Estacionamento de trotinetes e bicicletas: uma questão de respeito, uma questão de espaço

Redacción Circula Seguro

10 de Janeiro de 2022

Bicicletas e trotinetes elétricas demonstram ser duas grandes soluções para uma mobilidade sustentável, especialmente nas grandes cidades. Portugal não ficou indiferente ao seu surgimento e teve também que regular a sua utilização. Ambos os tipos de veículos podem ser utilizados em ruas e ciclovias, enquanto a sua utilização é proibida nos passeios. No entanto, como em muitos outros países, há ainda um longo caminho a percorrer em termos de sensibilização, boas práticas e respeito ao estacionar estes veículos. Em muitos casos, os seus condutores estacionam nos passeios, passagens pedonais e outros espaços públicos de tal forma que dificultam e até tornam o trânsito muito mais inseguro para os outros utentes.

A proliferação deste tipo de veículos de empresas de “sharing” levou diferentes cidades, especialmente as mais populosas e as que recebem mais turismo, a regular o seu estacionamento através de disposições municipais.

O caso de Lisboa

A Câmara Municipal de Lisboa é uma das mais ativas neste aspeto e uma das que muitas outras cidades tendem a considerar ao dar esse passo. Poucos meses após estes veículos começarem a circular em Portugal (Setembro de 2018), Lisboa lançou a campanha “Lisboa na Boa”, que visava sensibilizar para o bom uso do espaço e alertar para cinco situações de mau uso do espaço público, como estacionamento em segunda fila, estacionamento abusivo em zonas de carga e descarga ou em locais com mobilidade reduzida, peões a circular nas ciclovias, bicicletas a circular nos passeios, e os novos fenómenos de mobilidade partilhada, como as trotinetes”.

Mais espaços para estacionar

Mas, para além da sensibilização e recomendações, Lisboa foi um passo mais longe. O estacionamento inadequado das trotinetes e bicicletas elétricas nas zonas mais turísticas e centrais da cidade, dificultando a vida aos peões, começou a ser multado a partir de Julho de 2019 com coimas entre 60 e 300 euros. A situação causada pelo aparecimento dos MPV gerou certa controvérsia, pois embora seja verdade que é necessária uma maior responsabilidade por parte dos utentes, é também necessário, como alguns grupos exigem, construir mais infraestruturas e mais espaços para estacionar estes veículos em Portugal.

Este é precisamente um dos postulados da MUBi (Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta), uma organização que lançou um mapa colaborativo para identificar e caracterizar as instalações de estacionamento de bicicletas disponíveis em Portugal. Para além de avaliar as estruturas de estacionamento existentes, este mapa colaborativo pode ser utilizado para identificar locais que os utentes consideram ideais para novas instalações de estacionamento: https://cidadeciclavel.mubi.pt/

O objetivo deste mapa, ao que qualquer pessoa pode aceder para informações e colaboração, é dar visibilidade às instalações de estacionamento existentes e indicar onde é necessário mais estacionamento. Este projeto foi iniciado no Brasil, com um grupo independente de designers, programadores e urbanistas à procura de novas formas de incentivar o uso da bicicleta nas suas cidades. A versão portuguesa é o resultado de uma colaboração entre este grupo e a MUBi, e a sua visão é criar cidades para todos, não apenas para ir e vir, mas para estar e parar.