O que fazer na estrada se for apanhado por um incêndio florestal?

André Gomes

13 de Agosto de 2018

Quais as atitudes mais indicadas se for surpreendido por um incêndio florestal quando circula no automóvel por uma estrada rodeada de chamas?

É impossível esquecer o que ocorreu no ano passado com os incêndios em Pedrógrão Grande. As dezenas de pessoas que morreram carbonizadas ou por inalação de fumos dentro dos carros em que seguiam, na EN 236, que liga Figueiró a Castanheira de Pera, arrepiaram o país e a nova tragédia ocorrida desta feita na Grécia, mais especificamente em Mati, na zona litoral oriental da região de Atica, na qual as autoridades tiveram de remover mais de três centenas de veículos carbonizados, nas quais perderam a vida inúmeras pessoas voltaram a trazer esta temática para a tona da atualidade.

Considerando que os especialistas têm alertado para o facto das situações climatéricas severas terem tendência para continuar a verificar-se, como é o caso de estações muito quentes e secas que são terreno favorável à propagação de incêndios, há uma relevante questão a que todos deve apoquentar: se estiver na estrada, num automóvel e se vir confrontado com um incêndio o que deverá fazer?

Por estranho que possa parecer, a resposta não só não é fácil, como pressupõe que a melhor atitude a tomar num cenário possa ser desadequada noutro palco. Cada caso é um caso.

Ainda assim, há alguns conselhos que podem ser adotados. Desde logo, ter dois números de telefone à mão para pedir auxílio, o 112 ou o 117, o número de emergência para incêndios florestais.

De seguida, feche janelas para impedir a entrada de fumo e de partículas.

Depois, olhar para a sua volta e tentar perceber se há alguns refúgios ou uma zona a descoberto que lhe garanta, de facto, maior proteção. Se for o caso e as chamas estiverem perigosamente perto do carro, saia do veículo e avance rapidamente para essa área que detetou como mais segura. E afaste-se tanto quanto possível do local onde as chamas lavram, cobrindo o nariz e a boca com pano, para impedir a intoxicação por inalação de fumos.

Se não vislumbrar nenhum local mais seguro em redor, ficar no carro pode ser a melhor tática até o fogo passar. Como se disse mais atrás, esta não é ainda assim, uma opção 100% segura como, infelizmente, a experiência recente de Pedrógrão Grande demonstra.

Mas o entendimento dos especialistas de combate a incêndios é de que sair do carro e correr sem destino não é a solução. Ficar no automóvel a aguardar um resgate dá-lhe, teoricamente, maior probabilidade de êxito num salvamento.

Pior ainda é tentar sair a guiar por entre fumo tão denso que não consegue ver nada. A probabilidade de sofrer um acidente é tremenda. Do mesmo modo, se tiver possibilidade e espaço suficiente, inverta a marcha e saia do local. Mas faça isso apenas e só se garantir que a manobra é feita em segurança, sempre de faróis acesos e os quatro piscas ligados para que detetem tanto quanto possível a sua presença, pois há histórias de pessoas que morrem não no fogo propriamente, mas num acidente a fugir em pânico do fogo.

E numa autoestrada?

No mês passado, o trânsito na A12, perto do Pinhal Novo, no sentido Setúbal-Lisboa, foi interrompido devido a um incêndio na herdade de Rio Frio, Palmela.

A interrupção deveu-se à massa densa de fumo que impedia a visibilidade dos automobilistas e pôs em causa a circulação da via em segurança. Todavia, assustados, alguns automobilistas optaram por fazer inversão de marcha.

A GNR alerta, no entanto, que esta é uma reação que os condutores não devem ter. Ao DN, o capitão Ferreira, do Comando Territorial de Setúbal da GNR, afirma que “numa situação destas, os automobilistas devem encostar-se à berma, ou o mais à direita possível, e deixar a via da esquerda livre para que os meios de socorro possam circular. E esperar que chegue as equipas de socorro. O que não devem fazer é interromper a circulação no sentido inverso”.