Motos e curvas (5): Continuamos a melhorar o nosso traçado e a circulação rápida

António Ferreira

20 de Outubro de 2013

Como referimos no quarto capítulo deste especial baseado nos vídeos da Bíblia das Curvas, é muito importante escolhermos uma trajetória que nos permita enfrentar as curvas com a máxima segurança possível, sobretudo em estrada aberta, onde podemos encontrar curvas que não conhecemos. Dizíamos que o nosso ponto de abordagem deve ser o mais tardio possível de forma a podermos entrar conhecendo a maior parte do traçado da curva e, assim, escolher um ponto de contacto com o interior da curva de forma correta, que evitará que saíamos demasiado por fora da curva.

Mas para poder realizar esta gestão da curva é condição essencial que sejamos capazes de virar a moto para introduzi-la na curva o mais rapidamente possível em função do tipo de moto, velocidade e condições de aderência ao asfalto. A transição da posição vertical para a posição de máxima inclinação para gerir a curva deve ser o mais rápida possível.

Logicamente, se aumentamos a velocidade de entrada numa curva, a nossa velocidade de viragem deve aumentar proporcionalmente senão ver-nos-emos obrigados a sair pelo exterior da curva. Isto revela-se de especial importância quando nos deparamos com trajetos com curvas seguidas, já que a mudança de direção de uma para a outra será muito importante para não ter que retificar quando já for tarde demais.

Como começamos a virar suficientemente tarde com o objetivo de ver grande parte da curva, na maior parte dos casos seremos capazes de saber que temos logo a seguir outra curva para o outro lado um pouco antes ou no mesmo instante que estamos a passar pelo interior da curva. Isto nos permitirá tomar a melhor decisão no que toca ao controlo do acelerador e qual será a velocidade de circulação que devemos transmitir à moto.

Outra das vantagens de manejar a moto rapidamente para gerir uma curva é que o tempo que permanecemos no ponto de máxima inclinação é menor e, com isso, as possibilidades de ir ao chão por uma perda de aderência também diminuem. Por isso, é muito importante, como vimos nos capítulos anteriores, posicionar-se corretamente na moto, e antes de entrar na curva, para que esta esteja o mais estável possível.

Outro tipo de curva que é necessário praticar é a sucessão de viragens para o mesmo lado. A melhor maneira de as abordar é manter o acelerador ligeiramente aberto depois de sair da primeira curva e enquanto gerimos a segunda, evitando desacelerar ou acelerar bruscamente. Se fizermos isto, a única coisa que conseguiremos é deslocar o peso para a roda dianteira quando estivermos inclinados, podendo sofrer uma queda.

Vamos para onde olhamos

Este assunto já tinha sido abordado quando nos debruçamos sobre as reações de sobrevivência. Onde quer que fixemos o nosso olhar, é para lá que conduziremos a nossa moto. Por isso, para abordar uma curva devemos saber exatamente para onde fixar o nosso olhar para passar por ela com toda a segurança, conseguindo desfrutar tanto da moto como da estrada.

Quando nos aproximamos da curva, procuramos esse ponto de viragem tardia que tanto esperamos. Justamente quando estamos prestes a alcançá-lo, direcionamos o olhar para o interior da curva, para o ponto para o qual nos queremos dirigir, para poder delineá-la. Viramos a moto o mais rapidamente possível e, então, fixamos o olhar no exterior, enquanto aplicamos as técnicas de controlo da aceleração.

Será com este último redirecionamento do olhar que conheceremos aquilo com que nos iremos, posteriormente, deparar: se uma reta, uma curva para o outro lado que nos obrigará a procurar um novo ponto tardio de entrada e a fazer uma rápida viragem da moto ou, por último, uma curva para o mesmo lado.

Foto | Repsol Media