Novas tecnologias aplicadas aos automóveis

Duarte Paulo

15 de Maio de 2018

Num futuro próximo será possível estar a passear de carro e quando se sentir “farto” de conduzir, deixar de o fazer. Poderá virar os bancos para a traseira, para conversar e interagir com os outros passageiros. Primeiramente terá que informar o sistema de qual o seu destino e só depois poderá passar o comando para o carro autónomo.

Por enquanto, ainda não é legal fazê-lo. Mas já é possível fazer muita coisa que era considerada ficção científica à um par de anos atrás. Descubra aqui outras novas tecnologias aplicadas aos automóveis.

O pormenor de virar os bancos pode parecer irreal, mas a Ford já patenteou uma série de configurações dos bancos diferentes do habitual. Por isso algumas pessoas já ponderam o que fazer com o tempo livre. Será que poderá ler um livro numa viagem longa ou dormir?

Realidade que já está entre nós

Algumas tecnologias já são consideradas comuns nos automóveis atuais. Entre elas está a possibilidade de ver informações sobre as condições atmosféricas que o esperam no destino. Isso pode ser feito num ecrã, projetado no próprio para-brisa ou em ecrã integrado neste. Essas informações podem até já conter elementos de realidade aumentada.

Atualmente quase todos os novos modelos já vêm conectados a internet. São capazes de estacionar sozinhos, em determinadas circunstâncias. Os casos em que o carro anda sozinho também já não são novidade. A capacidade de identificar corretamente os obstáculos é que varia.

Varia também, de sistema para sistema, a habilidade de mudar de faixa e qual o tipo de estrada onde conseguem circular. Em caso de acidente os veículos atualmente já pedem socorro de forma autónoma, indicando a sua localização.

Muitas marcas já oferecem sistemas de travagem de emergência autónoma. O sistema tenta suprimir, mas no mínimo reduz, as consequências dos embates na traseira. Estes acidentes tão comuns no pára-arranca em meio urbano.

Alguns modelos elétricos conseguem carregar as baterias sem a necessidade de passar cabos. Tem um sistema de indução que carrega as baterias. Isso torna a utilização da viatura muito mais fácil e prática, não implicando nenhuma ação específica por parte do proprietário.

Algumas marcas premium também já “oferecem”, nos modelos de topo, a possibilidade deslocar o veículo externamente. Alguns são controlados através duma aplicação para smartphone ou no próprio comando da viatura. Esta habilidade é vantajosa, em especial, quando a viatura fica “entalada” entre dois carros num parque de estacionamento.

Conheça algumas das novas tecnologias em desenvolvimento

Os utilizadores que circulam em estradas de terra, principalmente os que fazem todo o terreno, por vezes são confrontados com situações onde necessitam de ver onde o carro está a “pôr” os pneus, mas devido à forma da própria viatura tal não é possível.

Para solucionar este problema a Land Rover desenvolveu um capot transparente, não no sentido literal, mas virtualmente. A solução tecnológica proposta usa câmaras instaladas na frente do veículo que captam imagens em tempo real. Essas imagens são exibidas no para-brisas. Este é mais um caso de realidade aumentada.

Esta mesma marca criou algo chamado de “Pothole alert”, ou seja, “Alerta de buracos”. O sistema consegue identificar os buracos ou falhas no piso. Sendo ainda capaz de identificar adufas abertas, ou excessivamente desniveladas, por onde o veículo passa.

Este sistema utiliza sensores para detetar a dimensão do buraco e avisa as autoridades da localização dos mesmos. Assim as entidades responsáveis podem tomar providências para corrigir o problema.

O aliciante desta solução é que como as informações são recolhidas numa base de dados da marca, os dados sobre as “imperfeições” são transmitidas para os outros veículos que ainda não passaram por ali. Assim, evitam que outros caiam também no mesmo buraco, evitando danos noutros veículos.

Que novidades estão ao virar da esquina?

Sabe que tecnologias já estão a ser testadas, ou em estudo? Um sistema de comunicação entre veículos está a ser desenvolvido por diversas marcas. Algumas estão a desenvolver sozinhas, outras em grupo, mas o problema é que não partilham uma base comum entre todas. Dessa forma não conseguem comunicar com outros sistemas diferentes.

Estes sistemas permitem que no momento que um primeiro veículo tenha um problema, ou se depare com uma anomalia na via, informe os restantes veículos que se encaminham para a zona. Assim consegue-se evitar chegar ao local problemático sem conhecimento do que está a suceder.

Porém, tecnologias mais surpreendentes, como veículos autónomos e sem volante, carecem de legislação adequada que as viabilize. Os famosos sistemas que “lêem a mente” ainda estão longes da realidade e ainda mais de serem utilizadas na via pública. Porém hão de chegar, ou então alguma inovação tão diferente irá alterar o rumo da indústria automóvel de forma que ainda não é percetível.

Uma tecnologia muito útil chama-se “Mind Sense”, funciona através de sensores no volante que lêem a atividade cerebral do condutor. Consegue identificar quando este está distraído. Se detetar falta de concentração, o volante ou pedais vibram levemente. Caso não exista uma alteração do estado do condutor, são emitidos sinais sonoros ou luminosos.

Perigos da evolução e legislação

Quando temos um computador lembramo-nos de instalar um antivírus e nos carros? Se os veículos possuem sistemas e tecnologias idênticas aos computadores tem as mesmas virtudes, mas também os mesmos problemas.

Este problema não pode ser encarado de animo leve. Numa convenção sobre segurança da informação um rapaz de 14 anos invadiu um sistema dum carro gastando apenas 15 dólares. O jovem conseguiu abrir as portas e acionou, de forma remota, a ignição do veículo.

Conseguiu ainda ativar os limpadores do para-brisa e ligar o sistema de áudio da viatura. O que poderá acontecer se alguém com más intenções o fizer? As marcas foram apanhadas de surpresa e estão a reforçar a segurança.

A criação de nova legislação para a circulação de veículos autónomos é neste momento um estímulo para os legisladores. Em caso de acidente de trânsito, quem assume a culpa? O proprietário do veículo ou o fabricante?

É necessária uma reforma no Código da Estrada, a nível mundial, para permitir que estas inovações sejam usadas. Mas é necessário que o software também conheça as especificidades de cada país. Não se trata só de saber conduzir à direita ou à esquerda.

Em muitos países existem regras específicas para determinadas situações. Existem formas diferenciadas de colocar a sinalização luminosa, por exemplo. Diferenças na forma de abordar um sinal, diferenças legais na forma de abordar uma rotunda. E muitos mais casos que podem provocar o caos caso não sejam resolvidas.

É necessário um consenso alargado, internacional, entre autoridades, fabricantes e empresas de tecnologia, mas também com a anuência dos consumidores. O futuro é brilhante e promissor, mas tem que ser encarado de forma planeada e com responsabilidade.

Foto | Wikimedia