E eu, por onde passo? Os peões e as barreiras arquitetonicas

Jorge Ortolá

17 de Dezembro de 2013

Quando uma via publica é projetada, entre outras coisas, deve ter-se em atenção qual a intensidade do tráfego e tipologia de peões que a vão utilizar, para que após a construção da mesma não se venha  a verificar que existem lacunas que não permitam uma fácil mobilidade e que tenham custos de readaptação.

Uma das zonas constituintes da via pública é o passeio. Este espaço destina-se, essencialmente, ao trânsito de peões. Deve permitir-lhes um fácil acesso e uma fácil mobilidade. Não deve estar equipado com barreiras arquitetonicas que dificultem ou impossibilitem a sua locomoção.

Tipologia de peões

Por vezes a nossa suposta “normalidade” leva-nos a nos esquecermos ou a sermos tão egoístas que não nos apercebemos das gigantescas dificuldades de que alguns peões estão sujeitos. Como já abordamos no post anterior, “Uma barreira à minha segurança“, os peões invisuais necessitam de informação extra, já desenvolvida, no intuito de os apoiar quanto ao local e posição que ocupam no meio.

No entanto, também os peões com dificuldade de locomoção necessitam de ajuda no acesso a zonas mais elevadas, na conquista de escadas ou simplesmente na fluidez. Inconscientemente, pode ser, somos um povo com uma cultura muito limitada, se pensarmos nas desigualdades que proporcionamos a pessoas diferentes.

Prova disso é o facto de continuarmos a projetar meios de comunicação terrestre sem olharmos com olhos de ver e sem sentirmos com real sensibilidade as dificuldades dos outros que nós não temos. Continuamos a dar mais importância ao acessório do que ao essencial..

Já tendo sido feito aqui e ali, deveria voltar a ser feito, por todas as pessoas que se intitulam como tal, por todos os responsáveis políticos e por todos os arquitetos e engenheiros civis; vendam os olhos, sentem-se em cadeiras de rodas e tentem deslocar-se na vossa zona de residência ou laboral. Sintam a dificuldade de quem não vê, mas sente, de quem para se deslocar não lhe basta o essencial, mas infelizmente necessita do acessório.

Torna-se diferente para ser igual.

Foto¦ Jane Austen´s