou mais veículos, mas essencialmente nos valores que envolvem atropelamentos a peões de um modo geral, mas a crianças e jovens de modo particular.
Assim, é urgente que os pais e educadores percebam que a formação dos seus filhos ou educandos é algo essencial para a sua segurança e qualidade de vida futura. Essa formação virá de uma aprendizagem teórica, mas também e talvez mais importante, de uma formação prática, recorrendo ao exemplo que os pais e educadores prestam.
Deste modo, devem os pais ensinar aos seus filhos e os educadores aos seus educandos que, quando se transita na via pública e na inexistência de um passeio, devem os peões circular de frente para os veículos, de modo a não serem surpreendidos e a não surpreenderem.
Sempre que necessitem atravessar a faixa de rodagem, devem procurar uma passadeira e não atravessar fora dela, principalmente quando existe uma a menos de cinquenta metros de distância. Devem também ensinar aos vossos filhos e educandos que, antes de darem inicio à travessia, deverão olhar para ambos os lados e se certificarem que os veículos que circulam lhes vão ceder a passagem.
O que infelizmente se continua a verificar, é que os pais “arrastam” os seus filhos pela faixa de rodagem, em passo de corrida, não os encaminhando para a passadeira e lhes mostrando como devem fazer quando circularem sozinhos. Não lhes explicam que devem circular de frente para os veículos, quando não há passeio, para que possa haver comunicação visual entre eles e os condutores.
A época oficial de verão está a chegar ao fim e com ela virão os relatórios da Guarda nacional Republicana, Policia de Segurança pública e Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. E nesses relatórios iremos poder ler e nos revoltar com os valores de atropelamentos a peões e respectivas faixas etárias, sem que continuemos a fazer alguma coisa para os diminuir.