Moto 4: Um veículo ao qual não devemos perder o respeito

Ines Carmo

24 de Janeiro de 2019

A infeliz morte do antigo piloto Ángel Nieto no verão de 2017 foi um dos principais motivos pelos quais a segurança neste tipo de veículos ganhou nova dimensão e obteve maior atenção. O acidente, na ilha espanhola de Ibiza, enquanto andava de Moto 4 provocou ao motociclista um traumatismo craniano que, uns dias mais tarde, viria a causar-lhe a morte na Policlínica Nuestra Señora del Rosario. O verão é, talvez, uma das temporadas em que se dá mais uso a este veículo e, portanto, a altura em que mais acidentes mortais acontecem.

Por ser um veículo mais de lazer do que propriamente de transporte, os condutores têm menos em conta a segurança rodoviária e correm mais riscos. Mas a Moto 4 – ou Quad, como lhe preferirmos chamar – é um veículo instável que requer pilotos com experiência, pelo que é imprescindível respeitar certas recomendações como a do uso correto do capacete, o respeito pela distância de segurança e a responsabilidade nas manobras.

Estas são as principais causas de acidente

Talvez os sinistros não chamem tanto à atenção no que diz respeito aos números, pois não são tão comuns e, entre outras coisas, porque a sua utilização é mais sazonal do que em outros casos. Mas podemos observar causas e consequências claras: são principalmente acidentes que acontecem de forma fortuita e, geralmente, são incluídos outros veículos, provocando impactos que podem chegar a ser fatais.

moto 4

Entre 2016 e 2017, por exemplo, houve (dados de Espanha) um total de 193 acidentes com feridos, enquanto que nos primeiros seis meses de 2018 foram 51, sobretudo durante o verão. As causas? Os especialistas confirmam que sete em cada dez acidentes em Moto 4 acontecem por perda de controlo do veículo, ainda que anteceda quase sempre uma colisão com outro veículo, em 33% dos casos.

O bom tempo favorece a utilização da Moto 4 e é por isso que metade dos acidentes registados acontecem entre maio e setembro, sendo este último o mês mais dramático, com 20% dos sinistros do total anual. agosto (15%) e julho (13%) também têm números de mortalidade elevados.

Na Moto 4 o primeiro passo é a prevenção

Antes ligar o motor, é preciso pôr o capacete. Sem cinto de segurança, é necessário escolher um bom equipamento, com luvas, proteções, botas e óculos para se proteger da lama, além de um capacete (integral) homologado, que se vão transformar nos seus salva-vidas a bordo, protegendo-o de lesões mais graves. Em vias públicas o capacete é obrigatório, mas muitas vezes em terrenos privados, quintas ou em campo aberto, onde não há fiscalização, a tendência pode ser a de deixar o capacete “esquecido” em casa. Coloque sempre o capacete, onde quer que seja.

O quad, por oposição a outros motociclos ou carros, tem a peculiaridade de quando capota poder cair em cima do condutor, com o perigo que acarreta em zonas do corpo tão sensíveis como a cara, costelas, coluna ou extremidades. Usar o capacete e respeitar o resto dos utilizadores da via são a chave da prevenção.

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Cair numa Moto 4 é mais provável do que qualquer um possa imaginar. Por isso, circular com todas as precauções possíveis é um primeiro e importante passo para desfrutar desta atividade na sua plenitude. Manter a distância de segurança é essencial, sobretudo tendo em conta a complexidade que supõe realizar qualquer manobra com estes veículos como, por exemplo, as ultrapassagens. Roçar com a roda noutro veículo ou um leve impacto lateral pode resultar em queda.

Um quad não é uma moto e em curva costuma levantar-se para o lado contrário ao que estamos a virar, pelo que o nosso peso deve contrapesar a força centrífuga que se gera. Se não formos pilotos experientes e deixarmos o peso para o lado errado, a probabilidade de capotar aumenta.

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Diversão e condução segura são compatíveis

A experiência de conduzir um quad é uma atividade única e apaixonante, o que não é um inconveniente para poder desfrutar dela com toda a precaução possível. Os acidentes em Quad não só dependem da velocidade de circulação, como vimos, mas também de vários fatores entre os quais o número máximo de passageiros permitiros. E você, segue com estes conselhos de segurança?

  • Utilize bom equipamento, com proteções específicas para circular em terrenos instáveis, onde podem saltar pedras ou lama.
  • Aprenda com cuidado a controlar o veículo, o seu equilíbrio, os movimentos dos amortecedores e o ângulo de rotação dos pneumáticos.
  • Não exceda a velocidade permitida e faça os movimentos de aceleração com tranquilidade e suavidade.
  • Não tente fazer corridas, sobretudo se não costuma conduzir uma Moto 4 de forma frequente. Conhecer o veículo em profundidade é essencial quando se quer testar limites. Em qualquer caso, competir pode ter um prémio fatal.
  • Não circule com mais pessoas na Moto 4 do que as que são permitidas nesse modelo em concreto. É extremamente perigoso e não existem medidas de segurança para os passageiros.

O problema está em quem o conduz

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A irresponsabilidade dos condutores é um dos pontos em que a espanhola Asociación Nacional de Quads centra as maiores críticas. Circular respeitando os peões, os motociclistas, os carros e os ciclistas é essencial, partindo da base de que a Moto 4 é um veículo seguro.

Nos primeiros meses de 2018, a culpabilidade do condutor da Moto 4 nos acidentes com danos materiais aumentou tragicamente, de 50% em 2016 e 2017 para 67% em 2018. No caso das lesões humanas, o aumento foi de 82%. Por seu turno, também o número de atropelamentos aumentou, passando de exceção a causa frequente de acidente.

O principal problema da Moto 4 não é a sua manobrabilidade, mas sim quem a conduz. Ser um condutor consciente e responsável, incluindo em vias mais solitárias é importante. Após a crise, são cada vez mais os condutores que querem experimentar novas sensações nos tempos livres e o quad é uma ótima opção. Desde, claro, que se cumpram todas as medidas de prevenção e se conduza sempre com a cabeça no lugar.

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