A melhor solução contra o atropelamento de animais consiste em demonstrar o que nos diferencia deles

António Ferreira

29 de Novembro de 2013

Só este ano, e até ao fim do Outubro, a GNR contabilizou 1.091 acidentes nas estradas portuguesas resultantes de colisões com animais. Raposas, aves diversas e cervos engrossam a lista de animais não controlados que deambulam pelas proximidades das nossas estradas ocasionando numerosas situações de risco para os condutores e para as próprias espécies.

Em caso de atropelamento de animais, deve sempre contactar-se a polícia. No caso de se tratar de um animal doméstico, o Código da Estrada prevê multas para os donos, que são responsáveis dos seus animais. No caso de animais selvagens… é um pouco mais complicado.

A solução para evitar atropelo de animais não é simples, já que passa por avaliar as infraestruturas, a topografia do terreno e as espécies que se quer proteger. Olhando para medidas concretas, a delimitação das vias só é possível no caso das autoestradas. Nestos casos, a concessionária é obrigada a garantir a circulação em boas condições de segurança e de tal modo é responsabilizada.

O número elevado de acessos e derivações que existem nas vias equiparadas e estradas convencionais tornam impossível adotar os delimitadores como um sistema eficaz para separar a fauna do tráfego rodoviário. Com algumas espécies utilizam-se os repelentes, os refletores ou mesmo uns écrans que mostram a silhueta de determinados predadores que fazem fugir as aves, como se de um moderno espanta pássaros se tratasse.

Na realidade, a única medida realmente eficaz para fazer frente a este problema reside no senso comum dos condutores. Sem ir a mais longe, o sinal que acompanha este texto fala do perigo pela possível presença de animais em liberdade, que a qualquer momento podem irromper pela via fora e pôr em risco a sua vida e a de quem transite na zona. No entanto, é muitas vezes ignorado pelos condutores já que os alerta para uma circunstância que normalmente é assumida como improvável.

Na maioria dos casos, reduzir a velocidade e estar preparado para reagir o quanto antes pode definir a diferença entre engrossar as estatísticas de sinistralidade ou continuar a marcha sem maiores problemas. Depois de isto tudo, dizem-nos que o que nos distingue dos animais é a nossa capacidade de raciocinarmos. Ou não?