Os números da sinistralidade rodoviária em Portugal

Jorge Ortolá

2 de Janeiro de 2014

Todos os dias 1 de Janeiro de cada ano o contador volta à posição zero na esperança daquele novo ano trazer menos números à soma semanal de acidentes rodoviários, mortes, acidentes graves ou leves, advindos desses mesmos sinistros e conflitos rodoviários.

A cada dia 1 de cada novo ano repetem-se os votos de um ano em segurança, no entanto nada de essencial é produzido para que esse desejo não passe disso mesmo, uma frase feita, cansada no tempo em que a vulgaridade em que caiu seja inferior à objetividade que se pretende e anseia, ano após ano.

O valores da sinistralidade

Dia 1 de janeiro há-de ser o primeiro dia, assim como todos os outros, para reiniciar um contador fatal que pressionado por uma noite festiva e festivaleiros descontrolados, se vê longe do zero, numa morte anunciada à nascença. Olhamos um ano mais com uma amargura, no sentimento, de culpa do que poderia e deveria ter sido realizado e não foi, para diminuir a desgraça constatada.

Comparamos valor de agora com valores de outros anos e rejubilamos uma diminuição snob, hipócrita e desesperada, esquecendo que mais uma vez falhamos nos objetivos que não definimos inicialmente e insistimos em não definir como uma obrigação social.

112.463 é o número de acidentes rodoviários contabilizados pelas autoridades fiscalizadoras, GNR e PSP, desde o dia 1 de janeiro de 2013 até ao dia 21 de dezembro de 2013. Não estando nestes valores contabilizado o período do Natal e da Passagem de Ano. Faltam nestes valores a soma de dez dias para a contagem final de um ano, mais um terrível para a contabilidade rodoviária.

501 é o número de vitimas mortais contabilizadas até aquele dia, no entanto, infelizmente, não reais, uma vez que essa contabilidade, em Portugal como na Europa, deve ser atualizada aos 30 dias após a entrada em centro hospitalar. Ou seja, o número aqui apresentado, representa as pessoas que perderam a vida no local do acidente ou a caminho do hospital até à entrada nas urgências.

1930 é o número dos feridos graves, pessoas com mazelas que necessitam de internamento hospitalar superior a trinta dias. Destes 1930 pessoas, lamentavelmente algumas irão passar para o grupo dos mortos. 34820 é o número de feridos leves, aqueles que não necessitam de internamento ou tendo-o, tiveram alta hospitalar até um máximo de trinta dias de internamento.

A cada dia 1 de janeiro anseia-se que seja o primeiro de uma conquista de dias onde a sinistralidade rodoviária, essa atroz e manhosa predadora não apareça. Mas a realidade é outra. Ela aparece sem ser convidada, numa mórbida surpresa, muitas vezes disfarçada de cordeiro. A cada 1 de janeiro vimos que o contador não tem tempo para desfrutar de um zero que tem tanto de raro como de efémero.

Afinal constatamos que 1 de janeiro é tão só o primeiro de uma longa e longínqua dor e sangue. Esse 1 de janeiro é o primeiro de muitos outros tantos dias onde a prevenção e a educação rodoviária não vão estar. 2014, infelizmente, não será diferente e contará, na luta contra o sinistro rodoviário, apenas com os altruístas do costume.

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