Manutenção preventiva garante mais segurança e economia (2/2)

Duarte Paulo

10 de Maio de 2016

A segurança com que circulamos advém de um conjunto de fatores, desde a forma de conduzir até ao estado que o veículo se encontra, é aqui que entra a manutenção preventiva, no artigo anterior abordei a importância de verificar os níveis do óleo e da água, de o quão importante é assegurar-se que os filtros se encontram em bom estado de funcionamento.

O desgaste espectável, a manutenção prevista pelo construtor e a substituição de peças obedecendo aos quilómetros percorridos, ou periodicidade estimada de duração, ajudam a que não existem percalços a nível de segurança do veículo, vejamos que mais deverá verificar para garantir que o seu veículo irá percorrer muitos quilómetros, por muito tempo e sem gastos desnecessários derivados de reparações dispendiosas por falta de manutenção adequada.

Correntes e correias

A corrente de distribuição é uma corrente metálica, com um aspeto idêntico a uma corrente de mota e movimenta a árvore de comando de válvulas, mais conhecida por árvore de cams o movimento vem da cambota e a sincronização entre ambas é crucial para a integridade de todo o motor.

Em casos de falha deste elemento o funcionamento do motor será gravemente afetado, os problemas poderão ir de uma simples falha de sincronia geralmente acompanhada de uma enorme falta de força e incapacidade de subir de rotação, podendo chegar ao extremo, que passa pelo colapso das válvulas contra o topo dos pistões e destruição do motor.

A corrente de distribuição fica sob uma proteção do motor, não sendo possível examiná-la fora da oficina, a sua integridade deverá ser verificada conforme o recomendado pela marca, geralmente a sua longevidade é extremamente elevada.

A correia de distribuição tem uma ação muito importante, pois ela aciona sistemas secundários que auxiliam o motor, como por exemplo a bomba de água e o alternador.

A substituição da correia de distribuição geralmente é recomendada a cada 80.000 quilômetros, mas depende do modelo do carro. Consulte sempre o manual do seu veículo ou no concessionário da marca sobre o intervalo recomendado de troca e siga-o escrupulosamente.

Sistema elétrico também necessita de manutenção preventiva

A bateria é o elemento primordial do sistema elétrico, é ela que disponibiliza a energia para o motor de arranque rodar o motor para coloca-lo em funcionamento. A maioria das baterias tem uma vida útil mínima de aproximadamente 4 anos, podendo durar até cerca de 7 anos.

É recomendável fazer a manutenção das baterias do carro, verificá-las e limpá-las regularmente, e sempre que necessário carregá-las. Verifique periodicamente se os cabos estão limpos e bem fixados aos pólos da bateria. Pode solicitar um teste às condições de funcionamento do sistema de carga e arranque, que engloba bateria, alternador e motor de arranque, assim ficará com a garantia da integridade de todos os elementos mencionados.

As velas são peças que também devem ser trocadas conforme a recomendação do fabricante, a sua vida útil é geralmente de 20.000 a 30.000 quilómetros. Velas desgastadas causam falhas no funcionamento do motor, provocam um aumento no consumo e na emissão de poluentes para a atmosfera.

Jantes e pneus

As jantes e pneus são das peças que maiores impactos sofrem diariamente, a sua manutenção e bom estado é crucial para que possa circular em segurança, o estado de conservação e a calibragem correta dos pneus garante a aderência na estrada e a eficiência nas travagens.

Use só pneus com as medidas homologadas no livrete, pois tamanhos incorretos alteram o comportamento do veículo, afetando diretamente a sua segurança, estando a usar pneus de dimensões não homologadas pode ser autuado pelas autoridades e pagar coima pela infração.

Calibre os pneus regularmente e sempre antes de grandes viagens, esta calibragem dever ser efetuada com os pneus frios, uma calibragem incorreta provoca desgastes irregulares na banda de rodagem do pneu, diminuindo sua vida útil. Se a pressão for insuficiente o pneu gasta principalmente nas zonas laterias, se a pressão for excessiva, o desgaste será maior na zona central do pneu. Não esqueça de calibrar também o pneu suplente, aproveite e verifique o estado do macaco, da chave de rodas e do triângulo.

Recorde-se que o mínimo legal de profundidade dos sulcos dos pneus é 1.6mm, se o desgaste apresentado for superior os pneus são considerados “carecas”, não podendo circular legalmente na via pública, se optar por rodar os pneus do eixo da frente para o eixo traseiro e vice-versa a meio da vida útil destes conseguirá usá-los mais tempo.

Travões, suspensão e direção

Os travões geralmente são um dos pontos de foco da atenção de todos, desde proprietários, mecânicos e centros de inspeções, para não ter problemas verifique regularmente o nível do fluido de travão, peça na oficina para verificar a espessura das pastilhas a aproximadamente cada 10.000 km.

Para não esquecer, peça para afinar o travão de estacionamento a cada mudança de óleo, troque o fluido de travão conforme a recomendação do fabricante, ou a cada 2 anos. A troca do fluido de travão é necessária porque este absorve humidade e a presença de humidade diminui o ponto de ebulição, provocando ineficiência na travagem.

Ao trocar as pastilhas o mecânico deve verificar a espessura do disco de travão, se estiver dentro da tolerância permitida e não apresentar uma superfície uniforme poderá ser retificado e assim garantir uma boa capacidade de travagem e aumentar a durabilidade das novas pastilhas.

Se o desgaste do disco for excessivo deverá ser substituído. Quando trocar as pastilhas evitar travar bruscamente na primeira centena de quilômetros para garantir o perfeito assentamento das pastilhas nos discos. Já agora e para poupar nos travões sempre que circular numa descida abrande o carro utilizando o motor.

Se notar ruídos e falta de estabilidade nas curvas poderá ser sinais de problemas na suspensão, peça na sua oficina que efetuem uma revisão a aproximadamente cada 30.000 km, os mecânicos deverão verificar os amortecedores, as molas e os batentes garantindo que o curso e reações são adequados e que não possuem derrames.

Aproveite essa ida à oficina e peça para verificar também o sistema de direção, garantindo que não existem folgas em nenhum dos elementos e que se encontram em bom estado. Não esqueça de alinhar a direcção.

Caixa e embraiagem

Verifique no manual do seu veículo se é necessário trocar o óleo da caixa e com que frequência deve fazê-lo, verifique se existe derrame, caso detete algum proceda à reparação o mais rapidamente possível. Evite pegar o carro de “empurrão” e trocar as velocidades sem usar a embraiagem corretamente, ambos os procedimentos podem estragar os anéis de sincronização, os próprios carretos, ou outra engrenagem.

Tenha atenção enquanto conduz para não usar o pedal da embraiagem como apoio para o pé, se o fizer a vida útil da mesma estará comprometida. Não se esqueça que todas as reparações na caixa de velocidades custam caro.

Nas subidas use o travão de mão sempre que necessário, não segure o carro usando o ponto de embraiagem por muito tempo, se o fizer, estará sobreaquecendo a embraiagem e diminuindo a vida útil do conjunto, além de gastar mais combustível que o necessário e poluir mais.

Foto | Denise Krebs