Itália torna obrigatório o sensor anti-esquecimento no carro

Ines Carmo

30 de Janeiro de 2020

Deixar um bebé ou uma criança sozinha num carro pode ser considerado abandono de menores. Ainda que pareça exagerado, certo é que os riscos de um menor ficar sozinho num veículo podem ser fatais.

Evitar que isto aconteça – que, infelizmente, é uma realidade – exige diferentes mecanismos. Um deles é a consciencialização de quão perigoso se tornam estas situações para os mais novos.

Itália vai mais além com um sensor anti-esquecimento

O assunto ultrapassa fronteiras. Só em Itália, desde 2018, contam-se pelo menos oito crianças que faleceram por terem ficado esquecidas pelos pais ou acompanhantes dentro de um veículo. O último foi em setembro, na cidade siciliana de Catania.

Perante isto, o governo italiano decidiu impor legalmente o uso de um dispositivo específico para menores de quatro anos. Trata-se de um sensor anti-esquecimento que se coloca no sistema de retenção infantil ou nas proximidades e alerta no momento em que o adulto se separa uma determinada distância do veículo. A lei prevê uma sanção de 326 euros e a perda de 5 pontos na carta de condução.

A obrigação do sensor anti-esquecimento recai, portanto, no condutor, independentemente do tipo de sistema de retenção infantil utilizado. No mercado existem diferentes tipos de dispositivos que cumprem esta função. Costumam rondar entre os 50 e os 100 euros. Em Itália,  as autoridades prevêm uma ajuda de 30 euros.

Apps e dispositivos que já existem

Itália não é uma exceção.  A nível global e , em concreto, em Espanha, existem métodos ao alcance de qualquer um para evitar o esquecimento de bebés e crianças num veículo. Alguns deles, como o Child Reminder de Waze ou Kar4Kids existem em App para smartphone.

Noutros casos, são os próprios fabricantes de automóveis quem põe à disposição dos condutores este tipo de serviços. Como o sistema Gabriel da Opel, o software da Tesla que até regula a temperatura ou sistemaBlue Link da Hyundai.

Inclusivamente existem cadeirinhas ou sistemas de retenção infantil que têm já a capacidade de detetar se o adulto se afasta do veículo. Exemplos disto encontramos no fabricante EvenFlo. A maioria destes dispositivos seriam válidos para circular em Itália com um sensor anti-esquecimento.

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As opções que alguns destes sistemas oferecem não ficam por um simples aviso. Alguns, se persistir a situação de risco porque o adulto continua longe, avisa outros contactos da agenda em modo de emergência.

Esquecimentos e falta de responsabilidade

É surpreendente, em qualquer caso, que aconteça realmente um esquecimento de um bebé ou criança pequena dentro de um veículo, sobretudo por um tempo prolongado.

Pior caso é aquele em que o adulto deixa de forma deliberada o pequeno no veículo, por muito pouco tempo que seja. Pode acontecer (e acontece) em determinadas situações, como por exemplo, ao levar um filho à escola, deixa o outro à espera sozinho.

A Fundación MAPFRE explica as consequências deste tipo de comportamentos, sobretudo se acontecerem durante o verão. Assim, ao abandonar uma criança com uma temperatura ao sol de 39ºC (que não é assim tão fora do comum nessa altura), há que ter em conta que o habitáculo fechado elevará essa temperatura aos 60ºC, em menos de 15 minutos.

Esta subida térmica provoca, em muito pouco tempo, que a temperatura corporal da criança supere os 42º ou 43ºC, causando-lhe um golpe de calor em apenas alguns minutos. O risco é de morte, ainda para mais se se tratar de bebés pequenos.

Não é apenas uma questão térmica

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Ainda que a temperatura seja um parâmetro vital, não é o único motivo para evitar deixar um menor dentro de um veículo. Também os sistemas de retenção infantil têm um tempo máximo de uso em função da idade e a Fundación MAPFRE indica que a inclinação do assento é essencial.

O bebé não deve viajar demasiado erguido (a cabeça pode cair para a frente) nem demasiado deitado (pois o ovo não o iria proteger de modo ótimo). Uma posição intermédia entre a horizontal e a vertical é o aconselhável, ainda que seja sempre imprescindível consultar o manual de instruções da cadeirinha.

Em qualquer caso, todos os estudos sobre esta matéria coincidem no facto de que a respiração dos bebés costuma alterar-se em função da postura do SRI. Por isso, a recomendação é limitar na medida do possível o tempo que passam a dormir nos mesmos e, claro, não nos descuidarmos, afastando-nos do veículo, ainda que isto possa supor a difícil decisão de os acordar.

Fonte: Circula Seguro.com

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