É mais um passo rumo à digitalização total do carro. Chegou à Califórnia a primeira matrícula digital, que será totalmente eletrónica, conectada e inteligente. As possibilidades são infinitas num local com a flexibilidade normativa dos Estados Unidos, mas valia apena estudar a sua viabilidade na União Europeia.
Matrículas com tinta digital
Estas matrículas inteligentes, denominadas RPlate, foram criadas pela empresa Reviver Auto, em colaboração com o Departamento de Veículos Motorizados (DMV) do Estado da Califórnia. De facto, as matrículas estão a ser testadas num programa piloto com 116 veículos de entidades públicas na capital do estado, Sacramento. Além disso, o objetivo do DMV é poder estender os testes a veículos particulares até 2020, ano em que termina o programa e que deve ser tomada uma decisão a esse respeito. Do seu lado, a empresa prevê chegar a outros estados como Flórida, Arizona ou Texas durante este ano.
O modelo piloto, RPlate Pro, consiste num dispositivo de dimensões similares às matrículas tradicionais (15 por 30 centímetros), com um ecrã de tinta eletrónica ou e-paper, semelhante ao que existe nos e-books. Este tipo de tecnologia é possível em ecrãs planos muito finos e até flexibilidade (algo que não seria necessário neste caso) e permite a visualização de textos e imagens a branco e preto com um consumo muito baixo de energia. Dá ao dispositivo uma autonomia notável, ainda que esteja previsto que no futuro esteja conectado ao circuito elétrico do carro.
Neste programa, a matrícula digital está a ser utilizada para a parte traseira do carro, com o utilizador a ser obrigado a levar a original no veículo, juntamente com a autorização do DMV para participar no projeto piloto. Na parte dianteira do veículo continua a usar a matrícula tradicional.
Matrículas conectadas para passar mensagens dinâmicas
Neville Boston, o criador da RPlate, assegura que a sua primeira intenção era a de proporcionar um sistema de registo eletrónico do veículo junto do DMV. Mas quanto começou a colaborar com o departamento, outras agências e instituições, as possibilidades de aproveitamento dispararam.
A matrícula digital conta também com um sistema de comunicação wireless, através da qual se pode configurar o texto e as mensagens mostradas no painel, como o próprio número de identificação do veículo, o certificado de pagemento dos impostos anuais do veículo (até agora é um autocolante que se põe na matrícula) e outros distintivos, como o de deficientes ou o de acesso a zonas restringidas. Também, ao estar conectada e ter a capacidade de receber inputs de informação, pode emitir avisos e alertas de incidências na estrada, ou de roubo do próprio veículo.
Bilhete do parque de estacionamento
Alerta de sequestro de crianças
Alerta de veículo roubado
Outra das funções que inclui a matrícula digital é a da localização por GPS, uma medida que causou grandes suspeitas por parte do público, porque permitiria a instituições e empresas monitorizar os movimentos dos utilizadores. O fabricante, em troca, assegura que toda a informação emitida pelo dispositivo é controlada pelo dono do veículo e qua a função de função de localização pode ser desativada a qualquer momento.
A legislação nos Estados Unidos
A matrícula digital parece uma inovação perfeita para ser testada nos Estados Unidos. No país norte-americano, matricular os veículos é uma competência de cada estada e cada um utiliza desenhos diferentes com cores e conteúdos diferentes, incluindo motivos decorativos. Além disso, permite-se a utilização de matrículas personalizadas e são comuns as que incluem referências históricas do país, frases de apoio a causas sociais e até mensagens de protesto e reivindicação. Esta flexibilidade nas normas facilita a implantação de um novo sistema de matrículas eletrónicas que, além disso, permite a visualização de mensagens similares às que surgem nas placas tradicionais de metal.
Por cá, seria mais complicado de dar seguimento a esta programa, pois a legislação é bem mais rígida no que toca a matrículas. O formato e conteúdo está bem especificado, as letras devem ser negras num fundo branco refletor.
A matrícula digital no contecto da União Europeia
Por outro lado, os membros da União Europeia adotaram o formato europeu, que torna a placa ainda mais «standard». É preciso ter a faixa azul, com o símbolo da UE e a inicial de cada país.
Tudo isto nos faz pensar que muitas das funções de personalização integradas na RPlate não se poderiam utilizar com as leis atuais da Europa. Mas concebida como um suporte unificado de identificação do veículo e onde se poderia incluir junto ao número outros símbolos como o da inspeção, por exemplo, poderiam dar a esta matrícula digital um lugar nos carros do futuro.
Imagens | Reviver Auto
Fonte: CirculaSeguro.com