Imprudência em zonas de incêndios

Duarte Paulo

4 de Setembro de 2013

Em qualquer cenário de acidente, por exemplo nos incêndios actuais, as autoridades, geralmente, delimitam a área para evitar não só o aglomerado de curiosos, mas também para permitir que os meios de socorro possam atuar sem restrições, de forma eficaz e sem elementos estranhos ao socorro. Evitando que possam ocorrer imprudências em zonas de incêndios.

Existe uma categoria profissional que não acata estas regras e arrisca muito, são os jornalistas. Na tentativa de ter a melhor imagem, o furo jornalístico, passam as fronteiras do bom senso, tentam furar as barreiras policiais, alegam que estão a ser impedidos de levar a informação aos seus leitores, ou geralmente telespectadores. Onde se situa o limite?

Acesso restrito

Os incêndios continuam na ordem do dia, infelizmente não só pelas áreas ardidas e bens perdidos, mas cada vez mais pela perda de vidas humanas, no momento que escrevo já foram 5 as vidas de bombeiros que o fogo levou para longe das famílias e amigos.

Em meados de agosto o fogo lavrou na minha terra, foram momentos difíceis, felizmente não existiram vítimas diretas das chamas, se bem que se lamente uma morte no despiste de um dos veículos que prestavam apoio na limpeza e prevenção de reacendimentos.

Na cobertura desse acidente mortal, e aquando do direto de uma televisão nacional, um jornalista passa as fitas delimitadoras que a polícia havia colocado para garantir o espaço necessário para o trabalho que infelizmente havia para ser feito, a confirmação da morte de alguém que até minutos antes estava a trabalhar para garantir a segurança de todos.

Um elemento da força policial, de imediato, barra a progressão do jornalista, este força físicamente o agente tentando conseguir passar, o agente impõe-se e pára o avanço do jornalista, este em direto, afirma que está a ser impedido de trabalhar.

Esta situação é corriqueira na cobertura de notícias em Portugal, na situação acima descrita podemos alegar que o acidente já havia ocorrido e não existia perigo para o jornalista em se aproximar da área, mas até que ponto é que o direito de informar do jornalista se sobrepõe ao direito ao socorro?

Imprudência em zonas de incêndios

Ontem, ao ver uma reportagem de mais incêndios, neste caso na zona do Caramulo, vejo uma imagem de uma viatura de uma cadeia de televisão a circular numa zona que estava a arder. Fiquei perplexo, como deixaram uma viatura não essencial ao combate aos incêndios entrar numa zona de fogo?

Espero que não cheguemos ao cúmulo de ter a notícia de jornalistas feridos, ou pior, devido aos incêndios. Neste caso não serão os incêndios os culpados mas sim os próprios jornalistas. Se os bombeiros estão a circular em zonas de incêndios, com as devidas precauções, trata-se do cumprimento do seu trabalho, numa profissão de elevado risco, mas quem se aventura a circular em zonas de risco deveria ser responsabilizado e culpabilizado caso aconteça algo, quer a si, quer a quem os vá salvar.