A partir do final deste ano, para tirar a carta no Reino Unido também tem de aprender a mexer no GPS. O exame de condução britânico sofreu a maior renovação desde 1996 e o Circula Seguro explica-lhe tudo.
Os números dizem que metade dos condutores britânicos utilizam o GPS enquanto conduzem. Este dado levou as autoridades do Reino Unido a introduzir o seu manejo no exame de condução. E esta é apenas uma das várias novidades das provas que vão entrar em vigor em dezembro deste ano, naquela que será a maior renovação do exame desde 1996.
A principal impulsionadora destas novidades foi a Driver & Vehicle Standards Agency (DVSA), agência do departamento britânico dos transportes, que detém as funções de regulação das cartas de condução, como o IMT português.
Como a DVSA só tem jurisprudência na Grã-Bretanha, estas novidades serão aplicadas em Inglaterra, País de Gales e Escócia, ficando de fora a Irlanda do Norte. Todas as alterações tornam-se efetivas a partir de segunda-feira, 4 de dezembro deste ano.
Avaliar a utilização do GPS no exame de condução britânico
Até agora, o uso de navegadores na prova de condução “independente” estava expressamente proibido. Nesta parte do exame, o condutor tem que conduzir até um determinado destino, seguindo os sinais de trânsito ou as instruções verbais do examinador. Este pode explicar a rota ao candidato recorrendo a diagramas ou mapas, ainda que o mais importante seja sempre demonstrar a capacidade de conduzir da forma mais segura, mais do que o conhecimento da zona. De facto, não recordar o caminho não pressupõe qualquer penalização se não se cometer nenhum erro na condução em si.
Assim, de acordo com a nova norma, o examinador pode pedir expressamente que o candidato faça uso de um sistema de navegação GPS para seguir as indicações. O próprio examinador proporcionará o sistema (nunca o candidato) e configurá-lo-á com o trajeto de destino. O candidato poderá igualmente continuar a seguir os sinais de trânsito e perguntar ao examinador detalhes concretos da rota, pois como já foi referido, o importante é demonstrar a capacidade de condução e não os conhecimentos da zona. Em todo o caso, esta modalidade será para apenas 20% dos casos, pois os restantes exames vão continuar a realizar-se como até agora.
A alteração de critério entre proibir expressamente a utilização do GPS e a sua respetiva introdução nos exames de condução deriva do objetivo da DVSA de adaptar a prova à realidade atual. “É vital que os exames de condução se mantenha atualizados às novas tecnologias presentes nos veículos”, afirma Gareth Llewellyn, diretor da agência. Sendo que os números dizem que 52% dos condutores britânicos contam com o sistema de navegação no automóvel, a DVSA quer que os novos «ases do volante» já estejam treinados na utilização do mesmo de forma segura.
Alterações do exame destinados a reduzir a sinistralidade
Esta não foi a única mudança profunda no exame. Outras houve, com o objetivo de reduzir o número de mortos devido a acidentes, sobretudo entre os jovens. Os acidentes na estrada são responsáveis por 1 de cada 4 mortes em adolescentes entre os 15 e os 19 anos e têm lugar, sobretudo, em estradas interurbanas e autoestradas, onde a velocidade é mais elevada. Assim, alterando o formato dos testes, a DVSA pretende que os novos condutores estejam mais familiarizados com este tipo de via e com a condução a maiores velocidades.
O primeiro deles corresponde às perguntas conhecidas como “mostra-me, diz-me…”, com as quais o examinador avaliava o conhecimento do candidato sobre aspetos com a manutenção ou a segurança rodoviária. Até agora, estas perguntas eram formuladas antes de iniciar a marcha, já que em determinadas ocasiões era solicitado ao examinado que mostrasse partes do motor ou do equipamento do carro. Doravante, estas perguntas também podem ser colocadas durante a viagem, como mostrar o uso do limpa para-brisas ou dos sistemas eletrónicos do carro enquanto está a conduzir.
Também houve alterações no teste de manobras. Os candidatos já não são obrigados a fazer a inversão de marcha em três pontos e a marcha atrás em curva, mas foi incluído o estacionamento em linha e bateria ou outras manobras de marcha atrás e entrada na estrada que a DVSA considera mais frequentes na condução diária.
Por fim, a última novidade corresponde à parte da “condução independente“. Até então, dos quarenta minutos que habitualmente durava o exame prático, 30 era dedicadas à condução em geral (que inclui paragens, estacionamentos e circular de acordo com as indicações do examinador) e 10 minutos para a condução independente. Com esta reforma, o tempo será repartido em partes iguais, 20 para cada tipo de condução.
O resto de testes do exame prático (prova visual, paragem de emergência) não terá alterações substanciais, nem sequer será alterado o sistema de pontuação, o número de faltas permitidas ou o custo do exame.
Apoio popular às novidades
Todas estas alterações não são casuais. Tendo sido criada recentemente (abril de 2014), a DVSA quis começar o trabalho com a renovação do exame, adaptando-o aos novos desafios dos condutores atuais. Nesse sentido, realizaram-se estudos para determinar quais as novidades a incluir de modo a que se reduzam os altos índices de sinistralidade.
Foi feito um inquérito a quase 4000 condutores britânicos sobre as alterações propostas e a introdução do GPS nos exames recebeu o apoio de 70,8% dos inquiridos, enquanto que 88,2% concorda com o aumento de tempo para a condução independente.
Imagens: Governo do Reino Unido