Ao longo dos últimos trinta anos, Portugal viu crescer a sua rede rodoviária, nomeadamente a linha de auto-estradas que atravessam o país de lés-a-lés. Houve, sem dúvida, um forte investimento nessa área, independentemente se goste ou concorde.
No entanto, Portugal não deixa de ser um país com áreas rurais, apesar de ter havido um desinvestimento nesse setor. Mas o que realmente interessa nesta rubrica, é o facto de continuarem a existir bastantes zonas rurais e tudo o que isso implica com a circulação rodoviária.
Tratores e as vias de circulação rurais
Associar os tratores agrícolas aos meios rurais não é, de todo, difícil. Afinal é aí que esses veículos são utilizados por quem desenvolve atividade nos campos. E associar os tratores a uma quantidade de possibilidades de ocorrências, também não será estranho de todo, o problema é que, bastantes vezes, mais do que as desejáveis, nos esquecemos dessas possibilidades de ocorrências.
Voltando um pouco atrás no raciocínio, como foi a realidade nos últimos 30 anos? Forte investimento em auto-estradas, locais onde não encontraremos a circular tratores. Mas como se sabe, a circulação nessas vias que aproximam as grandes urbes é cara; cada vez é mais cara, o que leva a que os condutores regressem às vias extra auto-estrada.
Inevitavelmente esse regresso às vias fora da rede das auto-estradas implica a circulação em vias de circuito rural.
E isso implica, necessariamente, o cruzamento com tratores que se vão deslocando entre pontos locais nesses meios.
Que perigos pairam nas vias rurais?
Os meios rurais são constituídos, essencialmente, por vias de traço antigo, não projetado a longo prazo e sem a ideia de um crescimento brutal do parque automóvel português. Isso faz com que a largura da faixa-de-rodagem não seja muito expressiva, a consistência do pavimento inapropriado para a quantidade de fluxo de trânsito e do atual peso dos veículos que a utilizam.
Tais realidades proporcionam que o pavimento rapidamente entre em deformação, quebre e crie instabilidade no equilíbrio das viaturas. Aquelas que têm um centro de gravidade mais elevado, fácilmente podem entrar em colapso de equilíbrio e tombar.
Mas este não é o único problema. Nas vias nos meios rurais existe o problema da circulação dos tratores agrícolas, nomeadamente devido ao facto destes se deslocarem a baixa velocidade, nem sempre bem sinalizados ou posicionados na via, muitas vezes conduzidos por pessoas de idade mais avançada e que não sinalizam adequadamente as manobras que executam.
Se a estes três factores associarmos a realidade das vias serem compostas por bastantes curvas de deficiente visibilidade, mal sinalizadas, com o pavimento sujo das terras que vêm agarradas às rodas dos tratores, quando saem dos terrenos, facilmente verificamos que o atravessamento de meios rurais pelo cada vez mais intenso fluxo rodoviário, apesar de normalmente as velocidades serem mais reduzidas, o perigo de acidente é elevado.
Assim, torna-se imperial que os condutores que tenham ou optem por circular em vias que atravessem estes meios, redobrem a sua atenção para com a possibilidade de se cruzarem com tratores agrícolas, ainda mais que, em bastantes casos, durante a noite, não seja raro encontrar veículos destes sem luzes ou com faróis fundidos.