O que ter em conta se o seu carro dormir na rua durante uma vaga de frio?

Ines Carmo

3 de Fevereiro de 2021

A tempestade Filomena e a vaga de frio que se seguiu em toda a Península Ibérica deixou imagens que ficarão gravadas nas nossas memórias durante anos. Uma das mais poderosas foi a do nevão em Madrid, que deixou milhares de carros presos na rua onde tinham sido estacionados. O que acontece a um carro durante a um episódio assim de tamanho frio?

Onda de frio histórica

Ficou para a história, tanto a neve acumulada em Espanha, como a descida das temperaturas em toda a Península Ibérica. Nos pontos mais frios, os termómetros chegaram a atingir os -30ºC.

Os nevões dificultaram especialmente a saída dos veículos que ficaram presos, muitos à porta das casas, depois de a neve se transformar em gelo. Uma vez libertado, há que ter em conta que a neve e o gelo continuam e vão afetar a condução. Face a isto, as correntes ou os pneus de inverno são imprescindíveis.

Ainda que sejam as mais estas circunstâncias não são as únicas que podem alterar o comportamento de um veículo, sobretudo se considerarmos um prazo mais alargado. Quer dizer, como é que o carro que dorme na rua é afetado pelo frio?

Conselhos se o seu carro dormir na rua

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Uma grande parte do parque automóvel do país não passa a noite debaixo de um teto ou na garagem. A tecnologia superior dos veículos atuais faz com que a sua mecânica interna sobrevida a essas horas. No entanto, isto não significa que não exista uma série de elementos que sofre as inclemências do tempo e, especialmente, as baixas temperaturas (não é por acaso que algumas companhias de seguros fazem essa questão ao contratar uma apólice).

Se o termómetro desce, os primeiros a nota-lo são os fluidos que circulam no interior do veículo. O líquido dos travões, do limpa parabrisas, lubrificantes e o refrigerante podem causar uma redição de rendimento. Este último tem um papel fundamental porque consegue reduzir o congelamento, permitindo o trabalho a baixas temperaturas.

É aconselhável durante este tipo de geada verificar a cor e o nível do líquido anti-congelamento.

Diante de uma baixa das temperaturas extremas, há outro líquido com o que podemos nos preocupar: o gasóleo. Este tem um ponto de congelamento muito mais quente do que a gasolina. Embora seja difícil para isso acontecer, o que pode acontecer é um espessamento ocasional.

O fenómeno pode levar a obstruções nas tubagens internas que afetarão o comportamento da motorização, especialmente se o veículo passou um longo período de tempo parado e exposto a baixas temperaturas.

A descarga da bateria: o temido clássico «do terror» invernal

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Mucho hemos escrito del frío y las baterías de los vehículos. La química de las mismas se ve influenciada por la temperatura. Por eso, es uno de los puntos que revisar si el vehículo ha estado detenido durante largo tiempo. El fenómeno más común puede ser que se haya descargado o, incluso, deteriorado lo suficiente como para sustituirla.

Si un coche duerme en la calle a bajas temperaturas, la vida útil de su batería puede acortarse. En su longevidad inciden otros factores como el número de arranques, el tipo de conducción y el propio fabricante. Esto provoca que sea más recomendable montar una batería de más calidad con una química que aguante mejor el frío y puede alcanzar una vida útil que se mueve en torno a los 4 o 5 años.

Para otro tipo de baterías, las de iones de litio de los coches eléctricos, se debe prestar especial atención al frío intenso. Como ocurre con las anteriores, su rendimiento desciende de forma proporcional a cómo lo haga el termómetro. De ahí que la autonomía invernal de un coche eléctrico se reduzca y, a largo plazo, también su vida útil.

Los fabricantes de coches eléctricos las protegen con sistemas de refrigeración. Aún así, el frío termina por suponer un impacto para las mismas. De hecho, el cuidado de estas puede llegar a través del uso habitual y la recarga. La carga en frío extremo constituye un tema complicado.

Aunque eleva la temperatura, puede resultar perjudicial debido al «sobresfuerzo energético» exigido a su química, por lo que se aconseja no realizar la carga durante las horas más gélidas de la noche (algo complejo si se tiene contratado una nocturna para coche eléctrico).

Controlar a pressão dos pneus

No inverno e com frio intenso, temos de ter cuidados com os nossos pneus. Não se tratará apenas de ter as melhores prestações que um pneu de inverno nos pode dar. Se o nosso carro dorme na rua e passa noites consecutivas a suportar as baixas temperaturas, a pressão do pneu vai alterar-se. O ideal seria comprovar a pressão em intervalos de tempo mais curtos. Se este valor tende a reduzir de forma geral com a passagem do tempo, as temperaturas baixas aceleram ainda mais a descida. Depois de um mês sob uma intempérie, podemos encontrar uma pressão mais baixa do que oaconselhável.

Arrancar a frio

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Outro ponto importante relacionado com os veículos que estão sob baixas temperaturas tem a ver com o seu arranque em frio. A temperatura influencia a resposta imediata de um motor depois de uma noite gélida. É preciso não exigir do motor mais do que o que ele nos pode dar nestas condições de frio.

Deste modo, iremos manter em forma a saúde do propulsor. É recomendado não abusar na hora de acelerar. Quer dizer, fazê-lo de forma suave e progressiva.

Na arrancada, também é benéfico pisar o pedal de embraiagem, para salvar o motor. Permanecer com o motor ligado e o veículo imobilizado não ajuda em excesso o seu melhor funcionamento. Numa mecânica de gasolina, poderemos iniciar a marcha no instante posterior ao arranque. Num carro a gasóleo, por outro lado, o adequado seria esperar mais alguns segundos (20 segundos são suficientes) para dar tempo a que o sistema lubrifique.

Cuidado com as escovas

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É costume ver muitos condutores levantar as escovas do limpa parabrisas durante o inverno. Isto é para prevenir que a escova cole ao vidro e se parta. Este é o mesmo motivo pelo qual não convém acionar o mecanismo após o arranque para limpar o que está em cima do parabrisas no inverno.

Juntamente com os fatores que já referimos, há outros detalhes relevantes como a limpeza. Se já falámos que a pintura de um carro sofre no verão, no inverno o desgaste pode ser ainda maior. A humidade ou a água aceleram o processo de corrosão da superfície do carro. No entanto, o maior inimigo da chapa e da pintura é, sem dúvida, o sal, que «ataca» a aparência do carro mais do que nenhum outro fator.

Estas recomendações vão ajudar-nos a manter em melhor forma os diferentes elementos que são afetados pelo frio. Perante a sucessão de geadas com temperaturas recordes, é mais do que recomendável partilhá-los, especialmente se o carro dormir na rua.

Fonte: CirculaSeguro.com

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