A inspeção periódica obrigatória e o caminho que percorremos até lá chegarmos

Jorge Ortolá

30 de Maio de 2016

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Inspeção periódica obrigatória é algo que não agrada a muita gente, mas que visa, essencialmente a segurança de todos e de cada um de nós. Trata-se de uma especie de junta médica de veículos onde no final pode haver uma aprovação, ainda que condicionada, ou uma reprovação bastante condicionadora.

Se se tornou importante a inspeção periódica obrigatória para automóveis, ao longo da sua história, para a segurança rodoviária, essa realidade não é acompanhada com as infraestruturas que com ela deveriam caminhar de braço dado; refiro-me às vias de comunicação terrestre, as ruas, essencialmente.

Para quando inspeção periódica obrigatória para as faixas-de-rodagem?

Antes da obrigatoriedade de se realizarem as inspeções periódicas obrigatórias a automóveis, Portugal vivia num caos rodoviário com o parque automóvel envelhecido e exponencialmente perigoso. A percentagem da taxa de sinistralidade que ocorria, advinda de problemas mecânicos era elevada.

Com o surgimento dos centros de inspeções periódicas obrigatórias e o abatimento de milhares de viaturas, o surgimento de outras em seu lugar fez com que o parque automóvel melhorasse em poucos anos. Para isso contribuíram, também, os incentivos ao abate de viaturas envelhecidas.

Acontece que essa exigência, de se apresentar os automóveis a inspeções periódicas obrigatórias, não foi acompanhada pela exigência das entidades responsáveis pelas diversas vias de circulação, manterem essas mesmas vias em condições de circulação.

Ou seja, exige a lei em vigor que os automóveis cumpram com determinados requisitos quando são apresentados a inspeção periódica obrigatória, para que sejam aprovados e possam continuar a circular, mas não impõe que as ruas, estradas e auto-estradas garantam qualidade na circulação.

E uma vez que essa qualidade não está garantida, somos presenteados com faixas-de-rodagem em verdadeiro estado de degradação, que condicionam o bem-estar da mecânica dos nossos veículos, mas que a inspeção periódica obrigatória e as normas portuguesas não querem saber.

Se muitas das ruas, essencialmente, fossem apresentadas a inspeção periódica obrigatória, estariam proibidas de estar abertas ao trânsito em geral.

Foto¦ ITVP