Novidade do exame de condução no Reino Unido

Ines Carmo

15 de Junho de 2017

A partir do final deste ano, para tirar a carta no Reino Unido também tem de aprender a mexer no GPS. O exame de condução britânico sofreu a maior renovação desde 1996 e o Circula Seguro explica-lhe tudo.


Os números dizem que metade dos condutores britânicos utilizam o GPS enquanto conduzem. Este dado levou as autoridades do Reino Unido a introduzir o seu manejo no exame de condução. E esta é apenas uma das várias novidades das provas que vão entrar em vigor em dezembro deste ano, naquela que será a maior renovação do exame desde 1996.
A principal impulsionadora destas novidades foi a Driver & Vehicle Standards Agency (DVSA), agência do departamento britânico dos transportes, que detém as funções de regulação das cartas de condução, como o IMT português.
Como a DVSA só tem jurisprudência na Grã-Bretanha, estas novidades serão aplicadas em Inglaterra, País de Gales e Escócia, ficando de fora a Irlanda do Norte. Todas as alterações tornam-se efetivas a partir de segunda-feira, 4 de dezembro deste ano.

Avaliar a utilização do GPS no exame de condução britânico

Até agora, o uso de navegadores na prova de condução “independente” estava expressamente proibido. Nesta parte do exame, o condutor tem que conduzir até um determinado destino, seguindo os sinais de trânsito ou as instruções verbais do examinador. Este pode explicar a rota ao candidato recorrendo a diagramas ou mapas, ainda que o mais importante seja sempre demonstrar a capacidade de conduzir da forma mais segura, mais do que o conhecimento da zona. De facto, não recordar o caminho não pressupõe qualquer penalização se não se cometer nenhum erro na condução em si.

Assim, de acordo com a nova norma, o examinador pode pedir expressamente que o candidato faça uso de um sistema de navegação GPS para seguir as indicações. O próprio examinador proporcionará o sistema (nunca o candidato) e configurá-lo-á com o trajeto de destino. O candidato poderá igualmente continuar a seguir os sinais de trânsito e perguntar ao examinador detalhes concretos da rota, pois como já foi referido, o importante é demonstrar a capacidade de condução e não os conhecimentos da zona. Em todo o caso, esta modalidade será para apenas 20% dos casos, pois os restantes exames vão continuar a realizar-se como até agora.
A alteração de critério entre proibir expressamente a utilização do GPS e a sua respetiva introdução nos exames de condução deriva do objetivo da DVSA de adaptar a prova à realidade atual.É vital que os exames de condução se mantenha atualizados às novas tecnologias presentes nos veículos”, afirma Gareth Llewellyn, diretor da agência. Sendo que os números dizem que 52% dos condutores britânicos contam com o sistema de navegação no automóvel, a DVSA quer que os novos «ases do volante» já estejam treinados na utilização do mesmo de forma segura.

Alterações do exame destinados a reduzir a sinistralidade

Esta não foi a única mudança profunda no exame. Outras houve, com o objetivo de reduzir o número de mortos devido a acidentes, sobretudo entre os jovens. Os acidentes na estrada são responsáveis por 1 de cada 4 mortes em adolescentes entre os 15 e os 19 anos e têm lugar, sobretudo, em estradas interurbanas e autoestradas, onde a velocidade é mais elevada. Assim, alterando o formato dos testes, a DVSA pretende que os novos condutores estejam mais familiarizados com este tipo de via e com a condução a maiores velocidades.
O primeiro deles corresponde às perguntas conhecidas como “mostra-me, diz-me…”, com as quais o examinador avaliava o conhecimento do candidato sobre aspetos com a manutenção ou a segurança rodoviária. Até agora, estas perguntas eram formuladas antes de iniciar a marcha, já que em determinadas ocasiões era solicitado ao examinado que mostrasse partes do motor ou do equipamento do carro. Doravante, estas perguntas também podem ser colocadas durante a viagem, como mostrar o uso do limpa para-brisas ou dos sistemas eletrónicos do carro enquanto está a conduzir.


Também houve alterações no teste de manobras. Os candidatos já não são obrigados a fazer a inversão de marcha em três pontos e a marcha atrás em curva, mas foi incluído o estacionamento em linha e bateria ou outras manobras de marcha atrás e entrada na estrada que a DVSA considera mais frequentes na condução diária.
Por fim, a última novidade corresponde à parte da “condução independente“. Até então, dos quarenta minutos que habitualmente durava o exame prático, 30 era dedicadas à condução em geral (que inclui paragens, estacionamentos e circular de acordo com as indicações do examinador) e 10 minutos para a condução independente. Com esta reforma, o tempo será repartido em partes iguais, 20 para cada tipo de condução.
O resto de testes do exame prático (prova visual, paragem de emergência) não terá alterações substanciais, nem sequer será alterado o sistema de pontuação, o número de faltas permitidas ou o custo do exame.

Apoio popular às novidades

Todas estas alterações não são casuais. Tendo sido criada recentemente (abril de 2014), a DVSA quis começar o trabalho com a renovação do exame, adaptando-o aos novos desafios dos condutores atuais. Nesse sentido, realizaram-se estudos para determinar quais as novidades a incluir de modo a que se reduzam os altos índices de sinistralidade.
Foi feito um inquérito a quase 4000 condutores britânicos sobre as alterações propostas e a introdução do GPS nos exames recebeu o apoio de 70,8% dos inquiridos, enquanto que 88,2% concorda com o aumento de tempo para a condução independente.

Imagens: Governo do Reino Unido